Considerado o terceiro resultado surpreendente da Copa do Mundo de 2022, o revés da Bélgica diante de Marrocos apenas expôs o melancólico fim do ciclo da geração de ouro do futebol belga.
A estreia da Bélgica no Mundial de 2022 deixou claro que os Diabos Vermelhos não são mais os mesmos de quatro anos atrás, a julgar que a vitória pelo placar mínimo frente o Canadá só foi conquistada devido a penalidade defendida pelo goleiro Thibaut Courtois, lembrando que os canadenses concederam o montante de 22 arremates e tiveram três chances claras de gols ao longo do jogo, mediante nove finalizações e uma grande oportunidade por parte dos belgas.
Por esta razão, o treinador Roberto Martínez decidiu alterar o esquema tático da Bélgica no compromisso seguinte contra Marrocos, abrindo mão do 3-4-2-1 para utilizar o 4-2-3-1, ou seja, armando o time com uma linha de quatro homens na defesa, a fim de fortalecer o setor ofensivo da equipe com uma peça a mais no meio de campo. Todavia, essa mudança não surtiu o efeito esperado, tanto é, que os belgas perderam dos marroquinos por 2 a 0, no Al-Thumama Stadium.
Deste modo, a Bélgica, semifinalista do Mundial de 2018, corre um seríssimo risco de cair na fase de grupos da Copa do Catar. A propósito, de acordo com o site de estatísticas e probabilidades Five Thirty Eight, os Diabos Vermelhos apresentam 33% de chances de avançar às oitavas-de-final da competição, contra 91% de Marrocos, e 76% da Croácia.
No entanto, a campanha abaixo das expectativas da Bélgica nos gramados cataris já era realmente esperada em virtude do envelhecimento da geração de ouro do futebol belga. Para se ter uma ideia, onze dos 26 jogadores convocados por Roberto Martínez para disputar a Copa do Mundo tem 30 ou mais anos de idade, sendo que sete deles são titulares da seleção.
A ausência de Romelu Lukaku não justifica a queda de rendimento da Bélgica, embora o atacante da Inter de Milão esteja alguns passos à frente do substituto Michy Batshuayi.
Contudo, dentre os veteranos da seleção belga, somente Thibaut Courtois e Kevin De Bruyne estão jogando no mesmo nível em comparação ao último Mundial, apesar de que eles deixaram bastante à desejar na partida contra Marrocos. Ao mesmo tempo, Timothy Castagne, Amadou Onana, Youri Tielemans e Leandro Trossard, todos jogadores que atuam em clubes da Premier League, já provaram não estar à altura da geração de ouro da Bélgica.
Normalmente jogamos com grande animação ofensiva, mas talvez tenhamos perdido essa alegria de jogar pela pressão que carregamos. É mais uma questão de estado de espírito. Jogamos com medo de perder, precisamos resgatar nossa identidade”, disse Roberto Martínez.
De qualquer maneira, a realidade é que o ciclo da melhor Bélgica de todos os tempos termina de forma melancólica, não tendo alcançado o seu potencial nem ao menos no seu auge, quando os belgas caíram diante de País de Gales nas quartas-de-final da Euro2016, o que significa que a terceira colocação na Copa do Mundo de 2018 foi o máximo que Courtois, De Bruyne, Hazard e Lukaku conseguiram na seleção, a não ser que uma grande reviravolta aconteça no Catar.