A consistência será essencial ao Sporting na batalha pelo título português

A temporada passada foi considerada um verdadeiro desastre para o Sporting, e não apenas devido a quarta colocação na tabela da Primeira Liga, isto é, a pior posição dos Leões em uma campanha completa sob o comando de Rúben Amorim, como também em virtude da queda diante do Porto na final da Taça da Liga (2 a 0), ou seja, naquela que acabou sendo a única decisão disputada pelo clube no período.

Embora alvo de críticas, Rúben Amorim nunca teve a continuidade ameaçada no Sporting. Ainda assim, o jovem treinador de 39 anos de idade iniciou a atual temporada pressionado por títulos e um rendimento melhor do time, lembrando que o ex-jogador do rival, Benfica, rapidamente se tornou um ídolo dos sportinguistas ao erguer o caneco da Primeira Liga em 2021 e, consequentemente, tirar o clube de Alvalade da longa fila de quase duas décadas sem vencer o campeonato.

De qualquer maneira, se é que ainda existia algum clima de tensão pelos lados de Alvalade, já é possível afirmar que ele não existe mais após a goleada por 8 a 0 aplicada pelo Sporting sobre o Casa Pia, a primeira vitória dos Leões por uma diferença de oito gols na liga nacional do país desde 1934.

A propósito, um placar que retrata o poderio ofensivo da equipe que balançou as redes quatro vezes nos seis primeiros arremates concedidos contra o Casa Pia, e acertou oito das onze finalizações efetuadas no decorrer da partida. Não à toa, os comandados de Rúben Amorim são donos do melhor ataque da Primeira Liga com 53 gols em 19 rodadas, o que resulta em uma altíssima média de 2,78 tentos assinalados por jogo.

Contudo, o elevado número de gols marcados pelo Sporting é oriundo do sistema de jogo ofensivo, dominante, e vertical estabelecido por Rúben Amorim, que ganhou corpo novamente à custa das chegadas de Iván Fresneda, Morten Hjulmand, além, é claro, do atacante Viktor Gyokeres, artilheiro do time na temporada com 24 tentos. Aliás, se juntarmos neste balanço as dez assistências dadas pelo sueco, notaremos que a sua média de participação em gols por partida é superior aos 27 jogos disputados por ele até aqui (34 – 27).

Por sinal, ao contrário do que era esperado o Sporting venceu os três jogos de janeiro pela Primeira Liga, o que sinaliza que até este instante a equipe resistiu da melhor forma possível às ausências de Ousmane Diomande e Hidemasa Morita, ambos convocados para defender os selecionados de Costa do Marfim e Japão, respectivamente, na Copa das Nações Africanas e na Copa da Ásia.

A solução encontrada por Rúben Amorim para sanar este problema foi deslocar o ponta-direita Pedro Gonçalves, que vive o seu melhor momento na temporada, ao meio-campo para atuar junto de Morten Hjulmand, fazendo a função de segundo volante, uma mudança que deu mais dinâmica ao jogo coletivo do time e ao próprio atleta, a julgar que ele vem tendo maior influência nas fases defensivas em que o Sporting está sem a bola, e nas ofensivas contribuindo demasiadamente na construção das jogadas.

Ademais, é importante ressaltar a evolução que tanto se esperava de Francisco Trincão desde a sua chegada ao clube há dois anos. Não por um acaso, o camisa 17 deixou a sua marca cinco vezes nas últimas quatro rodadas da Primeira Liga, fazendo gols em cada uma delas muito por efeito da ótima parceria com Ricardo Esgaio pelo lado-direito.

No entanto, é na esquerda que o jogo dos Leões mais flui, onde atuam Nuno Santos e Marcus Edwards, duas peças fundamentais no esquema de Rúben Amorim que atacam das mais variadas formas, seja caindo por dentro na diagonal, seja através das jogadas em profundidade que por vezes acabam com bolas alçadas à Viktor Gyokeres, o que os torna um time pra lá de imprevisível.

Pois é, e a tendência é que o Sporting se fortaleça ainda mais em meio a vinda do meio-campista Koba Koindredi, o principal reforço apresentado pelo conjunto alviverde nesta janela de transferências. Inclusive, com a chegada do ex-jogador do Estoril, certamente Rúben Amorim deixará de improvisar Pedro Gonçalves no setor, ainda que Koindredi não seja nenhum exímio marcador – ao contrário, até acho que sem a bola o novato Daniel Bragança colaboraria mais em campo.

Seja como for, a realidade é que Rúben Amorim mais uma vez reconstruiu o Sporting a ponto de torná-lo competitivo para liderar a Primeira Liga com 49 de 57 possíveis pontos. Para se ter uma ideia, o último revés sofrido pelos Leões na competição ocorreu em 09 de dezembro, quando eles perderam do Vitória Guimarães por 3 a 2. De lá pra cá, foram seis triunfos conquistados nas seis rodadas seguintes.

Por este motivo, inúmeros torcedores sportinguistas consideram essa a melhor versão do Sporting sob a gestão de Rúben Amorim, superando até aquela do time campeão da Primeira Liga e da Taça de Portugal na temporada 2020-21, que só não venceu o título português de forma invicta por conta da derrota ante o Benfica por 4 a 1 na penúltima rodada.

Mas apesar desta fantástica campanha de 85% de aproveitamento, somente um ponto separa o Sporting do vice-colocado, Benfica, na classificação da Primeira Liga, o que significa que uma das temporadas mais acirradas do campeonato no século XXI segue completamente em aberto, vide as 15 rodadas ou os 45 pontos em aberto até o seu final.

Portanto, o Sporting precisará, no mínimo, manter este mesmo nível de consistência para que a volta olímpica seja dada em Alvalade no dia 19 de maio.

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