A vaga na Champions League tem a relevância de um título ao Manchester United

O primeiro ano de Erik ten Hag no Old Trafford encheu a torcida do Manchester United de esperanças em meio ao desacreditado futuro do clube, e não apenas devido ao 3º lugar na Premier League, ou pelo fato da conquista da Copa da Liga Inglesa, mas principalmente em função do resgate da identidade perdida desde a aposentadoria de Sir Alex Ferguson.

Consequentemente, as expectativas aumentaram em torno de um sucesso ainda maior do Manchester United na segunda temporada de Erik ten Hag à frente da equipe, na iminência de especialistas o apontar como um dos favoritos na corrida pelo título inglês ao lado do vizinho e atual tricampeão, Manchester City.

No entanto, as projeções rapidamente mudaram assim que a bola começou a rolar em razão das 3 derrotas e duas vitórias dos Red Devils nas cinco primeiras rodadas da Premier League, seguidas do revés por 4 a 3 diante do Bayern de Munique, em solo alemão, na estreia de ambos pela Champions League.

Pois é, e a situação que já era ruim piorou a ponto do Manchester United conviver com a dura perspectiva de não disputar jogos europeus pós-fase de grupos dos torneios pela primeira vez desde a temporada 2014-15, isto é, há exatos nove anos. E tudo em virtude da precoce eliminação dos comandados de Erik ten Hag como lanternas do acessível grupo C da Champions League que, além do Bayern, também era composto por Copenhagen e Galatasaray.  

Deste modo, a realidade é que o Manchester United adentrou 2024 brigando somente em duas frentes, como são os casos da FA Cup e da Premier League. Para se ter uma ideia, em decorrência da queda ante o Newcastle na 4ª Fase da Copa da Liga, os Red Devils registraram míseras três aparições no último mês de janeiro, o que representa CINCO partidas a menos em comparação a este mesmo período de 2023.

Por sinal, considerando que o Manchester United seja finalista da FA Cup, a tendência é que o clube entre em cena mais 18 vezes até o encerramento da temporada em maio, quer dizer, um pequeno número de partidas que, certamente, lhe causará grandes problemas financeiros por conta da redução nas receitas de bilheterias, comercialização de produtos através da megaloja no Old Trafford, bem como a queda na venda de alimentos e bebidas consumidas pelos torcedores em dias de jogos.

Portanto, como o Manchester United ostenta uma caríssima folha de pagamento, digna de clubes que brigam pelo título europeu, será fundamental que a equipe sexta colocada da Premier League garanta uma vaga na próxima edição da Champions League a fim de evitar um rombo ainda maior nas contas, afinal, embora o United tenha vencido somente duas eliminatórias do torneio continental na última década, ele pelo menos faturou alguns milhões de euros por estar em campo.

No momento, seis pontos separam o Manchester United do G-4 da Premier League, porém a distância aumenta para nove em relação ao terceiro colocado Arsenal, o que significa que o United brigará diretamente com Tottenham e Aston Villa pela última vaga que dá acesso à Champions League, lembrando que o supercomputador da Opta Analyst aponta que os Red Devils têm 6% de chances de terminar a temporada entre os quatro melhores posicionados.

Contudo, apesar deste irrelevante índice de porcentagem, a evolução do Manchester United em campo sinaliza que o clube apresenta totais condições de conquistar a vaga no G-4 pelo simples fato de que o Aston Villa passou a seguir o caminho inverso, e porque – para a alegria de Erik ten Hag – a bola começou a entrar. Aliás, o triunfo por 2 a 1 em pleno Villa Park na rodada passada da Premier League, graças ao tento de Scott McTominay aos 41 minutos da segunda etapa, justifica totalmente essa tese.

Vale ressaltar que os sete gols assinalados por Scott McTominay na Premier League renderam ao Manchester United o montante de 12 pontos. Ademais, é importante destacar que após Rasmus Hojlund passar 14 jogos em branco no campeonato, ele deixou a sua marca em cada uma das últimas cinco rodadas, se tornando o jogador mais jovem a estufar as redes em cinco partidas consecutivas na competição – somente atrás de Nicolas Anelka pelo Arsenal, em 1998.

Já na defesa é o renegado Harry Maguire que continua se destacando jogo após jogo. Depois de recusar uma proposta para transferir-se ao West Ham antes da temporada, o zagueiro da seleção inglesa virou a quinta opção de Erik ten Hag no setor defensivo, estando atrás até mesmo do veterano Johnny Evans que não jogava há um ano. Todavia, o prêmio de melhor jogador em campo recebido pelo ex-capitão do United na última partida em Birmingham retrata porque ele virou titular absoluto do time.

Não obstante, o retorno de peças fundamentais do esquema de Erik ten Hag, como são os casos de Lisandro Martínez e Casemiro, que passaram boa parte do primeiro semestre da temporada lesionados, além da maior autoconfiança dos novatos Kobbie Mainoo, Alejandro Garnacho e Rasmus Hojlund, hoje adaptados ao clube, contribuíram para a nítida evolução da equipe que segue invicta em 2024 somando 5 vitórias e um empate.

Por fim, como o Aston Villa ainda divide as atenções com a Conference League, obtendo um calendário mais pesado à custa de partidas e viagens internacionais, a tendência é que o Tottenham que, curiosamente, revive o que foi passado no Old Trafford no último ano ao realizar uma ótima primeira temporada sob a liderança de um novo treinador, seja o principal adversário do Manchester United na árdua batalha pela vaga na Champions League, ou por maiores receitas, poderio de investimentos, quantidade de jogos, e até de emoções.

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