Quando o Chelsea caiu diante do Brentford por 2 a 0 em pleno Stamford Bridge, e encerrou a 10ª rodada da Premier League posicionado nem entre os dez melhores colocados da competição, a sensação era a de que o ciclo de Mauricio Pochettino estava chegando ao fim no clube do oeste de Londres, sobretudo em virtude da duríssima sequência que os Blues ainda teriam pela frente, composta por confrontos contra Tottenham, Manchester City, Newcastle, Brighton e Manchester United.
Além disso, o fato do Chelsea trocar constantemente de treinadores também fez aumentar a impressão sobre a precoce queda de Mauricio Pochettino, lembrando que três técnicos passaram pelo clube na temporada passada – Thomas Tuchel, Graham Potter e Frank Lampard.
Todavia, contrariando totalmente as expectativas o Chelsea surpreendeu ao golear o Tottenham por 4 a 1 em sua visita ao norte da capital inglesa, colocando um fim na invencibilidade do único time que ainda não havia sofrido nenhuma derrota na atual temporada da Premier League.
Ainda assim, alguns críticos atribuíram a vitória dos Blues as expulsões de Cristian Romero, aos 33 minutos do primeiro tempo, e a de Destiny Udogie, aos 10 minutos do segundo tempo, já que Nicolas Jackson marcou o gol da virada do Chelsea somente aos 30 minutos da etapa final. Posteriormente, nos acréscimos, o atacante senegalês balançou as redes mais duas vezes, estabalecendo o seu primeiro hat-trick com a camisa do clube londrino.
A rodada retrasada da Premier League promoveu o primeiro encontro entre Mauricio Pochettino e o Tottenham desde a saída do treinador argentino do clube inglês em novembro de 2019.
Deste modo, o embate ante os atuais tricampeões ingleses era considerado um verdadeiro teste de fogo ao Chelsea e, especialmente, ao treinador Mauricio Pochettino, tendo em vista que ele ocorreu às vésperas da última Data Fifa do ano, o que significa que uma derrota poderia aumentar a tensão pelos lados do Stamford Bridge nas duas próximas semanas, sob o risco de outro técnico assumir o posto do sucessor de Frank Lampard.
Contudo, o alucinante 4 a 4 em que os pupilos de Mauricio Pochettino tiveram de buscar a igualdade no placar em três oportunidades, sendo a última delas através do tento de Cole Palmer, ex-jogador do próprio Manchester City, aos 50 minutos do segundo tempo, revela que os Blues saíram de campo fortalecidos após a grande partida realizada contra a equipe que os havia derrotado seis vezes seguidas sem sofrer um único gol até este empate.
Aliás, é importante destacar que os 45% de posse de bola por parte do Chelsea foi a segunda maior média de um adversário do Manchester City na Premier League. Ademais, a equivalência no altíssimo índice de 2.9 xG (gols esperados), além das 17 finalizações, incluindo as nove na direção certa do gol de Éderson, sinalizam que, como nos velhos tempos, os Blues foram para a “trocação” ao jogarem de igual pra igual com os Citizens, o que mais agradou os torcedores.
??????? | Chelsea 4–4 Manchester City
— Sofascore (@SofascoreINT) November 12, 2023
• xG: 2.96 – 2.90
• Shots (on target): 17 (9) – 15 (10)
• Big chances: 5 – 5
• Possession: 45% – 55%
• Touches in opp. box: 21 – 46
An incredibly entertaining match ends in a draw thanks to Cole Palmer's injury-time penalty! ?#CHEMCI pic.twitter.com/eBwR6PXULB
À vista disso, os Blues sustentaram a boa performance frente clubes do bloco Big Six ao faturarem 4 dos 6 pontos disputados nas partidas em que as previsões não eram nada favoráveis, porém melhor do que o aproveitamento em termos de números foram as atuações do Chelsea, cada vez mais com a cara de Mauricio Pochettino, a julgar pela verticalidade, rápidas trocas de passes, e intensa marcação do time que segue evoluindo no 4-2-3-1, o mesmo esquema utilizado pelo Tottenham vice-campeão europeu, de Pochettino, em 2019.
Estou muito orgulhoso. Os jogadores merecem todo o crédito. O desempenho foi fantástico contra a melhor equipe do mundo. Então, foi bom para ganhar confiança. Mostramos a nossa mentalidade e caráter. Temos ferramentas para enfrentar equipes do mais alto nível.
Mauricio Pochettino, treinador do Chelsea
Já era sabido que a paciência seria um dos principais oponentes do Chelsea na temporada em que a equipe passa por um enorme processo de reformulação com chegadas e saídas de dezenas de atletas. Logo, o sucesso do clube dependeria de altas doses de tolerância tanto da torcida quanto da diretoria. Por sinal, eu postei um artigo abordando este tema no mês de setembro: https://www.soccerblog.com.br/2023/09/25/a-temporada-ainda-nao-mudou-para-o-chelsea/
Portanto, ainda que o início de temporada do Chelsea não seja dos melhores, vide a 10ª colocação na tabela da Premier League, é inegável que essa última semana de afirmação não apenas estreitou o vínculo de Mauricio Pochettino junto ao clube, como também serviu para mostrar que os Blues estão trilhando o caminho certo, algo jamais perceptível sob a gestão de Todd Boehly.