Dois meses depois da queda frente o Liverpool na decisão da Copa da Liga, o Chelsea voltou a tropeçar no estádio de Wembley, porém desta vez diante do Manchester City pelas semifinais da FA Cup.
Por sinal, além do placar de 1 a 0, o enredo das duas derrotas sofridas pelos Blues nas copas nacionais desta temporada foi exatamente o mesmo, ou seja: com eles pecando nas finalizações; falhando defensivamente; não aproveitando os momentos de vulnerabilidade do adversário no jogo; tendo falta de sorte; e contestando decisões por parte da arbitragem.
Deste modo, nem mesmo o fato do Manchester City estar destroçado fisica e metalmente em função da disputa de uma prorrogação contra o Real Madrid, composta pela eliminação dos atuais campeões europeus 72 horas antes pela Champions League, foi suficiente para o Chelsea sustentar o objetivo de salvar a temporada por intermédio do primeiro título da “era pós-Roman Abramovich”.
Logo, sem chances de erguer canecos no primeiro ano sob o comando de Mauricio Pochettino, restou ao Chelsea centrar todas as suas atenções na briga por uma das vagas em torneios continentais nesta reta final da Premier League, uma meta que tornava o clássico ante o Arsenal de suma importância para as pretensões da equipe situada na nona posição do campeonato.
Mas além das dificuldades de encarar o líder da Premier League no Emirates Stadium, a ausência do lesionado Cole Palmer era outro grande desafio ao Chelsea, a julgar que sem as 29 participações em gols do ex-jogador do Manchester City na competição, certamente os Blues estariam na zona da degola neste instante, por mais que Mauricio Pochettino negue a “Palmer dependência”.
Será um bom desafio se Palmer não estiver disponível contra o Arsenal. Se eu fosse eles (jogadores), estaria motivado a ir lá amanhã e mostrar que este é o Chelsea Football Club, não o Cole Palmer Football Club.
Mauricio Pochettino, treinador do Chelsea
Como não poderia deixar de ser, essa citação digna de um belo meme viralizou nas redes sociais depois que o Chelsea foi atropelado pelo Arsenal por 5 a 0, um resultado que inclusive se converteu na maior goleada sofrida pelo clube do oeste de Londres para um rival da capital desde o 6 a 0 do Queens Park Rangers em março de 1986, isto é, há exatos 38 anos.
Ainda assim, a acachapante derrota no Emirates Stadium não causou nenhum tipo de surpresa, afinal, este é o panorama atual do Chelsea, um time inexperiente, ingênuo e desorganizado, que costuma perder feio quando tudo vai mal. Não à toa, os comandados de Mauricio Pochettino já sofreram o montante de 57 gols na Premier League, e foram vazados 35 vezes nos 21 jogos de 2024.
— Sky Sports Premier League (@SkySportsPL) April 24, 2024
Obviamente, a extensa lista de jogadores lesionados do Chelsea, na qual se inclui Cole Palmer, é um dos fatores que Mauricio Pochettino se apoia para justificar a campanha irregular do Chelsea. No entanto, embora o ex-treinador do PSG até tenha sua parcela de razão, não existe explicação para um clube que gastou mais de 450 milhões de euros em contratações na temporada chegar na seis rodadas finais da Premier League separado a TRINTA pontos de distância do líder, ainda que com dois jogos a menos na tabela.
Em todo o caso, a realidade é que o Chelsea só se encontra nesta condição de clube mediano por ter priorizado única e exclusivamente o plano de contratar jovens atletas com potencial de crescimento. Com isso, os Blues investiram apenas em promessas com estes perfis, desconsiderando a hipótese de trazer jogadores prontos, com maior bagagem, acostumados a grandes jogos, e donos de uma mentalidade vencedora.
Registrando uma média de 23,6 anos de idade, o Chelsea tem o plantel mais jovem da atual temporada da Premier League, seguido do Burnley, cujo índice é de 25,2 anos.
Consequentemente, o que vemos é um Chelsea sempre oscilante, a ponto de conquistar imponentes vitórias como aquela do último dia 15 sobre o Everton por 6 a 0, e oito dias depois sofrer uma vexatória derrota por 5 a 0 para o Arsenal. Em outras palavras, situações absolutamente comuns em equipes formadas por jovens jogadores, lembrando que alguns mais experientes, como era o caso do volante Jorginho, acabaram sendo negociados.
Contudo, a desclassificação na FA Cup, somada a goleada no Emirates Stadium, agravaram a crise no Stamford Bridge, tanto é, que a hashtag #PochettinoOut liderou os trending topics da rede X durante longas horas após o 5 a 0. Em contrapartida, a saída de Mauricio Pochettino antes do desfecho da temporada está totalmente descartada pela diretoria que, por sua vez, avaliará o trabalho do treinador de 52 anos de idade assim que a Premier League terminar.
Vale ressaltar, que se os Blues tivessem conquistado uma das copas nacionais, ou então garantido uma vaga na próxima edição da Champions League, o futuro de Mauricio Pochettino não estaria sob risco, até porque que o seu atual vínculo contratual é válido até junho de 2025 – com opção de renovação por mais um ano -, bem como pelo fato de não existirem treinadores dispostos a substituí-lo a apenas seis jogos do fim da temporada.
Por outro lado, são enormes as chances do técnico argentino não iniciar a sua segunda temporada no Cole Palmer Football Club. Aliás, no Chelsea Football Club!