Mbappé não foi capaz de liderar uma nova “Revolução Francesa” em Paris

Depois de Zlatan Ibrahimovic, Neymar e Lionel Messi, agora foi a vez de Kylian Mbappé fracassar na tentativa de incluir o Paris Saint-Germain no seleto roll dos clubes campeões da Champions League.

Não é novidade que o “projeto Catar” do PSG transcendeu a esfera esportiva ao tornar-se uma espécie de ferramenta geopolítica, cuja principal intenção é promover o país árabe mundo afora, o que, consequentemente, transformou a Champions League em uma verdadeira obsessão aos parisienses.

À vista disso, diversas estrelas do futebol mundial foram contratadas na busca do tão sonhado título da Champions League, em um período que o clube francês chegou a gastar 400 milhões de euros para trazer Neymar e Kylian Mbappé, e o máximo que conseguiu foi ser finalista do torneio na temporada 2019-20, quando caiu diante do Bayern de Munique pelo placar mínimo na decisão – em sua melhor campanha ao longo da história.

Todavia, o adeus do Paris Saint-Germain nesta temporada ocorreu nas semifinais, após a derrota por 1 a 0 frente o Borussia Dortmund em pleno Parque dos Príncipes, marcada por ter sido a última partida de Kylian Mbappé defendendo as cores do clube francês pela Champions League, a julgar que o camisa 7 está de malas prontas rumo ao Real Madrid na próxima temporada.

Devido ao tropeço por 1 a 0 no jogo de ida, o PSG desembarcou na capital francesa necessitando de uma vitória por dois gols de diferença para avançar à final no estádio de Wembley, ou de um simples triunfo para levar a partida para a prorrogação e pênaltis. E atuando no Parque dos Príncipes, o favoritismo estava totalmente do lado dos parisienses, acima de tudo porque o Borussia Dortmund, quinto colocado na tabela da Bundesliga, não realiza uma boa temporada.

No entanto, a sina do Paris Saint-Germain na Champions League prevaleceu a ponto da equipe conseguir a proeza de passar outros noventa minutos sem balançar as redes do Borussia Dortmund. Apesar da solidez defensiva alemã, é inegável que a falta de marcação e a pobreza criativa foram determinantes para a queda dos atuais tricampeões da Ligue 1.

Por mais que o PSG tenha encerrado a partida registrando o montante de 30 finalizações, 70% de posse de bola, 12 escanteios, e um elevado índice de 3.25 gols esperados, é importante destacar que somente cinco arremates foram na direção certa do gol, contra três por parte do Borussia Dortmund, lembrando que os parisienses acertaram a trave o total de quatro vezes ao longo do jogo.

Além disso, até o zagueiro Mats Hummels abrir o placar aos 5 minutos da etapa final, o Paris Saint-Germain só havia criado uma grande oportunidade de gol, o que significa que os comandados de Luis Enrique passaram a pressionar o Dortmund, completamente na base do “abafa”, apenas a partir do instante que ficaram em desvantagem no marcador.

Adepto do controle de jogo através da paciente posse de bola, o PSG, de Luis Enrique, não aproveitou a atmosfera do Parque dos Príncipes, e acabou sendo uma presa fácil ao Borussia Dortmund que, além de aproveitar uma das duas chances de gol que teve na partida, cozinhou o tempo a cada falta sofrida, ou nos momentos em que substituições eram efetuadas, o que, obviamente, só enervava os franceses.

Seja como for, tão ruim quanto a eliminação foi a improdutividade de Kylian Mbappé, que não recebeu nenhuma bola em boas condições para estufar as redes, algo que explica muito sobre a ineficácia do setor de criação do Paris Saint-Germain, afinal, trata-se do principal nome e artilheiro do time na temporada com 43 tentos, sendo oito deles válidos pela Champions League.

Deste modo, por ser o único jogador do plantel parisiense com condições de mudar um jogo, Kylian Mbappé não conseguiu fazer jus ao status de craque, e deixou um sentimento de frustração em sua última aparição pelo PSG na Champions League, destacada pelo desperdício e pouco dinamismo.

Em todo o caso, a desclassificação do Paris Saint-Germain não deve causar tantos estragos quanto as mais recentes dos últimos anos. A começar porque os franceses chegaram longe se considerarmos que eles superaram a fase de grupos somente na rodada final, graças a surpreendente vitória do Milan sobre o Newcastle por 2 a 1, de virada, no St James’ Park.

Ademais, a qualificação na fase anterior, isto é, as quartas-de-final, só foi confirmada em meio a expulsão do zagueiro do Barcelona, Ronald Araújo, aos 29 minutos da primeira etapa do jogo de volta, que veio depois da derrota por 3 a 1 no Parque dos Príncipes. Soma-se a isso, o fato deste último revés ante o Borussia Dortmund ter sido o quinto em 12 jogos do PSG na atual edição da Champions League.

Portanto, a realidade é que a lógica mais uma vez predominou e o PSG terminará mais uma temporada comemorando “apenas” o título francês e, muito provavelmente, o da Copa da França, porém sob a diferente perspectiva de que este novo projeto esportivo liderado por Luis Enrique mantém o clube muito mais próximo do sonho europeu, sobretudo depois de uma eliminação que fará o jovem plantel parisiense amadurecer para o futuro.

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