Em turbulência, Seleção Brasileira não vê boas perspectivas neste fim de ano

Derrotada nas Eliminatórias pela primeira vez em oito anos, com Neymar gravemente lesionado, e separada a cinco pontos de distância da líder Argentina. Eis a atual situação da Seleção Brasileira após quatro partidas sob o comando do interino Fernando Diniz.

Pois é, a enorme euforia criada em razão da goleada por 5 a 1 sobre a “saco de pancadas” Bolívia, logo na rodada inicial das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 marcada pela estreia de Fernando Diniz como técnico do Brasil, onde diversos jornalistas ufanistas diziam que o futebol ofensivo e envolvente estava de volta a seleção cinco vezes campeã mundial, sucumbiu rapidamente após a queda diante do Uruguai por 2 a 0 no estádio Centenário, lembrando que os brasileiros não perdiam dos uruguaios há 22 anos, e por dois gols de diferença há exatas quatro décadas.

Obviamente, a suada vitória pelo placar mínimo sobre o Peru, e o empate com sabor de derrota contra a Venezuela por 1 a 1 no meio do percurso, fizeram aumentar o volume das críticas em torno do trabalho de Fernando Diniz, o que significa que a Seleção Brasileira, que já havia desembarcado pressionada em Montevidéu, retornou da capital uruguaia vivendo a sua primeira crise desde a saída de Tite depois da eliminação nas quartas-de-final do Mundial do Catar.

Contudo, pior do que o resultado e todas as suas consequências, foi a pífia atuação da Seleção Brasileira, uma equipe apática, sem nenhum senso tático, pobre coletiva e individualmente, e com enormes dificuldades em compreender o novo sistema de jogo de Fernando Diniz, em especial os volantes Casemiro e Bruno Guimarães, e o atacante Vinícius Júnior que, por sua vez, não achou espaços em campo para partir no um contra um.

Todavia, é importante salientar que é necessário tempo para que os jogadores se adaptem ao modelo de jogo de Fernando Diniz, baseado na construção das jogadas através da aproximação e passes curtos desde a defesa até o ataque por intermédio da formação de blocos em determinado lado do campo, sobretudo porque a movimentação dos atletas costuma ser coordenada para preencher os espaços vazios. Por isso, o chamado “dinizismo” demorou para emplacar em clubes como Audax, São Paulo e Fluminense. Logo, na Seleção Brasileira não seria diferente, ainda que ela seja composta pelos melhores do País.

Portanto, é natural que o time que jogou de uma forma nos últimos seis anos sob a batuta de Tite, enfrentasse uma série de problemas para atuar de outra completamente oposta em um período tão curto de tempo, afinal, ao passo que os jogadores ainda guardam na memória o estilo de jogo anterior, o novo treinador tem apenas dois dias para reunir o elenco e organizar um treinamento – algo comum no futebol de seleções, e que Fernando Diniz precisará se adequar.

À vista disso, a pergunta que fica é a seguinte: por que Fernando Diniz decidiu realizar uma verdadeira revolução na Seleção Brasileira, mesmo sabendo da complexidade de sua filosofia de jogo? Bom, a resposta para essa questão deixa claro e evidente que o treinador do Fluminense é, sem sombra de dúvidas, o principal responsável pelo péssimo momento vivido pelos pentacampeões mundiais, já que o ideal seria fazer essa mudança aos poucos, considerando que ele não pegou terra arrasada.

A propósito, Marcelo Bielsa serve perfeitamente como exemplo para justificar o erro de Fernando Diniz. Embora adepto a um esquema de jogo ofensivo, de alta pressão e dominante, o dogmático técnico argentino abriu mão de seus conceitos ao armar um Uruguai mais pragmático para encarar o Brasil no estádio Centenário, atuando em bloco médio desde o início da partida, e optando em não controlar as ações da partida ao ceder a bola ao Brasil na maior parte do tempo, ou seja, condições inimagináveis em se tratando de El Loco, que mesmo na época em que dirigia o Leeds United e enfrentava o Manchester City, de Pep Guardiola, preferia jogar no ataque.

Consequentemente, os comandados de Fernando Diniz regressaram de Montevidéu com a primeira derrota nas Eliminatórias depois de 37 jogos de invencibilidade (28V-9E) na bagagem, registrando somente duas finalizações na partida, ambas na etapa final, porém nenhuma delas na direção certa do gol, ou seja, um fato inédito na história da Seleção Brasileira.

Por sinal, a vice-colocação na tabela das Eliminatórias ao lado de Venezuela e Uruguai, retrata que o torneio não é tão fácil como alguns torcedores brasileiros imaginavam. Não, a realidade é que a excelente performance sob a liderança de Tite deixou essa impressão, embora em Copas do Mundo o treinador gaúcho não tenha conseguido nada melhor do que duas chegadas em quartas-de-final com aquela equipe que sofria poucos gols e era detentora de uma baixíssima taxa de derrotas.

Ademais, como se tudo isso ainda não bastasse, Neymar acabou deixando o gramado chorando no final do primeiro tempo por conta da ruptura no ligamento cruzado anterior e do menisco do joelho esquerdo, que infelizmente o deixará fora de combate entre seis a oito meses. Assim, na próxima data FIFA o camisa 10 desfalcará a Seleção Brasileira em função de lesões pela 30ª vez desde que deixou o Santos em 2013.

Aliás, vale ressaltar que na última data FIFA do ano, o Brasil, sem Neymar, visitará a Colômbia, em Barranquilla, e receberá a atual campeã mundial e líder das Eliminatórias, Argentina, no Maracanã, isto é, um retrato de que as perspectivas não são nada boas ao conjunto canarinho, ainda que a classificação à Copa do Mundo de 2026 não esteja ameaçada.

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