Os paradigmas de Thomas Tuchel à frente do Bayern de Munique

A precoce eliminação do Bayern de Munique na 2ª Fase da Copa da Alemanha frente o modesto Saarbrucken, propiciou o início de uma pequena crise na Baviera às vésperas do primeiro Der Klassiker da temporada 2023-24, afinal, foi a queda do clube campeão das últimas onze edições da Bundesliga diante de outro que ocupa apenas a 15ª colocação da terceira divisão do futebol alemão.

À vista disso, boatos envolvendo a insatisfação de alguns jogadores do Bayern junto aos métodos de treinamentos de Thomas Tuchel movimentaram o noticiário esportivo alemão nos dias que antecederam o Der Klassiker, bem como assuntos relacionados a involução e a dificuldade do conjunto bávaro em vencer adversários de maior nível técnico sob o comando do ex-treinador do Chelsea, vide as recentes derrotas para o RB Leipzig por 3 a 0 na decisão da Supercopa da Alemanha, além do empate em 2 a 2 contra o Bayer Leverkusen pela Bundesliga.

Não à toa, Thomas Tuchel, literalmente, “cuspiu fogo” na entrevista pós-clássico concedida para a Sky alemã, na qual figura o chatíssimo Lothar Matthaus, um dos maiores críticos do trabalho do treinador do Bayern de Munique que, por sua vez, demonstrou total irritação em relação aos comentários do ex-capitão da Alemanha no título mundial de 1990.

Vencemos apesar de um aparente rompimento entre mim e os jogadores, e apesar de não termos dado nenhum passo adiante desde a minha chegada ao clube. Mas como ganhamos por 4 a 0, agora vocês precisarão mudar o discurso. Divirtam-se.

Thomas Tuchel, treinador do Bayern

Contudo, o momento para uma reviravolta não poderia ser melhor ao Bayern, a julgar pelo seu oponente Borussia Dortmund, por mais que os auri-negros atravessassem uma ótima fase sustentando 18 jogos de invencibilidade na Bundesliga, e colecionassem importantes triunfos pelo placar mínimo sobre Newcastle e Hoffenheim pela Champions League e Copa da Alemanha, respectivamente.

Pois é, e fazendo valer todo seu favoritismo, o Bayern de Munique precisou de míseros 9 minutos para abrir a vantagem de 2 a 0 no marcador e, praticamente, definir o clássico que terminou com a goleada por 4 a 0 em pleno Signal Iduna Park, aumentando para ONZE o número de jogos sem derrotas dos bávaros no Der Klassiker, lembrando que eles registram o montante de 10 vitórias e um empate neste período.

A propósito, o principal destaque do Bayern no Der Klassiker responde pelo nome de Harry Kane, que regressou de Dortmund com o terceiro hat-trick da temporada na bagagem, o que lhe rendeu o 15º tento nas dez primeiras rodadas da Bundesliga, que se somados as cinco assistências já dadas pelo atacante inglês, resultam em 15 participações em gols no campeonato.

Por sinal, a excelente performance de Harry Kane, decorrente de sua rápida adaptação ao futebol alemão, fica ainda mais evidente se considerarmos o fato de que Niklas Fullkrug e Christopher Nkunku lideraram a artilharia da Bundesliga na temporada passada com 16 gols. Logo, é inegável que os 100 milhões de euros despejados pelo Bayern para contratar o camisa 9 junto ao Tottenham foram muito bem investidos – e havia alguns que questionavam os valores.

Seja como for, a pressão sobre Thomas Tuchel no Bayern só será amenizada por intermédio de atuações convincentes, tendo em vista que em termos de resultados os atuais campeões alemães não decepcionam, vide os cem por cento de aproveitamento na Champions League, além das oito vitórias e dois empates na Bundesliga, que os mantêm separados a apenas dois pontos do surpreendente líder, Bayer Leverkusen.

Logo, na tentativa de melhorar o rendimento do Bayern em campo, Thomas Tuchel segue aprimorando o chamado Tuchelball, jogo após jogo. No Der Klassiker, por exemplo, vimos um time mais passivo e engendrado para criar espaços com a intenção de favorecer um maior número de transições ofensivas. Consequentemente, os bávaros construíram quatro gols de diferentes formas ao longo da partida.

O primeiro deles, cujo autor foi o zagueiro Dayot Upamecano, surgiu na sequência de um escanteio. O segundo, de Harry Kane, nasceu na própria área do Bayern, através de uma lenta preparação que puxou o Borussia Dortmund ao campo de ataque, e permitiu com que Leon Goretzka e Leroy Sané encontrassem espaços abertos para um rápido avanço em direção à meta de Gregor Kobel.

Já o terceiro, foi uma combinação trabalhada entre Jamal Musiala e Kingsley Coman acelerando a posse de bola pela direita, ao passo que o quarto e último tento brotou por meio de um contra-ataque clássico depois da recuperação da bola no meio-campo. Harry Kane esteva lá nas duas ocasiões, para concluir as jogadas em gols.

Ainda assim, o histórico recente do Bayern nos últimos anos expõe que o clube tem por característica conquistar grandes vitórias seguidas de recaídas, uma condição que Thomas Tuchel vem tentando reverter a todo custo, haja vista os 26 de 30 possíveis pontos conquistados na Bundesliga, que compõe o melhor início dos bávaros na competição desde a primeira temporada sob o comando de Pep Guardiola, há uma década.

Ao mesmo tempo, é fundamental que Thomas Tuchel não perca o controle em eventuais reveses, como ocorreu depois da eliminação na Copa da Alemanha, ou então, o barulho que ajudou a derrubar Carlo Ancelotti, Niko Kovac e, mais recentemente, Julian Nagelsmann, também pode fazê-lo de vítima na Baviera.

Deixar um comentário

Menu