A frustrante queda dos Diabos Vermelhos na fase de grupos da Copa do Mundo de 2022, persistia na memória dos torcedores belgas, sobretudo porque ela ocorreu após um miser´´avel empate sem gols diante da Croácia.
Além disso, a curta e infeliz trajetória da Bélgica no Catar, representava o melancólico fim da geração de ouro do país, a julgar que importantes nomes como Toby Alderweireld e Eden Hazard, seguiram o mesmo caminho de Vincent Kompany há quase quatro anos, ao anunciarem suas respectivas aposentadorias internacionais.
Ademais, a precoce despedida belga no Mundial do ano passado também determinou a saída do ex-treinador Roberto Martínez, que comandava os Diabos Vermelhos desde 2016. Por sinal, na última terça-feira (28) escrevi um artigo sobre o início de Martínez à frente da seleção portuguesa, caso tenha interesse no tema, segue o link: https://www.soccerblog.com.br/2023/03/28/as-primeiras-cartadas-de-roberto-martinez-a-frente-da-selecao-portuguesa/
Em contrapartida, esta série de acontecimentos negativos abriram a possibilidade para a Federação Belga de Futebol (KBVB) reestruturar a seleção através de um novo projeto esportivo liderado pelo técnico Domenico Tedesco, ex-RB Leipzig.
Contudo, os recentes insucessos dos treinadores que saíram do RB Leipzig, como são os casos de Ralf Rangnick (Manchester United), Julian Nagelsmann (Bayern de Munique) e Jesse March (Leeds United), deixaram a torcida belga desconfiada, embora Domenico Tedesco tenha realizado um trabalho relativamente promissor nos dez meses em que passou pelo clube do leste da Alemanha.
Entretanto, a pressão sobre o jovem técnico de 37 anos de idade aumentou pra valer depois que ele não incluiu Axel Witsel e Dries Mertens na lista de convocados para as partidas contra Suécia e Alemanha, afinal, tratam-se de dois dos cinco jogadores com mais jogos pela seleção belga ao longo da história – lembrando que Thorgan Hazard e o lesionado Youri Tielemans, também ficaram de fora.
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— Belgian Red Devils (@BelRedDevils) March 17, 2023
No entanto, todo este cenário de tensão em torno da estreia de Domenico Tedesco, foi dando lugar a outro de total satisfação a medida que a bola rolava na Friends Arena, haja vista a excelente partida realizada pelos Diabos Vermelhos que, não à toa, venceram os escandinavos por 3 a 0, com direito a um hat-trick de Romelu Lukaku.
Mas além do placar elástico, outro detalhe que chamou a atenção no jogo válido pela rodada inicial das Eliminatórias da Euro2024, diz respeito a parte tática, já que Domenico Tedesco espelhou a formação adversária ao escalar a Bélgica no 4-4-2, sem a bola e, ofensivamente, no 4-1-4-1.
Deste modo, Leandro Trossard – o camisa 9 – exerceu um papel fundamental ao iniciar a marcação na saída de bola dos oponentes ao lado de Romelu Lukaku – o camisa 10 -, e ao auxiliar Kevin De Bruyne na armação de jogadas pelo meio, enquanto Dodi Lukebakio e Yannick Carrasco exploravam os lados do campo.
Aliás, seria uma tremenda injustiça não destacar a ótima atuação de Dodi Lukebakio, o ponta-direita canhoto do Hertha Berlin que só não fez chover em Estocolmo. Inclusive, é comum todo jogador que joga pelo lado oposto do campo, cortar para o meio afim de levar a bola para o pé predileto, o que fez com eficácia o imprevisível Lukebakio, dono de um extenso repertório de jogadas.
Todavia, após o suntuoso 3 a 0 sobre a Suécia, a Bélgica, do italiano Domenico Tedesco, viajou rumo à Alemanha, país no qual o treinador viveu desde os dois anos de idade, para encarar os tetracampeões mundiais, em Colônia.
E desta vez armada no 4-2-3-1, sem Leandro Trossard entre os titulares, a seleção belga novamente surpreendeu, tanto é, que os Diabos Vermelhos já venciam o amistoso por 2 a 0 nos primeiros nove minutos de jogo, e só não balançaram as redes três vezes na etapa inicial porque Romelu Lukaku acertou uma cabeçada na trave.
No segundo tempo, os alemães até equilibraram as ações do jogo, o que acabou não sendo suficiente para impedir com que o meia do Manchester City, Kevin De Bruyne, também deixasse a sua marca, comprovando que pode desempenhar um papel ainda mais proeminente na seleção juntamente com Romelu Lukaku, autor de quatro gols nestas duas partidas sob a batuta de Domenico Tedesco.
À vista disso, a realidade é que os Diabos Vermelhos retornaram à Bélgica trazendo na bagagem não apenas os triunfos sobre suecos e alemães, como também a nítida impressão de seu progresso que, certamente, estará ainda mais evidente na próxima viagem dos belgas à Alemanha daqui a um ano, para a disputa da Eurocopa 2024.