Do inferno ao céu, Milan quebra série negativa e volta a sonhar com vaga no mata-mata da Champions League

A inusitada derrota do Milan pelo placar mínimo diante da Udinese, provocou um anti-clímax que há tempos não se via no San Siro, de modo que os ultras da Curva Sud protestaram de forma veemente contra o treinador Stefano Pioli e os seus jogadores.

Contudo, a indignação por parte dos torcedores milanistas era compreensível, afinal, a queda frente ao time que não havia vencido nenhum compromisso pela Serie A e está separado a apenas um ponto da zona do rebaixamento na 16ª posição, temporariamente tirou o Milan da briga pelo scudetto, deixando o embate restrito a Inter de Milão e Juventus.

Além disso, o revés para a Udinese fez cair por terra a tese de que os rossoneri não desperdiçavam pontos nos confrontos diretos ante adversários que figuram na parte debaixo da tabela, criada muito em função dos recentes triunfos sobre Hellas Verona (1 x 0), Cagliari (3 x 1) e Genoa (1 x 0), já que o desempenho do Milan não foi bom nos duelos contra Internazionale (5 x 1), Napoli (2 x 2) e Juventus (1 x 0), isto é, os principais favoritos ao título da Serie A.

Deste modo, o Milan chegou ao quarto jogo consecutivo sem vitórias na temporada, sendo três deles válidos pela Serie A e um pela Champions League. Não à toa, o barulho envolvendo uma possível saída de Stefano Pioli aumentou pelos lados de Milão, embora a demissão do treinador que está no clube desde 2019 e tem contrato válido até 2025 não tenha sido discutida em nenhum instante pela diretoria, lembrando que a única derrota sofrida pelos rossoneri até essa sequência de resultados negativos havia ocorrido na goleada por 5 a 1 sofrida no Derby della Madonnina.

Diante deste cenário, fica claro e evidente porque o Milan retornou pressionadíssimo ao San Siro para encarar o PSG pela 4ª rodada da Champions League, considerando ainda que uma derrota praticamente eliminaria o clube italiano de forma precoce na fase de grupos do torneio.

Por outro lado, uma vitória contra os atuais campeões franceses seria crucial para o Milan aliviar a pressão que o assola, bem como o deixaria em plenas condições de avançar às oitavas-de-final da Champions League depois do triunfo por 2 a 0 do Borussia Dortmund sobre o Newcastle.

Isto posto, a realidade é que o gol marcado pelo zagueiro do PSG, Milan Skriniar, que por anos rivalizou com o Milan ao defender as cores da Internazionale, logo aos 9 minutos de jogo, fez crescer o clima de tensão no San Siro, porém a rápida resposta dos comandados de Stefano Pioli através do tento de Rafael Leão três minutos mais tarde, contagiou a torcida milanista em meio ao gesto de silêncio do atacante português.

Mas apesar do empate, o Milan foi dominado no primeiro tempo, principalmente por ter permitido com que Kylian Mbappé e Ousmane Dembélé ficassem no um contra um em diversas oportunidades, não dobrando a marcação sobre ambos nestes complicados momentos em virtude da falta de organização, algo que mudou na etapa final, quando os rossoneri atuaram de forma mais ordenada, compacta, e cedendo menos espaços aos parisienses.

Consequentemente, o gol de cabeça de Olivier Girou coroou não apenas a ótima apresentação do Milan no segundo tempo, como toda a entrega dos jogadores, tendo em vista que o esforço coletivo foi a principal arma da equipe italiana na vitória por 2 a 1. Em compensação, se analisarmos o jogo na parte individual tivemos como destaque o meio-campista Ruben Loftus-Cheek, que por intermédio de sua incrível condição física foi capaz de fazer o box-to-box de forma exemplar ajudando tanto no apoio quanto na marcação, além do atacante Rafael Leão, um verdadeiro leão indomável dentro de campo.

Ademais, a mudança tática realizada por Stefano Pioli ao abandonar o 4-4-2, usado por necessidade devido a alguns desfalques frente a Udinese, para utilizar o 4-2-3-1 pela primeira vez desde o começo da temporada, também foi essencial para que o Milan fosse do inferno ao céu em um curto espaço de três dias, a julgar que o rendimento do ataque e do meio-campo evoluiu com Christian Pulisic e Rafael Leão aberto pelos lados, assim como acontece no 4-3-3, e com Tijjani Reijnders e Yunus Musah formando uma qualificada dupla de volantes, enquanto Ruben Loftus-Cheek atuou mais adiantado.

Ainda assim, de acordo com o site especializado em estatísticas The Analyst, os italianos registram 34,5% de condições de avançar à fase mata-mata da Champions League, contra 73,2% do Borussia Dortmund e 68,5% do Paris Saint-Germain, ao passo que eles assinalam o índice de 32,6% de chances permanecer na terceira posição do grupo da morte do torneio, o que significa que outras noites de gala, como a vivida no San Siro na última terça-feira (07), serão necessárias para que a classificação do Milan realmente se confirme.

No entanto, ainda que a vaga nas oitavas-de-final não venha, a expectativa é que a primeira vitória de virada do Milan na Champions League desde o 3 a 2 sobre o Real Madrid em 2019, ao menos sirva como motivação para que o plantel milanista siga trilhando este caminho, pois o espírito de equipe é fundamental para superar prováveis altos e baixos ou repentinas quedas de atenção, isto é, os maiores adversários dos rossoneri até aqui na temporada. 

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