As chances do Bayern de Munique dar uma volta olímpica na temporada 2023-24 se esgotaram depois da dolorosa derrota por 2 a 1, de virada, diante do Real Madrid no Santiago Bernabéu, que resultou na eliminação dos alemães nas semifinais da Champions League.
Pois é, após o vice-título da Supercopa da Alemanha – acompanhado pelo revés por 3 a 0 frente o RB Leipzig, em plena Allianz Arena -, da precoce queda na DFB-Pokal ante o modesto Saarbrucken – da terceira divisão, além da perda da Bundesliga após 11 conquistas seguidas, o Gigante da Baviera viu o último capítulo da temporada ser encerrado da pior forma possível, tendo em vista que os bávaros estavam a minutos de disputar a sua 12ª final de Champions League.
Aliás, mesmo após um empate em 2 a 2 na Allianz Arena, tudo parecia conspirar a favor dos pupilos de Thomas Tuchel no Santiago Bernabéu, haja vista a ótima partida realizada pela equipe cuja proposta era atuar de forma compacta, com os blocos baixos, e explorando os contra-ataques. Inclusive, uma estratégia similar a adotada pelo conterrâneo Borussia Dortmund, 24 horas antes em Paris.
A começar pela grande atuação do novato Aleksandar Pavlovic, formado nas categorias de base do clube, que mais parecia um veterano controlando o meio-campo, somada grande partida do parceiro Konrad Laimer, que já havia repetido a dose nos compromissos anteriores contra Arsenal e o próprio Real Madrid.
Ademais, a consistência de Matthijs de Ligt, que fez o seu melhor jogo na temporada, o brilhantismo de Alphonso Davies, autor do gol do Bayern, que passou a maior parte da temporada lesionado ou discutindo a sua renovação contratual, bem como as sensacionais defesas de Manuel Neuer, davam a entender que a final da edição 2012-13 da Champions League se repetiria onze anos depois em Wembley.
No entanto, nada passou de uma mera ilusão ao Bayern, afinal, do outro lado estava o Real Madrid, detentor de 14 títulos da Champions League, e que na última campanha como campeão, em 2022, protagonizou três épicas viradas sobre PSG, Chelsea e Manchester City, antes de vencer o Liverpool por 1 a 0 na decisão no Stade de France.
E para o azar do Bayern, a nova vítima madridista foi justamente ele, que se descontrolou após a falha do, até então impecável Manuel Neuer, ao sofrer o primeiro gol de Joselu e do Real Madrid na partida, aos 43 minutos da etapa final, e três minutos mais tarde, quando o ex-atacante do Espanyol balançou as redes pela segunda e última vez, dando números finais ao jogo: 2 a 1.
Por sinal, vale ressaltar que no último lance da partida o zagueiro Matthijs de Ligt chegou a igualar o marcador, porém o gol foi anulado de forma bizarra em razão de um impedimento assinalado antes da conclusão da jogada, o que fere totalmente as regras do jogo. Como não poderia deixar de ser, essa decisão não apenas irritou o Bayern de Munique, como deixou a sensação de que o resultado foi injusto, ainda que o Real Madrid tenha sido a melhor equipe em campo.
🚨🎙 Thomas Tuchel:
— 𝐁𝐮𝐧𝐝𝐞𝐬𝐥𝐞𝐚𝐠𝐮𝐞 𝐈𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞𝐫 🇩🇪🇧🇷 (@BundesInsider) May 8, 2024
“É um desastre absoluto. Este lance deveria ser jogado até o fim — essa é a regra! O bandeirinha cometeu o [primeiro] erro e o árbitro cometeu o segundo erro. É uma violação das regras!” ⚠️ pic.twitter.com/nOHVmboyie
Portanto, como no futebol o melhor nem sempre ganha e o pior nem sempre perde – a julgar pela classificação do Bayern sobre o Arsenal nas quartas-de-final desta mesma Champions League -, a expectativa dos bávaros era enorme em relação a conquista do sétimo título europeu, apesar da decepcionante campanha na Bundesliga, além da conduta extremamente defensiva no Santiago Bernabéu, o que é compreensível se considerarmos o fato de que o oponente respondia pelo nome de Real Madrid.
Logo, a Champions League acabou sendo o único aspecto positivo do Bayern na temporada 2023-24. E olhando pelo lado otimista, a derrota na capital espanhola evidenciou o potencial do elenco bávaro, do qual jovens como Aleksandar Pavlovic, dono de uma incrível liderança, e do meia Jamal Musiala, que provou ser tão desequilibrante quanto Florian Wirtz no Bayer Leverkusen, certamente gerarão ótimos frutos.
De resto, Matthijs de Ligt “renasceu” depois de uma apagada temporada, Eric Dier mostrou-se uma peça valiosa capaz de contribuir para o crescimento dos companheiros, enquanto o versátil Noussair Mazraoui, o fluido Konrad Laimer, e os 44 gols de Harry Kane em seu ano de estreia pelo Bayern, demonstram que o futuro do clube alemão se apresenta próspero, até porque novos reforços chegarão neste meio de ano, algo necessário dada a evolução do Bayer Leverkusen.
À vista disso, cabe ao sucessor de Thomas Tuchel liderar o conturbado vestiário bávaro, repleto de egos e armadilhas, da melhor forma possível, mas que ainda assim tende a ser uma tarefa mais tranquila sob o suporte dos novos diretores Max Eberl e Christoph Freund.
Mas antes de pensar no amanhã, o Bayern ainda precisará voltar todas as atenções ao presente, mais especificamente para a melancólica Bundesliga, onde a briga pelo vice-alemão segue em aberta contra o Stuttgart nas últimas duas rodadas, já que a temporada perfeita da Champions League acabou na Baviera.