A conversão de Allegri pode fazer o filme de 2011 se repetir na Juventus

Em junho de 2021, Massimiliano Allegri desembarcou em Turim para iniciar a sua segunda passagem pela Juventus que, por sua vez, vivia uma péssima fase depois dos pífios trabalhos de Maurizio Sarri e Andrea Pirlo.

Obviamente, os cinco scudettos e as duas finais de Champions League disputadas sob o comando de Massimiliano Allegri, não apenas permaneciam vivos na memória dos bianconeros, como também serviram como uma espécie de comprovação de um grande erro cometido por parte do clube do Piemonte em demití-lo há dois anos, o que acabou se mostrando outro equívoco a partir da reestreia de Allegri, quando a Juve empatou em 2 a 2 com a Udinese.

E com a gradual queda de rendimento da Juventus, em especial na última temporada, a continuidade de Massimiliano Allegri tornou-se pra lá de incerta em meio ao afastamento de 16 meses do ex-presidente Andrea Agnelli, imposto pela FIGC (Federação Italiana de Futebol) em virtude de irregularidades econômicas. Por sinal, caso o valor da multa rescisória prevista no contrato do treinador de 56 anos de idade não fosse tão alto, certamente ele não estaria mais no cargo.

Assim, sem competições europeias para disputar em função da punição sofrida devido a manipulação em balanços financeiros, sem dinheiro no caixa para contratar reforços, e sem a possibilidade de trocar de treinador, restou a Juventus começar um modesto processo de reconstrução nesta temporada, novamente com Massimiliano Allegri à frente da equipe.

No entanto, os primeiros noventa minutos da Juventus na temporada 2023-24 deixaram uma impressão bastante animadora, vide o bom futebol praticado pelo time que dominou a Udinese de forma contundente do início ao fim da partida através da pressão alta constante, da rápida retomada de bola, além da acelerada troca de passes. Ou seja, um jogo ofensivo e construtivo, contrário ao pragmatismo convencional. Logo, o 3 a 0 no placar do estádio Friuli resumiu bem o que aconteceu em campo.

Mas o que teria levado o conservador Massimiliano Allegri a optar por um sistema de jogo ofensivo? Embora a resposta para essa questão não seja cem por cento exata, a realidade é que a chegada de Francesco Magnanelli pode ter colaborado para a mudança no estilo da Juventus, afinal, o novo integrante da comissão técnica do clube de Turim foi treinado por Roberto De Zerbi nos tempos em que ainda era meio-campista do Sassuolo, portanto, ele bebeu ao menos um pouco da água dessa “valiosa fonte”.

Além disso, o próprio Massimiliano Allegri deve ter percebido que aquele modelo de jogo reativo, porém funcional, utilizado em sua primeira passagem pela Juventus já não é mais útil, talvez porque nos dias atuais o trio de zaga da equipe seja composto por Danilo, Bremer e Alex Sandro, e não mais pelos magistrais Andrea Barzagli, Giorgio Chiellini e Leonardo Bonucci, que ainda tinham o paredão Gianluigi Buffon na retaguarda.

Vale ressaltar, que a formação de Massimiliano Allegri é proveniente de uma escola ofensiva, já que ele “nasceu” como treinador sob a liderança de Giovanni Galeone, obcecado pelo processo de atacar e completamente desinteressado pela fase defensiva. Todavia, os times dirigidos por Allegri foram recuando cada vez mais com o passar dos anos. Organizados, é bem verdade, porém sempre ganhando por placares curtos e jogando por uma bola, algo que transpareceu no Milan, entre 2010 e 2014.

À vista disso, essa conversão de Massimiliano Allegri tem tudo para trazer benefícios tanto ao treinador quanto ao clube que busca se consolidar uma vez mais como uma grande força do futebol italiano, assim como ocorreu há doze anos com Antonio Conte. Por isso, será de suma importância os bianconeros assumirem uma nova identidade para que outro ciclo vitorioso se estabeleça.

A propósito, são várias as coincidências entre essa Juventus e a do início da série de nove scudettos consecutivos, a começar que ambas estão sedentas para retomar o caminho dos títulos após temporadas em branco e vivendo momentos turbulentos fora de campo. Ademais, existe a ausência de torneios continentais no calendário dessa e daquela equipe, ao passo que o 3-5-2 foi a formação utilizada na estreia dos dois times pela Serie A.

Em contrapartida, na década passada Antonio Conte assumia a Juventus com a responsabilidade de implementar uma mentalidade vencedora ao clube que não erguia um caneco há cinco anos, e carregava as sequelas do Calciopoli. Por este motivo, o ex-treinador do Tottenham recebeu diversos reforços, diferentemente de Massimiliano Allegri, que conta somente com a contratação de Timothy Weah.

Ainda assim, o cenário encontrado por Antonio Conte era pior na época, tendo em vista que a Juventus acabara de encerrar a temporada anterior na 7ª posição sob a batuta de Luigi Delneri, à medida que Massimiliano Allegri segue à frente dos atuais terceiros colocados da Serie A, estando bem servido com nomes como Adrien Rabiot, Paul Pogba, Dusan Vlahovic e Federico Chiesa, lembrando que eles caíram para a sétima posição em decorrência da perda de dez pontos na justiça.

Seja como for, ainda que seja muito cedo para tirar qualquer tipo de conclusão, a Juventus demonstrou em Udine que o sistema de jogo ofensivo e a fome de bola apresentada em campo, são componentes que a colocam na briga direta pelo scudetto na temporada em que os comandados de Massimiliano Allegri não terão viagens internacionais e estarão focados exclusivamente na Serie A, da mesma maneira que os de Antonio Conte em 2011.

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