Em 2017, Neymar trocava o Barcelona pelo PSG por 222 milhões de euros, tornando-se o jogador mais caro de todos os tempos, o que acabou sendo um verdadeiro divisor de águas no mundo da bola em virtude do exorbitante valor da tranferência que até hoje não foi superada por nenhuma outra.
Obviamente, questões de ordens financeiras contribuíram para a ida de Neymar ao Paris Saint-Germain, mas é necessário recordar o interesse do craque brasileiro em se desvencilhar da sombra de Lionel Messi a fim de se estabelecer como o melhor jogador do mundo, bem como a intenção do clube francês em consolidar-se entre as grandes potências da Europa.
Ademais, a chegada de Neymar ao Parque dos Príncipes trazia aos torcedores parisienses a ilusão de que o show, o espetáculo e as “mágicas” exibições dos tempos de Ronaldinho Gaúcho, seriam vistas novamente dentro de campo, dado o inquestionável talento do camisa 10.
Aliás, o início de Neymar no PSG deixou a nítida impressão de que o novo projeto esportivo do Catar seria um sucesso, a julgar pela estreia do ex-jogador de Santos e Barcelona no Parque dos Prínicpes contra o Toulouse, onde ele abriu o placar, deu a assistência para o segundo tento, e voltou a balançar as redes após driblar três zagueiros adversários.
Pois é, mas passados seis anos, a realidade é que foram poucos os momentos de encanto vividos por Neymar em Paris, muito pelo contrário, o astro brasileiro destacou-se mais por promover luxuosas festas, disputar campeonatos de pôquer, realizar viagens para curtir o carnaval e, é claro, por sofrer constantes lesões no metatarso e no tornozelo, do que estampar manchetes em função de lances, gols decisivos e boas atuações.
Não à toa, Neymar registrou uma taxa de 55% de participação em jogos do Paris Saint-Germain desde a sua chegada ao clube e, o pior, marcou míseros dois gols em partidas eliminatórias da Champions League neste período, inclusive, ambos pelas oitavas-de-final da pandêmica edição 2019-20 do torneio, quando os parisienses foram vice-campeões ao perderem do Bayern de Munique por 1 a 0 na decisão.
Embora Neymar tenha jogado duas temporadas a mais no PSG em comparação aos quatro anos atuando por Santos (225) e Barcelona (186), ele disputou menos jogos pelo time francês (173).
Deste modo, apesar do alto índice de participação em gols (195, decorrente dos 118 gols e 77 assistências, em 173 jogos), o showman, a estrela, o epítome do individualismo, assinalou uma média inferior a 30 jogos por temporada vestindo a camisa do PSG. Ainda assim, Neymar despediu-se do clube em que foi comandado por cinco treinadores diferentes com 13 títulos conquistados, sendo todos de âmbito nacional (5x Ligue 1; 3x Copa da França; 3x Supercopa da França; e 2x Copa da Liga Francesa).
Seja como for, ao menos globalmente Neymar trouxe o retorno esperado ao Paris Saint-Germain, tendo em vista que no instante de sua contratação o clube era avaliado em 1 bilhão de euros, quer dizer, um valor quatro vezes inferior aos 4,25 bilhões de euros regulados na atualidade. Portanto, o novo reforço do Al-Hilal foi fundamental para acelerar o crescimento da marca PSG a nível mundial.
Contudo, é inegável que Neymar não atingiu seus objetivos pessoais no Parque dos Príncipes, especialmente por ter sido ofuscado pelo brilho do desafeto Kylian Mbappé e, posteriormente, pelo do amigo Lionel Messi. À vista disso, o tão sonhado prêmio de melhor jogador do mundo jamais esteve próximo do capitão da Seleção Brasileira, embora capacidade para vencê-lo ele sempre teve.
“I am here in Saudi Arabia, i am HILALI 💙”@neymarjr #AlHilal
— AlHilal Saudi Club (@Alhilal_EN) August 15, 2023
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De qualquer maneira, a escolha de Neymar em trocar um fundo de riqueza por outro, sinaliza o fim da “era dos galáticos” no Paris-Saint Germain e, ao mesmo tempo, mais uma vez o coloca como o principal símbolo da nova grande mudança de poder do futebol, em razão dos 90 milhões de euros gastos pelo governo saudita para contratá-lo, sendo esta, a maior transação envolvendo um atleta na Saudi Pro League.
No auge dos 31 anos de idade, Neymar teria plenas condições físicas de disputar mais uma ou duas temporadas em alto nível na Europa, diferentemente de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, porém o futebol saudita lhe apareceu como a única opção viável para seguir a carreira devido a sua frustrante trajetória em Paris, o que o fará disfrutar de uma precoce aposentadoria dourada em Riade.
Sim, este foi o caminho escolhido e trilhado por um dos talentos mais desperdiçados da história do futebol!