Nem só de títulos as glórias são feitas no mundo da bola, a julgar pelo exemplo do Heidenheim, que além de garantir a permanência na Bundesliga através da oitava colocação, ainda sonha com a conquista da vaga na próxima edição da Conference League. Ou seja, um feito e tanto para um clube de orçamento escasso que está situado numa pequena cidade de 50.000 habitantes.
A propósito, é importante destacar que há exatamente um ano os Blau-Rot comemoravam a inédita promoção à Bundesliga devido ao título da segunda divisão, onde estavam há longas nove temporadas, e por pouco não haviam subido em 2020 – quando caíram diante do Werder Bremen nos playoffs em virtude do critério de gols sofridos fora de casa, depois dos empates em 0 a 0, no Weserstadion, e 2 a 2, na Voith-Arena, respectivamente.
Como não poderia deixar de ser, o principal objetivo do Heidenheim em sua temporada de estreia na Bundesliga era como o de qualquer clube recém-promovido: evitar o rebaixamento, até porque os comandados de Frank Schmidt eram donos da folha salarial mais baixa dentre os 18 participantes do campeonato. Em termos de comparação, os valores eram cinco vezes menores em relação aos pagos por Bayer Leverkusen e Wolfsburg, e praticamente incalculáveis se confrontados com Bayern de Munique e Borussia Dortmund.
Não obstante, o turbulento início de temporada do Heidenheim composto por uma mísera vitória e TREZE tentos sofridos nas cinco primeiras rodadas da Bundesliga, davam a entender que a batalha contra a degola seria em vão, por mais que a tabela não tenha o favorecido devido aos embates ante Borussia Dortmund (2 a 2) e Bayer Leverkusen (4 a 1), ambos fora de seus domínios.
No entanto, a realidade foi totalmente contrária já que o Heidenheim não flertou com o descenso em nenhum momento ao longo da Bundesliga. Para se ter uma ideia, a 16ª posição, ocupada após o desfecho da 2ª rodada, foi o mais próximo que o time chegou do rebaixamento. No geral, foram 17 das 34 jornadas posicionado entre os dez primeiros colocados da tabela, o que corresponde a um turno inteiro do torneio.
Consequentemente, o Heidenheim terminou a Bundesliga no oitavo lugar com 42 pontos, nove à frente do posto referente aos playoffs de rebaixamento e, detalhe, superando fortes oponentes como Freiburg, Wolfsburg, Borussia Monchengladbach, além do Union Berlin. E não para por aí, pois se o Bayer Leverkusen vencer o Kaiserslautern, da segunda divisão, na decisão da Copa da Alemanha, os Blau-Rot estarão confirmados na Conference League.
Heidenheim/Bundesliga | Campanha |
Posição | 8º (42 pts) |
V-E-D | 10-12-12 |
Saldo/Gols | 50-55 |
Clean Sheets | 6 |
1º/2º Turnos | 21 pts – 21 pts |
Aproveitamento | 41% |
Deste modo, fica claro e evidente que o Heidenheim acertou ao manter a sólida base da equipe campeã da segunda divisão formada pelo goleiro Kevin Muller, pelos zagueiros Patrick Mainka e Tim Siersleben, além dos laterais Marnon Busch, Jonas Fohrenbach e Norman Theuerkauf, dos meio-campistas Leonard Maloney, Jan Schoppner e Kevin Sessa, e dos atacantes Denis Thomalla, Jan-Niklas Beste, Stefan Schimmer e Tim Kleindienst, que ainda foi fortalecida com as chegadas de Omar Traoré, Benedikt Gimber, Eren Dinkçi e Marvin Pieringer.
Os principais registros do Heidenheim na temporada 2023-24 foram os triunfos por 3 a 2 sobre o poderoso Bayern de Munique, e por 2 a 0 frente o vice-campeão Stuttgart.
De qualquer maneira, o principal responsável pela temporada de sucesso do Heidenheim responde pelo nome de Frank Schmidt, ex-jogador do conjunto de Baden-Wurttemberg que assumiu o comando técnico do time em 2007, época em que o clube ainda era semiprofissional e disputava a quinta divisão.
Embora a aplicação e a alta intensidade sejam as características mais marcantes da equipe que percorreu a terceira maior distância na Bundesliga (4079.3 km), taticamente o Heidenheim é resiliente e, meticulosamente, preparado para contra-atacar de forma letal, dado o sistema de marcação com dez jogadores que sempre confunde os adversários. Inclusive, uma forma de jogar completamente diferente da temporada anterior, o que retrata o excelente trabalho desenvolvido pelo técnico mais longevo da história do futebol alemão.
Assim, através de um verdadeiro trabalho de formiguinha o treinador de 50 anos de idade, sendo 16 deles vividos no atual cargo, conduziu o Heidenheim à Bundesliga passando pela terceira (2009 a 2014) e segunda (2014 a 2023) divisões no decorrer das 621 partidas que acumula à frente do time, lembrando que o atual vínculo contratual de Frank Schmidt é válido por mais três temporadas.
Einfach DANKE für diese Saison! 🙌
— 1. FC Heidenheim 1846 (@FCH1846) May 19, 2024
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Aliás, independente da vaga na Conference League o Heidenheim já está dando andamento ao planejamento visando a temporada 2024-25, tendo em vista que o clube alemão acertou a contratação de cinco novos atletas, tratam-se de: Julian Niehues, do Kaiserslautern; Luca Kerber, do Saarbrucken; Sirlord Conteh, do Paderborn; Mathias Honsak, do Darmstadt; e Maximilian Breunig, do Freiburg II.
Por sinal, todos reforços oriundos de clubes da segunda divisão, com exceção ao atacante Mathias Honsak, que passou a temporada defendendo as cores do lanterna e rebaixado Darmstadt, ainda que a meta primordial dos Blau-Rot seja concretizar a negociação em definitivo do ponta-direita turco, Eren Dinkçi, emprestado pelo Werder Bremen.
Seja como for, a surpreendente temporada do Heidenheim não acabou, afinal, ela ainda pode ser coroada com a ida da grande sensação da Bundesliga, ao lado de Bayer Leverkusen e Stuttgart, à Conference League, o que demonstra, dentre outras coisas, que para chegar ao ápice não é preciso adquirir um clube em crise ou gastar centenas de milhões em contratações, mas sim trabalhar de forma séria e persistente.