Oliver Glasner não é mágico, mas está fazendo mágica no Selhurst Park

Não sou mágico, não sou David Copperfield”, as primeiras palavras de Oliver Glasner como treinador do Crystal Palace, fazendo alusão ao ilusionista norte-americano, se contradizem ao analisamos a evolução da equipe do sul de Londres sob a liderança do ex-técnico do Eintracht Frankfurt, digna de um verdadeiro toque de mágica.

Para se ter uma ideia, quando Oliver Glasner desembarcou na capital inglesa para assumir o comando técnico do Crystal Palace no dia 20 de fevereiro, os Eagles ocupavam a 15ª colocação na tabela da Premier League, na ocasião, separados a míseros cinco pontos da zona do descenso, lembrando que eles haviam vencido somente o lanterna Sheffield United (3 a 2), dentre os sete jogos disputados no ano, sendo cinco válidos pela Premier League e dois pela FA Cup.

No entanto, Oliver Glasner apresentou seu cartão de visitas aos torcedores do Palace logo em sua estreia, a julgar pela contundente vitória por 3 a 0 sobre o Burnley no Selhurst Park, que o colocou como o segundo treinador da história do clube – depois de Alan Pardew contra o Tottenham em 2015 – a vencer o seu primeiro compromisso no cargo pela Premier League.

Posteriormente, por mais que o Crystal Palace tenha passado as cinco partidas seguintes sem somar uma única vitória ao perder de Tottenham (3 a 1), Bournemouth (1 a 0) e Manchester City (4 a 2), e empatar com Luton Town (1 a 1) e Nottingham Forest (1 a 1), já era possível notar o progresso jogo a jogo do time que passou a atuar no 3-4-3 sob o comando de Oliver Glasner.

A propósito, a grande mudança entre o antigo sistema de jogo de Roy Hodgson, cuja prioridade era ter uma equipe sólida e coesa defensivamente, para outro composto por uma linha de três zagueiros e de marcação pressão na saída de bola com os blocos altos, demandou um certo tempo para ser implementado, o que já era esperado por Oliver Glasner em meio a impaciência da torcida.

Ademais, vale ressaltar que o principal conceito da filosofia de jogo de Oliver Glasner é a funcionalidade da parte coletiva, isto é, todos os jogadores atuando conectados como uma unidade em campo, basta recordarmos do Eintracht Frankfurt campeão da Europa League na temporada 2021-22. Ou seja, um padrão totalmente contrário em comparação ao anterior de Roy Hodgson, que priorizava se defender bem e contar com o talento individual dos homens de frente.

Assim, a transformação do Crystal Palace, representada pela “mágica de Oliver Glasner”, passou a gerar bons frutos a partir do triunfo pelo placar mínimo sobre o Liverpool em pleno Anfield Road, já que depois os Eagles embalaram mais duas vitórias sobre West Ham e Newcastle, por 5 a 2 e 2 a 0, respectivamente.

À vista disso, o Palace conquistou três vitórias seguidas pela primeira vez na temporada, algo que não ocorria desde abril do ano passado, quando a equipe na época comandada por Roy Hodgson derrotou os times de Leicester, Leeds e Southampton em sequência, quer dizer, os três rebaixados da última edição da Premier League. Por sinal, resultados que, diretamente, ajudaram os décimo primeiros colocados do campeonato a escapar da degola.

Contudo, os mais críticos ainda afirmavam que a vitória do Crystal Palace contra o Liverpool veio na base da sorte, tendo em vista que os Reds finalizaram o montante de 21 vezes ao longo da partida em que registraram um elevado indíce de 2.81 gols esperados e 70% de posse de bola, ao passo que goleada por 5 a 2 sobre o West Ham no Selhurst Park, ocorreu 72 horas após a queda dos fragilizados, Hammers, nas quartas-de-final da Europa League.

Diante deste cenário, o “cala a boca” dos pupilos de Oliver Glasner deu-se no jogo de ontem (24) ante o Newcastle, em que o Palace exterminou com a invencibilidade de quatro partidas do oponente jogando de forma exemplar tanto ofensiva quanto defensivamente. Logo, os dois gols de Jean-Philippe Mateta apenas coroaram mais uma excelente atuação por parte dos londrinos.

Deste modo, com a junção de um bom desempenho e resultados positivos, o Crystal Palace saltou aos 39 pontos na classificação da Premier League, se livrando cem por cento do rebaixamento ao abrir uma larga distância de 14 pontos em relação ao Luton Town, o primeiro clube situado no Z-3, a quatro rodadas do término da temporada.

Por este motivo, a sensação é a de que o Palace poderia ter ido mais longe caso Oliver Glasner tivesse chegado antes ao clube, sobretudo porque os Eagles são donos da 5ª melhor campanha da Premier League desde a vinda do técnico austríaco na 26ª rodada, contabilizando 14 de 21 possíveis pontos neste período.

Todavia, já livre do rebaixamento, o objetivo do Crystal Palace a partir de agora é vencer os últimos quatro jogos da Premier League (Fulham, Manchester United, Wolverhampton e Aston Villa), ao mesmo tempo que Oliver Glasner coordena o planejamento visando a próxima temporada, na qual se incluem as saídas de importantes peças como Marc Guéhi, Michael Olise e Eberechi Eze.

Portanto, a realidade é que os desafios de Oliver Glasner só aumentarão daqui adiante, cabendo a ele evitar o mesmo fim dos antecessores Patrick Vieira e Roy Hodgson, que sucumbiram em suas respectivas segundas temporadas no clube. Ainda assim, uma missão nada impossível para o novo mágico do Selhurst Park.

Deixar um comentário

Menu