Após vencer o inédito título da Eurocopa em 2016, a seleção de Portugal já vislumbra a possibilidade de conquistar o bicampeonato europeu em 2020, ou seja, um feito totalmente atingível para este selecionado que há tempos deixou de ser um mero coadjuvante no mundo da bola.
No início desta semana, tivemos a confirmação de que a seleção de Portugal garantiu a sua vaga na edição de 2020 da Eurocopa. Vice-colocada do grupo B das Eliminatórias com 17 pontos, a Seleção das Quinas colecionou o total de 5 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota em oito jogos disputados pela competição, obtendo 70,8% de aproveitamento através desta boa campanha. Assim, mesmo ficando atrás da Ucrânia, líder com 20 pontos, os lusitanos se classificaram ao torneio continental. Todavia, essa notícia acabou não chamando tanto a atenção, sobretudo porque os portugueses carimbaram o seu passaporte para a Euro pela sétima vez consecutiva.
Mas um detalhe que poucas pessoas se recordam, é que os portugueses sofreram durante muitos anos com desclassificações tanto para Copas do Mundo quanto para Eurocopas, até por este motivo o selecionado de Portugal carregava consigo o rótulo de “azarão”, por rotineiramente ficar de fora de competições internacionais em virtude de derrotas em momentos decisivos. Para se ter uma ideia, a seleção portuguesa não participou de oito das quinze edições da Eurocopa realizadas até hoje, ao passo que ela não esteve presente em 14 Copas, lembrando que 21 Mundiais já foram disputados ao longo da trajetória.
No entanto, seria um enorme equívoco achar que os portugueses não tem tradição no futebol, muito pelo contrário, basta citarmos aqui o incrível esquadrão do Benfica do início dos anos 60, na época comandado pela treinadora Béla Guttmann, que conquistou uma série de títulos sendo que dentre os principais estava o bicampeonato europeu em 1961 e 1962. Posteriormente, foi a vez do Sporting encantar o Velho Continente ao vencer a Taça dos Campeões da Europa em 1977.
Não obstante, o Porto, de José Mourinho, foi a última equipe portuguesa a fazer sucesso ao faturar a Champions League em 2004. Além de todos estes grandes feitos, os lusitanos ainda revelaram o craque Eusébio ao mundo do futebol, o famoso Pantera Negra. A propósito, embora Eusébio não tenha vencido nenhum título pela Seleção das Quinas, os mais saudosistas o consideram como o melhor jogador de todos os tempos nascido no país, superando inclusive Cristiano Ronaldo, que em termos de números, recordes e conquistas, é sem sombra de dúvidas o maior atleta português na história.
Até o século passado, as maiores façanhas alcançadas pela seleção de Portugal haviam sido o terceiro lugar conquistado na Copa do Mundo de 1966, além de ter disputado as semifinais da edição de 1984 da Eurocopa. Em contrapartida, as coisas começaram mudar para os lusitanos a partir do início dos anos 90, quando a geração composta por João Pinto, Rui Costa e Luís Figo consagrou-se bicampeã do Mundial sub-20 em 1989 e 1991, respectivamente. Em seguida, foi a vez da geração formada por Maniche, Costinha, Deco, Nuno Gomes, Ricardo Carvalho e o jovem Cristiano Ronaldo, surgir sendo duramente derrotada pela Grécia na final da Euro 2004, com Luiz Felipe Scolari comandando-a no estádio da Luz.
Apesar do revés frente aos gregos ter ficado marcado negativamente na história dos portugueses, ele veio para o bem, afinal, o crescimento de Portugal depois do vice da Euro 2004 foi notório, tanto é, que de lá para cá a seleção lusa esteve presente em todas as Eurocopas e Copas do Mundo, tendo como pior performance, a eliminação na fase de grupos do Mundial de 2014, realizado no Brasil, enquanto a campanha de destaque de Portugal neste período deu-se em 2016, visto que os pupilos de Fernando Santos conquistaram o inédito título europeu após o triunfo sobre a França pelo placar mínimo em pleno Stade de France, graças ao gol do atacante Éder nos minutos finais da segunda etapa da prorrogação.
Por fim, a conquista mais recente dos portugueses foi a Liga das Nações em 2018, competição criada pela UEFA para preencher o calendário europeu nos períodos pós Copas do Mundo. Para erguer mais este caneco, os atuais campeões da Euro venceram a Holanda por 1 a 0 na decisão que teve o estádio do Dragão como palco. Não à toa, fica evidente porque Portugal passou de coadjuvante a protagonista no futebol mundial, ainda mais com essa nova safra de atletas que conta com os talentosíssimos Bernardo Silva, Gonçalo Guedes, Bruno Fernandes, André Gomes, Rúben Neves, Diogo Jota, Bruma e Raphael Guerreiro. Por essas e outras, Cristiano Ronaldo e companhia limitada prometem vir com tudo em busca do bicampeonato da Eurocopa no ano que vem. Aguardemos!
