Em queda livre, Hertha Berlin já flerta com o rebaixamento na segunda divisão

Depois de perder a batalha contra o rebaixamento na temporada anterior, o Hertha Berlin vê o mesmo filme se repetir na 2. Bundesliga, onde já ocupa a lanterna da competição sem nenhum ponto marcado em três jogos.

Pois é, embora estejamos no início da temporada, já é possível afirmar que a briga do Hertha Berlin será pela permanência na 2. Bundesliga, a julgar pelas três derrotas sofridas nas três primeiras rodadas do campeonato, nas quais os comandados de Pál Dárdai foram vazados cinco vezes e não balançaram as redes nenhuma única vez, o que demonstra a vulnerabilidade defensiva e a inofensividade ofensiva da Velha Senhora.

RodadaPartidaLocal
Fortuna Dusseldorf 1 x 0 Hertha BerlinMerkur Spiel-Arena
Hertha Berlin 0 x 1 Wehen WiesbadenOlímpico de Berlim
Hamburgo 3 x 0 Hertha BerlinVolksparkstadion

Após uma estreia sofrível contra o Fortuna Dusseldorf, a expectativa era que o Hertha Berlin conquistasse os primeiros pontos na 2. Bundesliga atuando em seus domínios diante do recém-promovido Wehen Wiesbaden, porém o tento de Lasse Gunther nos acréscimos da partida, resultaram na segunda derrota seguida do time da capital pelo placar mínimo no torneio.

No entanto, a confiança dos berlinenses aumentou em função da goleada por 5 a 0 sobre o modesto Carl Zeiss Jena, pela 1ª Fase da DFB-Pokal (Copa da Alemanha), porém voltou a ficar abalada depois da dura derrota por 3 a 0 no jogo seguinte frente o Hamburgo, válido pela 2. Bundesliga. Ou seja, um tenebroso começo do Hertha Berlin, sobretudo considerando o fato de que o Arminia Bielefeld foi rebaixado na temporada anterior depois de somar 34 pontos em 34 rodadas.

O ambiente no vestiário, os treinamentos, se olharmos para estes aspectos, as coisas estão simplesmente boas. Então, talvez o que esteja pesando é a falta de qualidade, talvez não somos fortes o suficiente para esta liga.

Pál Dárdai, treinador do Hertha Berlin

Embora polêmica, a declaração do técnico Pál Dárdai expõe a realidade vivida pelo clube que passou por uma gigantesca reformulação que incluiu a saída de mais de duas dezenas de jogadores neste meio de ano, em decorrência da gravíssima crise financeira que o assola. Não à toa, uma das alternativas encontradas pelo treinador húngaro foi compor o elenco com os três filhos: Palkó, Márton e Bence Dárdai.

Contudo, é importante destacar que os problemas financeiros do Hertha Berlin surgiram anos antes, mais especificamente em 2019, quando o empresário alemão e cofundador do Grupo Sapinda, Lars Windhorst, comprou 64,7% ações do clube e passou a gerí-lo, não maioritariamente, devido a estrita regra dos 50+1 da Bundesliga, que limita a influência de investidores externos.   

Ao todo, o bilionário injetou 374 milhões de euros nos cofres do Hertha Berlin, investimento este, que foi diluído – sabe-se lá como – com os berlinenses brigando na parte de baixo da tabela da Bundesliga nos últimos anos, especialmente por conta da falta de um projeto esportivo sólido elaborado neste entremeio, ao contrário do que ocorreu com o vizinho Union que, mesmo sem tantos recursos, evoluiu a ponto de tornar-se o representante da capital na Champions League.

Mas apesar do gigantesco prejuízo do Hertha Berlin, que se agravou ainda mais na época da pandemia, Lars Windhorst ainda teve a sorte de negociar as suas participações junto ao grupo norte-americano 777 Partners que, desde que assumiu a gestão do clube, gastou somente 3,6 milhões de euros em contratações, e viu o time lanterna da Zweite Liga conquistar míseras três vitórias em 15 jogos disputados, registrando nove derrotas e três empates nos demais compromissos.

De acordo com o que apuramos, a 777 Partners fez todos os aportes financeiros previstos no contrato, o que foi fundamental para que o Hertha Berlin tivesse condições de obter a licença aprovada pela DFL (Federação Alemã de Futebol) para disputar a 2. Bundesliga. Além disso, por mais que o grupo que também administra o Genoa e o Vasco da Gama tenha adquirido o clube alemão em março deste ano, ele não teve interferência alguma no rebaixamento da Velha Senhora após dez anos na Bundesliga.

E com a lei dos 50+1 da Bundesliga, o Hertha Berlin precisará andar com as próprias pernas para reforçar o plantel composto por apenas três meio-campistas de ofício, como são os casos de Márton Dárdai, Mesut Kesik e Veit Stange, de somente 21, 20 e 19 anos de idade, respectivamente. Por outro lado, o desmanche continua já que nos últimos três dias Marco Richter foi vendido ao Mainz 05, Suat Serdar, emprestado ao Hellas Verona, e o principal nome do time, Dodi Lukebakio, desembarcou na Andaluzia para defender as cores do Sevilla.

Ainda assim, essas três recentes saídas não foram capazes de aliviar a tensa situação financeira do Hertha Berlin que, por sua vez, segue negociando a vinda do volante Diego Demme, do Napoli, na semana final do fechamento da janela de transferências a fim de fortalecer o inexistente setor de meio-campo, enquanto o experiente zagueiro Toni Leistner herderá a braçadeira de capitão do antecessor Marco Richter.

Deste modo, fica claro e evidente que a temporada do Hertha Berlin terminará com um balanço pra lá de positivo caso um segundo rebaixamento consecutivo seja evitado, algo que recentemente o Arminia Bielefeld não foi capaz de impedir. Ao mesmo tempo, o acesso deverá ser planejado para daqui três ou quatro anos, isto é, período mínimo que o clube duas vezes campeão alemão terá para se reestruturar e voltar a ter condições de competir na Bundesliga.

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