Roberto De Zerbi, o nome ideal para suceder Stefano Pioli no Milan

Quatro anos e meio se passaram desde que Stefano Pioli desembarcou na Lombardia para assumir o comando técnico do Milan, período no qual o clube saiu da longa fila de 11 anos sem vencer o título italiano ao faturá-lo na temporada 2021-22.

Por esta razão, o antes contestado, Stefano Pioli, ficará marcado eternamente na história do Milan. Entretanto, o filme das temporadas pré e pós-título seguiu se repetindo com os rossoneri oscilando ao longo das campanhas e se recuperando na reta final, o que, consequentemente, sempre acaba “salvando” o emprego treinador de 58 anos de idade.

E nessa temporada não foi diferente pois após uma arrancada ruim na Serie A, somada a precoce eliminação na fase de grupos da Champions League, o Milan encerrou o mês de março registrando seis vitórias em seis jogos disputados, isto é, um incrível aproveitamento de cem por cento que elevou a moral de Stefano Pioli, a ponto de sua continuidade ser dada como certa na próxima temporada, sobretudo porque o seu atual contrato é válido até junho de 2025.

Em contrapartida, a queda em torneios continentais frente um clube italiano pelo segundo ano consecutivo, e a sexta derrota seguida no Derby della Madonnina, que resultou na conquista da Serie A por parte da rival Inter de Milão em pleno San Siro – sob o mando do Milan -, aumentaram demasiadamente a pressão tanto sobre a diretoria milanista quanto sobre o treinador Stefano Pioli.

Logo, diante deste infeliz desfecho de temporada, ainda composto pelo amargo vice-campeonato da Serie A com uma larga vantagem de 19 pontos em relação a líder e campeã Internazionale, alguns nomes começaram a ser especulados como possíveis sucessores de Stefano Pioli no Milan, dentre os principais, segundo o jornal Gazzetta dello Sport, apareceu Julen Lopetegui.

No entanto, a repercussão da torcida do Milan foi tão negativa em torno do nome do treinador espanhol, que ele foi descartado da lista de pretendentes do clube em um curto espaço de 24 horas. Inclusive, a própria Gazzetta dello Sport publicou uma matéria de capa nesta terça-feira (30) para informar que Julen Lopetegui tornou-se uma carta completamente fora do baralho.

Contudo, a rejeição dos milanistas acerca de Julen Lopetegui é absolutamente compreensível, a começar pela tradição dos clubes italianos em não contratar treinadores estrangeiros, tanto é, que apenas 2 dos 20 participantes da Serie A são comandados por profissionais nascidos em outro país, como são os casos dos croatas Igor Tudor e Ivan Juric, técnicos de Lazio e Torino, respectivamente – uma vez que Thiago Motta, do Bologna, é naturalizado italiano.

Ainda assim, é importante salientar que Igor Tudor e Ivan Juric construíram as suas relativas carreiras como atletas jogando por uma década na Itália, o que significa que ambos tem uma estreita ligação junto ao país. Portanto, existe uma forte desconfiança dos clubes italianos no que diz respeito ao trabalho de técnicos estrangeiros, talvez pelo fato de somente 13 deles terem ganho a Serie A desde o término da Segunda Guerra Mundial, ou porque Sven-Goran Eriksson e José Mourinho ainda sejam os únicos detentores de um scudetto no século XXI.

No caso do Milan, o falecido Sinisa Mihajlovic foi o último estrangeiro a dirigí-lo, quer dizer, outro treinador que se estabeleceu na Itália por intermédio de uma extensa carreira dentro e fora das quatro linhas, lembrando que a passagem do técnico sérvio pelo San Siro não rendeu o esperado na temporada 2015-16, vide a sua demissão antes mesmo do encerramento da Serie A naquela oportunidade, mais especificamente após o revés por 2 a 1 para a Juventus na 32ª rodada.

Sendo assim, no futebol italiano um treinador estrangeiro precisa trabalhar em dobro para provar o seu valor de forma rápida, ou então será devorado quando menos se espera, como foi o caso de Luis Enrique que sobreviveu apenas uma temporada na Roma. Por sinal, José Mourinho só durou pouco mais de dois anos no clube da capital por conta do seu extenso currículo onde se inclui um excelente trabalho pela Inter de Milão, e devido ao título da Conference League.

À vista disso, o Milan jamais contratará um técnico estrangeiro? É óbvio que não, sobretudo porque antes da nacionalidade o clube sete vezes campeão europeu analisa o perfil dos seus possíveis treinadores, dando ênfase, primeiramente, aos mais inovadores como Arrigo Sacchi, contratado junto ao Parma, então na segunda divisão em 1987.

Outro atributo considerado fundamental pelo Milan é a personalidade, em outras palavras, um profissional que esteja acima dos jogadores, da torcida e da pressão externa da mídia, vide a contratação de Massimiliano Allegri em 2010, a julgar que além do ex-treinador do Cagliari liderar o vestiário de maneira contundente e séria, ele também não dava a mínima importância à opinião pública .

Por fim, um quesito não menos relevante é o de conhecer a cultura do Milan, o que explica porque dezenas de ex-jogadores já comandaram o time ao longo dos tempos. Nils Liedholm, Fabio Capello e Carlo Ancelotti, são alguns exemplos positivos, ao passo que Leonardo, Filippo Inzaghi, Clarence Seedorf e Gennaro Gattuso, são outros negativos.

Isto posto, fica claro e evidente porque Julen Lopetegui não se enquadra em nenhum dos pré-requisitos para dirigir o Milan. E a quatro jogos do fim do piolismo, quem os preencheria? Ninguém melhor que Roberto De Zerbi, afinal, trata-se de um italiano – é claro – , idealista, formado no clube, dono de uma forte personalidade e, de quebra, bem quisto pela torcida.

Todavia, só resta saber se o treinador do Brighton trocaria o modesto clube da Inglaterra pelo gigante da Itália. De acordo com a cultura e o pensamento dos italianos, certamente, a ideia o fascinaria, cabendo ao Milan arcar com a alta multa rescisória de 15 milhões de euros para contratá-lo.

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