O ciclo de Stefano Pioli se aproxima do fim no Milan

Os 16 pontos conquistados pelo Milan dentre os 21 possíveis nas últimas sete rodadas da Serie A, poderiam retratar a ótima fase vivida pelos rossoneri, considerando que dentre os 20 participantes do campeonato somente Internazionale e Juventus, isto é, líder e vice-líder, registraram uma pontuação superior neste período.

Em contrapartida, o bom retrospecto recente do Milan na Serie A não condiz com a realidade do clube, tanto é, que os comandados de Stefano Pioli entraram em campo pressionados para encarar a Atalanta pelas quartas-de-final da Copa da Itália, que juntamente com a Europa League, ainda lhes garantia a possibilidade de erguer um caneco na temporada 2023-24, a julgar que a briga pelo scudetto italiano já ficou pra trás, vide a distância de nove pontos que os separam da líder Internazionale (48 – 39).

No entanto, as chances de títulos do Milan se reduziram a apenas uma competição em função da derrota por 2 a 1, de virada, diante da Atalanta em pleno estádio San Siro, onde mais uma vez o time mostrou as velhas e reincidentes deficiências apresentadas desde que Stefano Pioli desembarcou na Lombardia em 2019 para comandá-lo, ou seja: a instabilidade.

No primeiro tempo, um Milan pragmático, sem brilho, e que só conseguiu balançar as redes graças a uma boa triangulação entre Theo Hernández e Rafael Leão pela esquerda, mas que no minuto seguinte sofreu o gol de empate marcado por Teun Koopmeiners. Entretanto, na etapa final uma equipe intensa, construíndo o jogo pelos lados, pelo centro, e rápida nas transições, porém que pecou na conclusão das jogadas no terço final do campo e, consequentemente, foi punida com um pênalti infantil cometido pelo jovem lateral Álex Jiménez, e convertido pelo holandês Koopmeiners, autor dos dois tentos que selaram a desclassificação milanista.

Assim, a eliminação na Copa da Itália trouxe novamente à tona a falta de estabilidade deste Milan, de Stefano Pioli, não somente dentro de campo, como também em termos de resultados, afinal, no jogo anterior este mesmo time retornava da Toscana com sonoros 3 a 0 sobre o Empoli na bagagem, faturando desta forma, a sua primeira vitória como visitante na Serie A após 3 meses.

E é exatamente esse ciclo maligno composto por crises, melhoras inesperadas que “maquiam” a situação da equipe, seguidas de um novo regresso às trevas, que coloca a saída de Stefano Pioli como praticamente certa ao término da atual temporada, por mais que o vínculo contratual do treinador de 58 anos de idade junto ao Milan seja válido até junho de 2025.

Apesar da idolatria de Stefano Pioli, um dos principais responsáveis por tirar o Milan da longa fila de mais de uma década sem vencer a Serie A em 2022, a perda da corrida pelo scudetto ainda no mês de novembro, aliada as precoces eliminações nas copas, especialmente na Champions League, onde os rossoneri foram terceiro colocados do “grupo da morte” – formado por Borussia Dortmund, Paris Saint-Germain e Newcastle -, criou um clima bastante adverso em torno do treinador que acumula o montante de 215 partidas no cargo.

Diante deste cenário, restou ao Milan depositar todas as suas fichas na Europa League, lembrando que fortes oponentes como o Liverpool estão presentes na competição. E como não poderia deixar de ser, sair de três frentes em um curto espaço de cinco meses resultou no aumento da pressão sobre Stefano Pioli, ainda que a RedBird Capital Partners – empresa que administra o clube italiano, liderada por Gerry Cardinale – tenha por característica fazer avaliações do rendimento do time somente no final de cada temporada.

No entanto, é importante destacar que a insatisfação da diretoria milanista junto ao trabalho de Stefano Pioli aumentou pra valer depois que Zlatan Ibahimovic passou a ocupar a função de consultor sênior do clube. Não à toa, o nome de Antonio Conte vem ganhando cada vez mais força nos bastidores, visto que o sueco é um admirador do ex-técnico de Juventus, Chelsea, Internazionale e Tottenham.

Portanto, com o retorno do ídolo Zlatan Ibrahimovic, desta vez como dirigente, o trabalho de Stefano Pioli começou a ser analisado de forma mais severa em meio a disputa da temporada, através de uma abordagem que ainda inclui o desempenho do Milan desde o ano passado, quando o Diavolo caiu frente a Internazionale nas semifinais da Champions League, e passou 2023 inteiro sem vencer o Derby della Madonnina, tendo como último resultado uma goleada por 5 a 1 já na atual edição da Serie A.

DataPlacarTorneio
18/01/2023Milan 0 x 3 InterSupercopa (ITA)
05/02/2023Inter 1 x 0 MilanSerie A
10/05/2023Milan 0 x 2 InterChampions League
16/05/2023Inter 1 x 0 MilanChampions League
16/09/2023Inter 5 x 1 MilanSerie A

Com isso, a meta de Stefano Pioli a partir de agora é garantir uma vaga na Champions League, de preferência por intermédio da conquista da Europa League, obviamente já visando uma boa condição financeira ao Milan, e de trabalho para o seu futuro sucessor, cujo principal candidato responde pelo nome de Antonio Conte, que segue sendo especulado por outros clubes como Napoli, Juventus e Roma.

Inclusive, o motivo que levou Antonio Conte a negar o pedido do mandatário do Napoli, Aurelio De Laurentiis, para dirigir os atuais campeões italianos depois da saída de Rudi Garcia em novembro, foi o fato de que ele só aceita iniciar um trabalho do zero no começo de uma nova temporada. Por este motivo, os napolitanos fizeram um contrato de curto prazo com Walter Mazzarri, a fim de retomarem as tratativas com Conte neste meio de ano.

Não obstante, também existe o interesse por parte da Juventus que, ao que tudo indica, voltará a disputar a Champions League na próxima temporada com a saúde econômica mais estabilizada. E cansados do pragmatismo de Massimiliano Allegri, os bianconeros estudam a possibilidade de repatriar Antonio Conte após dez anos, algo que a Roma também vê com bons olhos devido ao pífio futebol praticado sob a batuta de José Mourinho.

Por isso, sabendo que enfrentará uma fortíssima concorrência para contratar Antonio Conte, o Milan definiu Thiago Motta como plano “B”, quer dizer, uma opção que se mostra até melhor do que a “A” pelo simples fato do jovem treinador ítalo-brasileiro não trazer consigo aquele combo repleto de conflitos, polêmicas e confusões carregado por Conte, que seria abastecido com Ibrahimovic sendo o seu superior.

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