Dez jogos, dez vitórias, 35 gols marcados e apenas cinco sofridos. A fantástica campanha do PSV Eindhoven na Eredivisie retrata por que a equipe que lidera isoladamente a ponta da tabela do campeonato retomou não apenas o bom futebol, como a identidade sob o comando de Peter Bosz.
Aliás, é importante salientar que quando Ruud van Nistelrooy anunciou que deixaria o PSV antes da rodada final da edição anterior da Eredivisie, alegando falta de apoio por parte da diretoria, diversos questionamentos começaram a ser feitos em relação ao futuro do clube, afinal, o jovem treinador de 47 anos de idade havia realizado um bom trabalho em sua curta trajetória de uma temporada por Eindhoven, a julgar pela conquista da Copa KNVB (Copa da Holanda) diante do Ajax.
Pois é, e a desconfiança da torcida do PSV aumentou ainda mais a partir do instante que a diretoria anunciou que Peter Bosz seria o sucessor de Ruud van Nistelrooy, afinal, o ex-treinador do Ajax jamais convenceu desde que deixou o clube de Amsterdam após o vice-título da Europa League em 2017, lembrando que ele colecionou passagens por Borussia Dortmund, Bayer Leverkusen e Lyon, ao longo deste período.
A propósito, foi no Bayer Leverkusen que Peter Bosz se saiu melhor antes de seu retorno à Holanda, permanecendo mais de dois anos no clube da Renânia do Norte-Vestfália, onde somou o montante de 108 jogos no cargo, contra míseras 24 partidas registradas pelo Borussia Dortmund, e 58 pelo Lyon.
Adepto a um estilo de jogo ofensivo, vertical, e de altíssima pressão, Peter Bosz não foi capaz de corrigir os principais pontos negativos de suas equipes tanto no futebol alemão quanto no francês, ou seja: a lealdade ao sistema 4-3-3, além da vulnerabilidade defensiva, em especial nas fases de transição ataque-defesa. Consequentemente, ao mesmo tempo que seus times marcavam muitos gols, eles também sofriam.
Obviamente, nada é mais natural do que um treinador holandês armar o seu time no 4-3-3. É igual um cozinheiro italiano ir ao trabalho e não preparar uma bela massa, ou um espanhol uma saborosa paella. Contudo, o problema é que Peter Bosz não altera a forma de jogar nem mesmo nos momentos em que o próprio jogo pede uma mudança como ocorreu no clássico entre Borussia Dortmund e Schalke 04 na temporada 2017-18, no qual os auri-negros encerraram o primeiro tempo vencendo por 4 a 0, e deixaram o campo com a igualdade no marcador por terem sofrido quatro gols na etapa final.
Logo, a inabalável fidelidade ao esquema de jogo e as suas convicções, por vezes acabam prejudicando Peter Bosz que, ainda assim, prefere ver suas equipes jogando pra frente, de modo ofensivo, envolvente, e correndo o risco de perder, ao invés de recuar as linhas, e atuar em blocos mais baixos a fim de assegurar um ou outro resultado. Não à toa, certa vez o ex-volante do Feyenoord e atual técnico do PSV Eindhoven afirmou que o jogador Peter Bosz, não era bom o suficiente para jogar o futebol que o treinador Peter Bosz, gosta de ver.
Seja como for, a realidade é que as características dos atletas, aliadas ao futebol ofensivo e de imposição praticado pelo PSV, de Ruud van Nistelrooy, se encaixaram perfeitamente ao modelo de jogo de Peter Bosz, que só precisou aumentar a intensidade do time cuja formação já era o 4-3-3.
Good times never seemed so good ♥️ pic.twitter.com/Sa7Q5ybbR7
— PSV (@PSV) October 29, 2023
Vale ressaltar ainda, que os jogadores do PSV evoluíram – e muito – sob a liderança de Peter Bosz, vide o caso do lateral-direito Sergiño Dest, que foi deslocado à esquerda para ter a liberdade de construir as jogadas por dentro, desenvolvendo a função de um típico armador, assim como Philipp Lahm fazia no Bayern de Munique.
Ademais, Luuk de Jong também aparece como outro grande destaque do PSV Eindhoven, tanto é, que o experiente atacante holandês é o artilheiro e líder de assistências da equipe na temporada, registrando 14 tentos e oito passes que resultaram em gols, o que não chama a atenção pelo fato do camisa 9 jogar como a referência dos Boeren no ataque.
Inclusive, como uma orquestra totalmente afinada, todas as demais peças se movimentam de forma incessante para servir Luuk de Jong da melhor maneira possível, seja pelos lados do campo com os pontas Johan Bakayoko e Hirving Lozano, além dos laterais Jordan Teze e Sergiño Dest, ou por intermédio das chegadas de Malik Tillman e Joey Veerman, pelo meio. Portanto, fica claro porque o PSV domina a Eredivisie em uma série de quesitos ofensivos, conforme você pode acompanhar na tabela abaixo:
Líder da Eredivisie em: | Números |
Gols marcados | 35 |
Grandes chances criadas | 57 |
Grandes chances perdidas | 32 |
Posse de bola | 64,9% |
Passes certos p/jogo | 491 |
Cruzamentos certos p/jogo | 7,2 |
Chutes realizados p/jogo | 24,7 |
Chutes certos p/jogo | 9,8 |
Escanteios p/jogo | 7,4 |
Consequentemente, o PSV assinala uma incrível média de 3,5 gols marcados por partida na Eredivisie – e 2,9 gols na temporada. Por sinal, o jogo que os pupilos de Peter Bosz menos balançaram as redes no campeonato se passou no triunfo sobre o Utrecht por 2 a 0, ainda na 1ª rodada, o que significa que eles marcaram três ou mais tentos em todos os nove demais compromissos.
Não obstante, a última vítima dos líderes da Eredivisie com 100% de aproveitamento foi o rival Ajax, goleado por 5 a 2, com direito a duas viradas e um hat-trick de Hirving Lozano no Philips Stadion, porque este é o futebol que, verdadeiramente, satisfaz Peter Bosz!