Um futuro transformador se apresenta ao Girona através da Champions League

Fevereiro passou como se fosse uma nuvem negra sob o céu do Girona, visto que as derrotas frente Real Madrid e Athletic Bilbao praticamente tiraram o clube catalão da briga pelo título espanhol, deixando o caminho livre para os madridistas erguerem o 36º caneco.

A propósito, a queda do Girona no Santiago Bernabéu foi um verdadeiro enorme choque de realidade ao clube que havia desembarcado na capital espanhola tendo sofrido uma única derrota na LaLiga e encerrou o mês anterior somando o dobro, já que a goleada por 4 a 0 evidenciou que os blanquivermells estão alguns degraus abaixo do Real Madrid. Ademais, o revés no compromisso seguinte diante do Athletic Bilbao – 3 a 2, no San Mamés -, reconfirmou essa tese.

Em contrapartida, internamente o Girona jamais projetou a conquista da LaLiga. Inclusive nos períodos das seis rodadas em que a equipe liderou o campeonato, o seu objetivo sempre foi o mesmo, ou seja: garantir uma vaga na Champions League. Logo, essa condição de possível campeão espanhol partiu de torcedores mais eufóricos e da imprensa, que até começou a compará-lo ao histórico Leicester, de 2016.

Obviamente, antes do início da temporada a principal meta do Girona era faturar alguma vaga em torneios continentais depois do 10º lugar na edição passada da LaLiga. Ainda assim, um propósito audacioso para o time que figura na elite do futebol espanhol apenas pela quarta vez ao longo da história, e que há 17 anos disputava a quarta divisão.

Todavia, o excelente futebol praticado pelos comandados de Míchel Sánchez, determinante para os triunfos sobre Barcelona e Atlético de Madrid no turno inicial da LaLiga, somado a queda de rendimento dos blaugranas e a irregular campanha dos colchoneros, tornaram a Champions League pra lá de viável ao Girona que, apesar das três derrotas nos últimos quatro compromissos, ainda ocupa a vice-liderança da tabela estando nove pontos à frente do quinto colocado, Athletic Bilbao.

Contudo, para evitar qualquer tipo de percalço é importante que o Girona melhore o seu desempenho como visitante nesta reta final de temporada, a julgar pelos quatro de 15 possíveis pontos contabilizados pelos catalães atuando fora de seus domínios no 2º Turno da LaLiga, isto é, uma performance bastante inferior em comparação a campanha como mandantes em que eles sustentam uma invencibilidade de nove partidas, assinalando sete vitórias e dois empates desde a derrota por 3 a 0 ante o Real Madrid, em 30 de setembro.

De qualquer maneira, levando em conta a série de novidades no planejamento do Girona visando a próxima temporada fica claro que ele inclui a disputa da Champions League, especialmente no que diz respeito ao estádio Montilivi, cuja lotação é de somente 14.624 torcedores – uma das menores capacidades da LaLiga -, lembrando que 5 mil destes lugares são disponibilizados por intermédio de arquibancadas móveis.

Como a UEFA não permite a realização de jogos da Champions League em estádios com arquibancadas complementares anexas, a diretoria gironista estuda a possibilidade de construir uma nova com assentos fixos através da premiação paga pela entidade máxima do futebol europeu aos clubes participantes da competição a cada temporada.

Por sinal, se tudo correr conforme o planejado, o Girona pedirá aos organizadores da LaLiga para que as três primeiras rodadas do campeonato sejam disputadas fora de casa na temporada 2024-25, a fim de concluir a obra que, além do estádio, também abrange a reestruturação do centro de treinamentos do clube, sobretudo na parte da academia.

Não obstante, os investimentos do City Football Group, companhia que detém 44,3% das ações do Girona, certamente aumentarão com a qualificação do clube espanhol à Champions League, bem como em função da provável transferência de Savinho ao Manchester City, afinal, será necessária uma peça de reposição à altura, da mesma maneira que quando Eric García e Pablo Torre retornarem de seus respectivos empréstimos ao Barcelona.

Por fim, a continuidade do treinador Míchel será fundamental para o Girona dar sequência ao seu projeto de desenvolvimento. Como não poderia deixar de ser, a surpreendente campanha dos vice-colocados da LaLiga vem despertando o interesse de diversos clubes no trabalho do jovem treinador de 48 anos de idade, dentre eles o Barcelona.

No entanto, Míchel já teria informado ao presidente do Girona, Delfí Geli, que seguirá no clube com o qual tem contrato até 2026. Aliás, uma das prioridades do ex-treinador de Rayo Vallecano e Huesca é a manutenção de Savinho, o que segundo ele teria a mesma relevância da contratação de um reforço de peso na próxima janela de transferências.

Isto posto, a verdade é que o Girona está a onze rodadas de converter a temporada mais memorável da sua história num trabalho que tem tudo para transformar o seu futuro.

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