O título da Coppa Italia não apaga a pífia segunda passagem de Allegri pela Juventus

O gol de Dusan Vlahovic foi suficiente para a Juventus derrotar a Atalanta no estádio Olímpico e, assim, retornar da capital italiana com o 15º título da Coppa Italia na bagagem, marcado por ser o último da melancólica segunda passagem de Massimiliano Allegri por Turim.

A propósito, uma vitória com a assinatura de Massimiliano Allegri, ou seja, pelo placar mínimo e com o gol saindo logo aos 4 minutos do primeiro tempo, o que permitiu com que a Juventus passasse o restante da partida disposta somente a anular as ações por parte da Atalanta. Consequentemente, a Juve foi campeã sem receber nenhuma finalização em sua meta ao longo da decisão.

Em todo caso, o quinto título da Coppa Italia dos bianconeri sob o comando de Massimiliano Allegri, certamente não será suficiente para sustentar o emprego do treinador de 56 anos de idade, sobretudo porque a direção da Juventus, na época liderada pelo ex-presidente Andrea Agnelli, pelo vice Pavel Nedved, além do diretor-esportivo Maurizio Arrivabene, já não é a mesma que o recontratou há quase três anos.

Vale ressaltar que naquela oportunidade, Massimiliano Allegri chegou a rejeitar uma proposta do Real Madrid, que via o treinador pentacampeão italiano e detentor de quatro dobradinhas pela Juventus como o nome ideal para suceder Zinedine Zidane. Todavia, Allegri preferiu retornar ao clube do Piemonte, em baixa depois das passagens de Maurizio Sarri e Andrea Pirlo.

Deste modo, Massimiliano Allegri regressou à Juventus após dois anos de forçadas férias, porém não repetiu nem de longe o sucesso da trajetória anterior, tanto é, que este título da Coppa Italia foi o único conquistado por Allegri no período em que os bianconeri encerraram a Serie A nos 4º e 7º lugares da tabela, lembrando que no momento eles são 4º colocados a duas rodadas do término do campeonato, apesar de terem a folha salarial mais cara do futebol italiano.

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Entretanto, é importante destacar que a saúde financeira da Juventus ficou bastante prejudicada em virtude da pandemia e ao recente escândalo envolvendo a manipulação de balanços – o maior desde o Calciopoli -, que inclusive determinou o afastamento de Andrea Agnelli da função de presidente, e contribuiu para a saída de Cristiano Ronaldo logo na temporada de retorno de Massimiliano Allegri. Por sinal, um problema que assola o clube até os dias atuais, a julgar que 9,7 milhões de euros foram gastos no mês anterior para pagar salários atrasados do craque português.

Posteriormente, foi a vez de Federico Chiesa sofrer uma grave contusão no joelho que o deixou longos meses fora de combate. Mas como o camisa 7 jamais repetiu o bom desempenho desde que voltou aos gramados, uma série de dúvidas surgiram em relação ao trabalho de Massimiliano Allegri, como por exemplo: será que Chiesa está jogando fora de posição? O estilo de jogo da Juventus favorece o seu futebol? Allegri tem condições de extrair o seu melhor?

Ademais, as saídas de Giorgio Chiellini e Leonardo Bonucci, os últimos remanescentes da lendária defesa da Juventus -ainda composta por Gianluigi Buffon e Andrea Barzagli -, também colaborou para a queda de rendimento da equipe que até hoje não foi capaz de formar uma nova composição defensiva. E tentativas não faltaram, vide as contratações de Matthijs de Ligt, Cristian Romero, Merih Demiral e Radu Dragusin. Não à toa, os laterais brasileiros Danilo e Alex Sandro passaram a jogar improvisados como zagueiros.

Aliás, por falar em contratações irrelevantes, o que dizer a respeito de Angel Di María e Leandro Paredes? Pois é, pior do que a dupla campeã mundial pela Argentina no Catar só mesmo Paul Pogba, que depois de uma temporada inteira tratando de uma lesão, foi afastado do futebol por quatro anos devido ao uso de testosterona, substância imprópria no meio esportivo.

Ao mesmo tempo, essa situação obrigou Massimiliano Allegri a abrir espaço para jovens como Andrea Cambiasso, Fabio Miretti, Nicolò Fagioli, Hans Nicolussi Caviglia, Samuel Iling-Júnior, Kenan Yildiz, além dos recém-contratados Carlos Alcaraz e Thimothy Weah, dando início ao processo de rejuvenescimento do plantel bianconeri, o que explica a oscilação do time que empatou em 1 a 1 com a lanterna e já rebaixada da Serie A, Salernitana, em pleno Allianz Stadium, no jogo que antecedeu a conquista da Coppa Italia.

Logo, embora Massimiliano Allegri não tenha feito a Juventus jogar um futebol minimamente convincente em nenhum momento do seu segundo ciclo pelo clube, ele ao menos se despediu dando uma volta olímpica e o conduzindo novamente à Champions League – após uma temporada proibido de disputar competições europeias -, por intermédio de um quarto lugar até aqui na Serie A.

Contudo, o último capítulo da história de Massimiliano Allegri à frente da Juventus terá um desfecho triste pelo fato do treinador italiano ter ofendido, ameaçado e tentado agredir o jornalista do jornal Tuttosport, Guido Vaciago, depois do triunfo sobre a Atalanta, o que pode lhe render uma DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA. Decerto, mesmo é que ele pegou dois jogos de gancho por conta deste grave incidente e, como resultado, seus dias no clube chegaram ao fim.

Seja como for, a conquista de uma taça de menor expressão, somada a distância de 25 pontos em comparação a campeã italiana, Inter de Milão, retrata não apenas o declínio da carreira de Massimiliano Allegri, como também deixa claro que o pragmatismo, antes justificado através de importantes títulos, já não surte mais o efeito esperado.

Isto posto, só nos resta saber se o estilo mais vanguardista de Thiago Motta, que tem em mãos uma oferta para trabalhar pelos próximos três anos em Turim, será capaz de reerguer a Juventus. A ver!

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