A solidez defensiva do Barcelona já faz parte do passado

O gol de Fermín López sobre o Mallorca aos 30 minutos da etapa final, livrou o Barcelona de sua primeira derrota na nova temporada da LaLiga, já que ele garantiu o empate em 2 a 2 dos blaugranas no estádio Son Moix.

Desta maneira, o Barça encerrou a 7ª rodada da LaLiga colecionando o montante de 8 gols sofridos, sendo vazado em quatro compromissos até o momento. Ou seja, um altíssimo número se compararmos ao próprio clube que teve as redes balançadas apenas 20 vezes em toda a edição passada do campeonato, e recebeu oito tentos somente após 23 partidas naquela oportunidade.

Não à toa, Marc Ter Stegen, que não sofreu gols em 26 dos 37 jogos em que esteve em campo na temporada anterior da LaLiga, foi eleito o melhor goleiro da competição, ao passo que a solidez defensiva do Barcelona foi preponderante para a conquista do título espanhol depois de longos quatro anos na fila.

Contudo, a acentuada queda defensiva do Barça é decorrente da nova composição da equipe que se remodelou nesta temporada com as chegadas de jogadores com perfis mais ofensivos, como são os casos de Ilkay Gundogan, além dos portugueses João Cancelo e João Félix. Por sinal, o trio já acumula o total de ONZE participações em gols defendendo as cores do clube catalão.

JogadorJogosGolsAssist.Part./GolsMin. jogados
Ilkay Gundogan833641′
João Cancelo5213377′
João Félix5325296′

Apesar de seguir atuando no 4-3-3, o Barça aumentou o poderio ofensivo por estar repleto de jogadores que atacam. A começar pelos laterais João Cancelo e Alejandro Balde, que estão quase sempre na linha de fundo, um cenário que só muda quando Sergi Roberto e Marcos Alonso os substituem. Na última temporada, por vezes o zagueiro Ronald Araújo jogou improvisado no flanco direito, ou Jules Koundé no esquerdo, o que fortalecia a defesa blaugrana.

Além disso, a entrada de Frenkie de Jong no antigo posto de Sergio Busquets foi outra relevante mudança que aumentou a ofensividade do Barcelona nesta temporada, sobretudo porque Gavi e Ilkay Gundogan não tem características defensivas, ainda que o time campeão espanhol tivesse somente Busquets como exímio marcador.

Por fim, o ataque prossegue com Rafinha – ou Ferran Torres – pela direita, Robert Lewandowski atuando centralizado, e agora com João Félix pela esquerda, isto é, três jogadores que não marcam. Inclusive, um dos motivos do insucesso do atacante português no Atlético de Madrid foi exatamente a sua deficiência na recomposição, algo inadmissível em uma equipe dirigida por Diego Simeone.

Assim, os adversários do Barça não tiveram dificuldades para atacá-lo, em especial pelos lados do campo. Consequentemente, os comandados de Xavi Hernández passaram a levar um maior número gols, vide a média superior a um por partida na LaLiga (1,1). Aliás, os dois ou mais tentos sofridos nos jogos ante Villarreal (4 a 3), Celta (3 a 2) e Mallorca (2 a 2), por pouco não comprometeram a caminhada dos catalães neste início de temporada.

Cometemos erros ocasionais e temos que nos concentrar mais. Temos que melhorar isso. Acredito que este seja o nosso ponto fraco. Acho que criamos chances para vencer, mas sofremos demais. Contra o Mallorca foram erros flagrantes.

Xavi Hernández, técnico do Barcelona

Por outro lado, o desempenho do setor ofensivo segue eficiente, tanto é, que o Barcelona é dono do melhor ataque da LaLiga com 18 gols – um a menos em relação há um ano -, e lídera os índices de chances criadas e perdidas na competição, lembrando que os atuais campeões espanhóis só passaram em branco no empate sem gols frente o Getafe.

Seja como for, a realidade é que o primoroso rendimento defensivo do Barcelona na temporada 2022-23 foi estruturado através de três importantes pilares: o empenho de todos os jogadores na marcação; a constante pressão para recuperar a bola junto ao oponente; e com três zagueiros de origem formando uma linha de quatro na defesa.

Logo, por mais que Xavi Hernández afirme que a falta de concentração dos jogadores está comprometendo a defesa, é inegável que essa situação só mudará a partir do momento em que aquela sólida estrutura for novamente estabelecida, o que seria póssível por intermédio do deslocamento de Jules Koundé para a lateral-esquerda, e a manutenção de Ronald Araújo e Iñigo Martínez como zagueiros centrais.

Na prática, ao menos essa alteração deixaria a defesa menos exposta pois, diferentemente de Alejandro Balde, Jules Koundé guardaria a posição mantendo a sustentação de três homens na zaga nos instantes em que o Barça está com a bola e pode sofrer contra-ataques.

Todavia, caso Xavi Hernández insista na ideia da atual composição em prol do talento e da criativade do Barcelona em campo, ele precisará encontrar soluções capazes de equilibrar a estrutura defensiva da equipe, ou então, será comum vermos as redes catalãs sendo estufadas inúmeras vezes no decorrer da temporada.

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