A conquista do título da Taça de Portugal sobre o atual campeão português Sporting, ficará marcada eternamente na história do Porto, afinal, ela simboliza tanto o fim quanto o início de uma nova era no Dragão.
Quando Andrés Villas-Boas foi eleito vencedor das eleições presidenciais do Porto, novos olhares foram lançados ao clube português, a julgar que o perdedor Jorge Nuno Pinto da Costa ocupava o cargo há exatos 42 anos, período em que 69 canecos foram erguidos somente no futebol, considerando todas as categorias.
Isto posto, a vitória com mais de 70% dos 26 mil votos por parte de Andrés Villas-Boas representa, dentre outras coisas, a primeira grande mudança administrativa que o Porto enfrentará ao longo de quatro décadas, algo que, é claro, gera uma série de incertezas nos torcedores portistas, sobretudo em decorrência do forte vínculo existente entre o treinador Sérgio Conceição e o agora ex-mandatário Jorge Nuno Pinto da Costa.
Por este motivo, antes mesmo da eleição a continuidade de Sérgio Conceição foi praticamente descartada caso André Villas-Boas se tornasse o novo presidente do Porto, o que acabou se confirmando 48 horas depois que o treinador de 49 anos de idade assinou um novo o vínculo contratual válido até 2028 junto aos Dragões.
Villas-Boas: "Uma palavra final ao Sérgio Conceição pelos sete anos maravilhosos de glórias e títulos. Um agradecimento muito especial a si. Muito obrigado em nome do FC Porto por tudo aquilo que fez pelo clube." pic.twitter.com/XdviZSOCab
— Daily Dragões (@dailydragoes) May 27, 2024
À vista disso, desde o resultado do pleito no final de abril, já era sabido que Sérgio Conceição vivia os últimos momentos de uma gloriosa passagem de sete temporadas no comando do Porto, na qual o time empilhou o montante de onze títulos, dentre eles, quatro Taças de Portugal e três Ligas de Portugal.
Ainda assim, o Porto não apenas corria o sério risco de encerrar essa temporada em branco, como também poderia se tornar o único dos grandes clubes portugueses a não dar a volta olímpica caso perdesse a final da Taça de Portugal, já que o Sporting sagrou-se campeão da Liga Portugal, o Braga ganhou a Taça da Liga, enquanto o Benfica faturou a Supertaça. Por essa razão, a pressão sobre os comandados de Sérgio Conceição era realmente enorme no estádio do Jamor.
Todavia, fazendo uma partida alá Sérgio Conceição, ou seja, na base da raça, emoção, suor e superação, o Porto conseguiu derrotar o Sporting por 2 a 1, de virada, com o gol da vitória sendo marcado somente aos 10 minutos da etapa inicial da prorrogação por intermédio de um pênalti convertido pelo atacante Mehdi Taremi, lembrando que os Dragões jogaram com um a mais em campo desde a primeira meia hora de partida devido a expulsão de Jerry St. Juste.
Consequentemente, Sérgio Conceição despediu-se do clube que o formou como atleta entregando o seu 11º título que veio como uma espécie de agradecimento pela relação de longa data entre ambos, e também como uma forma de salvar a temporada em que o Porto ficou apenas na terceira colocação da Liga Portugal, separado a 18 pontos do campeão Sporting, e a oito do vice-colocado Benfica. Não à toa, essa foi a pior campanha do time sob a liderança de Conceição.
De qualquer maneira, a campanha aquém das expectativas na Liga Portugal é um reflexo do início irregular de temporada por parte do Porto, em especial porque Sérgio Conceição demorou pra encontrar a equipe ideal, no caso, essa que bateu o Sporting na decisão da Taça de Portugal, com exceção ao jovem zagueiro Zé Pedro que atuou no lugar do lesionado Pepe.
Somando 274 vitórias, 53 empates, e 52 derrotas em 379 jogos à frente do Porto, Sérgio Conceição se converteu no treinador com mais partidas pelo clube português.
Vale ressaltar ainda, que os portugueses fizeram um duíssimo jogo contra o vice campeão inglês, Arsenal, nas oitavas-de-final da Champions League, sendo eliminados apenas nas penalidades depois de uma vitória por 1 a 0 no estádio do Dragão, e um revés pelo mesmo placar no Emirates Stadium.
Portanto, a realidade é que o sucessor de Sérgio Conceição encontrará uma base sólida e consistente formada por: Diogo Costa, João Mário, Otávio e Wendell, na defesa; Alan Varela e Nico González, no meio; Pepê, Francisco Conceição, Galeno e Evanilson, no ataque; além de algumas jovens promessas que já integram o plantel, e outras que serão promovidas ao conjunto principal.
Logo, se todas estas peças permanecerem na próxima temporada, o Porto deverá priorizar somente a contratação de um zagueiro destro para ocupar a vaga de Pepe, cuja carreira deve ter ser finalizada no próximo mês defendendo as cores de Portugal na disputa da Eurocopa, isso obviamente se ele conseguir entrar em campo, o que não foi possível na final diante do Sporting.
Contudo, antes de pensar em reforços, a nova cúpula diretiva do Porto precisará definir o nome do futuro treinador que terá a dificílima tarefa de substituir o recordista de títulos por um mesmo clube em Portugal, a propósito, uma decisão que, certamente, deve estar em um estágio avançado pois há tempos já se sabe que André Villas-Boas não queria Sérgio Conceição como técnico, e que Sérgio Conceição não queria André Villas-Boas como presidente.
Então, que comece a nova era no Dragão!
