O ano de 2024 não poderia ter começado melhor para a Alemanha, que retornou de Lyon repleta de expectativas ao encerrar o jejum de três jogos sem vitórias depois de derrotar a atual vice-campeã mundial, França, por 2 a 0.
No entanto, o fato que mais animou os torcedores alemães é que os pupilos de Julian Nagelsmann não apenas venceram, como convenceram no amistoso marcado por uma série de novidades, a começar pelo primeiro tento de Florian Wirtz com a camisa da seleção tetracampeã mundial, que inclusive o transformou no autor do gol mais rápido da história da Alemanha, a julgar que o meia do Bayer Leverkusen balançou as redes aos 8 segundos de partida.
Além disso, a primeira aparição da Mannschaft em 2024 promoveu a estreia do lateral-esquerdo Maximilian Mittelstadt, do Stuttgart, bem como o retorno do ex-aposentado internacional Toni Kroos, que não defendia as cores da seleção alemã há quase três anos, mais especificamente desde a queda por 2 a 0 frente a Inglaterra nas oitavas-de-final da última edição da Eurocopa.
Contra a França, Toni Kroos completou a sua partida de número 107 pela Alemanha, sendo o oitavo jogador com mais jogos pela seleção, a um compromisso de igualar Jurgen Klinsmann.
Pois é, e o regresso de Toni Kroos se traduziu no absoluto controle do meio-campo por parte do jogador do Real Madrid, gerando tranquilidade, equilíbrio e a coesão que tanto faltavam a Alemanha. Como se fosse um maestro regendo uma orquestra, o camisa 8 ditou o ritmo do jogo, dando maior confiança aos companheiros, claramente mais seguros com a sua presença. Por sinal, confira abaixo os números de Kroos no amistoso ante os franceses:
Toni Kroos vs França | Números |
Minutos em campo | 89′ |
Assistência | 1 |
Passes certos | 122/129 |
Finalizações | 1 |
Duelos ganhos | 6/8 |
Desarmes | 3 |
Faltas sofridas/cometidas | 2/2 |
Vale ressaltar que a consistência do 4-2-3-1 de Julian Nagelsmann também se deu por conta da ótima atuação de Robert Andrich, que ao lado de Toni Kroos, não apenas anulou as ações do meio-campo adversário, como deu a liberdade necessária para que Jamal Musiala, Ilkay Gundogan, Florian Wirtz e Kai Havertz focassem exclusivamente na construção do jogo.
Ao mesmo tempo, é importante salientar que do outro lado Didier Deschamps armou uma França bastante ofensiva no 4-3-3, com Warren Zaïre-Emery, Aurélien Tchouaméni e Adrien Rabiot formando o trio de meio-campo, o que favoreceu o jogo dos alemães pelo menos até a entrada de Eduardo Camavinga, aos 15 minutos da etapa final, momento em que os Bleus conseguiram equilibrar a partida que já estava 2 a 0 devido ao gol de Kai Havertz no início do segundo tempo.
FÜHLT SICH GUUUT AN! ❤️?❤️?❤️?
— DFB-Team (@DFB_Team) March 23, 2024
???? #dfbteam #FRAGER | ? Philipp Reinhard pic.twitter.com/QGR4KDHANf
Logo, é bastante provável que os alemães encontrem maiores dificuldades diante de adversários que jogam de forma mais compacta e pressionam na marcação. Em todo o caso, a evolução da seleção que não derrotava um oponente de classe mundial sem sofrer gols há sete anos foi notória, o que se subentende que a reconvocação de Toni Kroos acabou sendo uma verdadeira jogada de mestre por parte do treinador Julian Nagelsmann às vésperas da Euro 2024, cuja sede será a própria Alemanha.
Deste modo, não é exagero afirmar que essa vitória em Lyon parecia a reprise de um jogo dos tempos em que a Alemanha ainda metia medo nos adversários, ou seja, desde antes da Copa do Mundo de 2018, já que de lá pra cá foram duas eliminações na fase de grupos dos Mundiais da Rússia e do Catar, outras duas nas edições anteriores da Liga das Nações da UEFA, além da derrota por 2 a 0 para a Inglaterra nas oitavas-de-final da Eurocopa de 2020.
Por esta razão, a seleção quatro vezes campeã mundial, que se vangloriava pelo fato de ter tido somente dez treinadores em mais de nove décadas de história, teve quatro apenas nos últimos três anos, considerando a passagem de um jogo de Rudi Voller como interino antes da chegada de Julian Nagelsmann, em setembro do ano passado.
Em 2017, Lukas Podolski marcava o último gol da Alemanha em uma vitória sem ser vazada contra uma grande seleção mundial. Na ocasião, a Mannschaft bateu a Inglaterra por 1 a 0, em Dortmund.
Desde então, Julian Nagelsmann esteve à frente da Mannschaft em cinco ocasiões, somando 2 vitórias, 1 empate e duas derrotas, incluindo o triunfo diante da França. Aliás, a melhor apresentação da Alemanha sob o seu comando fez até com que a, antes inquestionável dupla de volantes formada por Joshua Kimmich e Leon Goretzka, caísse no esquecimento junto aos alemães, sem que o jovem treinador de 36 anos de idade recebesse críticas por sacá-los do time.
Consequentemente, a renovação contratual de Julian Nagelsmann já passou a ser discutida internamente pela DFB (Federação Alemã de Futebol), lembrando que o atual vínculo do ex-treinador do Bayern de Munique é válido até o término da Eurocopa, o que o obriga a realizar uma boa campanha no torneio para ter a oportunidade de assinar um novo acordo e, assim, se sustentar no cargo.
No entanto, Julian Nagelsmann sempre deixou clara a intenção de renovar o seu contrato antes do início da Eurocopa, algo que era impensável até a semana passada, ainda mais com Jurgen Klopp livre no mercado, mas que passou a ser totalmente plausível depois da onda de otimismo gerada pelo retorno de Toni Kroos ao selecionado alemão, que resultou neste 2 a 0 sobre a França.