Um barco à deriva. Assim podemos definir a Seleção Brasileira após o revés frente o Marrocos, na primeira aparição dos pentacampeões mundiais no período pós-Copa de 2022.
Aliás, vale destacar a total falta de sensibilidade da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ao agendar um amistoso contra os semifinalistas do Mundial do Catar, exatamente no momento em que o Brasil vive um processo de reconstrução e, o pior, ainda sem um treinador no cargo. Logo, o mais prudente seria a Seleção Brasileira enfrentar um adversário de nível técnico inferior como fez a Argentina, por exemplo, que encarou o modesto Panamá no Monumental de Núñez.
No entanto, como já era esperado por todos com excessão a CBF, a desfigurada Seleção Brasileira caiu diante dos eufóricos marroquinos por 2 a 1. A propósito, o que vimos em Tânger foi um jogo pra lá de pegado para um simples amistoso, haja vista as 43 faltas cometidas ao longo da partida, sendo 22 por parte dos africanos, e outras 21 dos sul-americanos.
Seja como for, o único saldo positivo deste amistoso foram as estreias de algumas caras novas no Brasil, como são os casos de Andrey Santos, Roni, Raphael Veiga e Vítor Roque, embora o futuro de todos permaneça incerto na seleção em função da inexistência de um projeto esportivo, o que só se tornará real a partir do instante em que a CBF escolher um treinador para ocupar a vaga do interino Ramon Menezes.
Não é surpresa pra ninguém que Carlo Ancelotti é o nome predileto da CBF, mas como o contrato do treinador italiano é válido até junho de 2024 junto ao Real Madrid, o negócio continua em aberto.
Nos bastidores, comenta-se que a única possibilidade de Carlo Ancelotti seguir à frente do Real Madrid na próxima temporada, é se os merengues vencerem a Champions League, a julgar que eles já perderam a LaLiga para o Barcelona, e foram derrotados pelos catalães por 1 a 0 no jogo de ida das semifinais da Copa do Rei, em pleno Santiago Bernabéu.
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— LaLiga (@LaLiga) March 19, 2023
Deste modo, a realidade é que a Seleção Brasileira depende do insucesso madridista na Champions League para contratar o treinador que deseja. Portanto, este processo pode ser mais rápido caso os atuais campeões europeus sejam eliminados no duelo da próxima fase contra o Chelsea, ou mais demorado se eles forem finalistas da competição no dia 10 de junho e, detalhe, ainda tendo a possibilidade do desfecho ser negativo com a conquista da 15ª orelhuda do Real Madrid, lembrando que o Brasil voltará à campo entre 12 e 20 de junho, quer dizer, na semana seguinte da decisão do torneio continental.
Não à toa, a CBF já tem Jorge Jesus como a segunda opção para assumir o comando do escrete canarinho, enquanto Fernando Diniz aparece como a terceira alternativa, algo que o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, deve realmente considerar, em especial devido a recente declaração de Carlo Ancelotti: “Quero ficar no Real Madrid. Estou feliz. Já disse várias vezes que ficaria no clube pelo resto da vida”, afirmou o técnico de 63 anos de idade.
De qualquer maneira, é importante salientar que o Brasil já viveu situações semelhantes a essa quando Falcão deixou a seleção para a chegada de Carlos Alberto Parreira em 1991, e quase dez anos depois, em 2000, aonde o auxiliar-técnico Candinho assumiu o cargo do demitido Vanderlei Luxemburgo.
Contudo, o processo de reformulação da Seleção Brasileira acontece de forma mais complexa neste momento, tendo em vista que além de Tite, todo o departamento de futebol saiu de cena, incluindo a equipe de audiovisual, assessoria de imprensa, logística, e comissão técnica.
À vista disso, o Brasil segue como um barco à deriva, já que tanto o projeto esportivo da seleção, quanto a reestruturação do departamento de futebol, dependem exclusivamente da nomeação do sucessor de Tite.