A duríssima queda de Portugal diante de Marrocos nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 2022, ao menos proporcionou uma coisa boa aos portugueses: Fernando Santos foi demitido da seleção.
Apesar de ter erguido os canecos da Eurocopa de 2016 e da primeira edição da Liga das Nações da UEFA, em 2019, ao longo dos seis anos em que esteve à frente de Portugal, Fernando Santos sempre foi bastante questionado devido ao futebol praticado pela seleção que insistia em jogar de modo pragmático, embora tivesse jogadores tecnicamente acima da média no plantel.
Pois é, e depois de diversos rumores envolvendo alguns nomes como os de José Mourinho, Luis Enrique e Bruno Lage, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou oficialmente que Roberto Martínez será o sucessor de Fernando Santos na seleção, o que significa que Portugal será comandado por um estrangeiro pela terceira vez na história, após os brasileiros Otto Glória e Luiz Felipe Scolari.
Um novo ??́??? ao serviço de Portugal ??: bem-vindo, Mister Roberto Martínez! ? #VesteABandeira
— Portugal (@selecaoportugal) January 9, 2023
A new ?????? at ?? service: welcome, Coach Roberto Martínez! ? #WearTheFlag pic.twitter.com/TCDe3yzJr9
Vale ressaltar, que a Bélgica liderou o ranking da Fifa durante três anos sob a batuta de Roberto Martínez. Além disso, o treinador espanhol obteve uma porcentagem de vitória de 70%, ao vencer 56 das 80 partidas à frente dos Diabos Vermelhos, ou seja, um índice jamais alcançado por qualquer outro técnico na seleção belga.
No entanto, a pífia campanha dos Diabos Vermelhos na Copa de 2022 – caiu na fase de grupos -, aliada tanto ao desgaste da relação entre treinador e jogadores, quanto à escassez de títulos da seleção neste período, culminaram com a demissão de Roberto Martínez após seis anos e meio no cargo.
Contudo, a realidade é que Roberto Martínez desembarca pressionado em solo português, e não somente porque os torcedores lusitanos aguardavam a chegada de um nome impactante como Thomas Tuchel, Zinedine Zidane ou Mauricio Pochettino para comandar a seleção, mas também por ter uma série de contratempos para resolver, dentre os principais, Cristiano Ronaldo.
Como Cristiano Ronaldo não anunciou a aposentadoria internacional, fica evidente que o camisa 7 espera ser convocado futuramente, ainda que o futebol apresentado por ele não justifique a sua presença na seleção. Logo, Roberto Martínez precisará lidar com essa complicada situação que envolve até mesmo o restante do vestiário português. Em um cenário similar na Bélgica, o técnico de 49 anos de idade teimou em escalar Eden Hazard nas duas primeiras partidas dos Diabos Vermelhos da Copa do Mundo de 2022, o que provou ser um grande erro.
Ademais, Roberto Martínez não se mostrou um especialista em transição de equipes nesta sua passagem pela Bélgica, tanto é, que ele convocou diversos veteranos para disputar o Mundial do ano passado exatamente por não ter iniciado um processo de renovação na seleção. Não à toa, os Diabos Vermelhos eram donos do sexto elenco com maior média de idade no Catar.
Já no que diz respeito ao estilo de jogo, Portugal certamente terá uma evolução, em especial porque Roberto Martínez é adepto de um sistema ofensivo, cujo as principais características são a intensidade e a marcação em linhas altas, quer dizer, uma filosofia contrária a de Fernando Santos, e que se encaixa com o perfil dos jogadores portugueses na atualidade.
Em última análise, o sucesso de Roberto Martínez na seleção de Portugal dependerá, dentre outras coisas, de sua capacidade em extrair o máximo possível individualmente de cada jogador, de sua habilidade em encontrar alternativas táticas em momentos decisivos, além de, é claro, conquistar resultados positivos, já que o alto nível técnico dos atletas portugueses é capaz de fazê-los vencer pelo menos 90% dos jogos.