A precoce queda na Euro 2024, não estava no roteiro de Luka Modric e da seleção croata

A linha tênue entre o céu e o inferno é muito curta no futebol, a julgar por Luka Modric, que viveu o êxtase de marcar o gol que garantiria a classificação da Croácia às oitavas-de-final da Euro 2024, mas 43 minutos depois experienciou o enorme drama de vê-la praticamente fora do torneio continental.

Na realidade, a Croácia desembarcou em Leipzig para encarar a Itália na rodada final da primeira fase da Euro 2024 com a dificílima missão de vencê-la para prosseguir na competição, porém ainda dependendo de um triunfo da Espanha sobre a Albânia. Por outro lado, os atuais campeões europeus jogavam por dois resultados, tendo o empate a seu favor.

No entanto, após um monótono primeiro tempo que, é claro, terminou empatado sem gols, a Croácia voltou do intervalo sendo obrigada a se arriscar em campo para confirmar a sua continuidade na Eurocopa. Deste modo, ao avançar as linhas e adotar uma postura mais ofensiva, os comandados de Zlatko Dalic não demoraram nem cinco minutos para balançar as redes por intermédio do estrelado Luka Modric, que 33 segundos antes havia desperdiçado um pênalti.

Todavia, a alegria dos croatas se converteu em um enorme sofrimento aos 53 minutos da etapa final, quando o elegante zagueiro do Bologna, Riccardo Calafiori, arrancou com a bola desde a defesa até o ataque rompendo as linhas adversárias para dar um passe primoroso ao ponta Mattia Zaccagni, autor de um dos gols mais marcantes da história da Eurocopa tanto por confirmar a classificação da Itália, quanto por definir o fim de uma era na seleção da Croácia.

Ainda que Luka Modric não tenha afirmado nada, é bastante improvável que o camisa 10 esteja em ação na próxima edição da Eurocopa daqui a quatro anos. Ademais, essa mesma condição se atribui a Marcelo Brozovic, Ivan Perisic, Andrej Kramaric e, talvez, Mateo Kovacic. Ou seja, figuras notáveis da geração que levou a Croácia aos vices da Copa do Mundo de 2018 e da Liga das Nações de 2023, além do terceiro lugar no Mundial de 2022.

Por esta razão, os croatas estavam inconsoláveis depois do amargo empate com a Itália, dentre eles, Luka Modric, que estreou pelo selecionado xadrez em 2006, e ao longo destas quase duas décadas se tornou um dos maiores jogadores do país – senão o maior – ao lado de nomes como Davor Suker e Zvonimir Boban. Não à toa, o craque do Real Madrid é o líder em jogos pela Croácia contabilizando 178 partidas. Para se ter uma ideia, apenas Sergio Ramos (180) e Cristiano Ronaldo (209) jogaram mais vezes pelas suas nações na atualidade.

Logo, é inegável que Luka Modric e companhia limitada ficarão marcados pra sempre na história da seleção croata, afinal, foram três medalhas conquistadas por um pequeno país composto por 3,8 milhões de habitantes em um curto espaço de seis anos, lembrando que os dois pontos somados devido aos empates diante de albaneses e italianos, eliminaram até as chances de uma vaga entre os quatro melhores terceiros colocados. Consequentemente, a Croácia voltou a cair na fase de grupos de uma Eurocopa pela primeira vez desde 2004.

A propósito, o empate em 2 a 2 contra a Albânia foi o grande responsável pela precoce desclassificação da Croácia, dada a inferioridade técnica por parte da seleção que ocupa somente a 66ª posição no ranking da FIFA. Em compensação, não vencer espanhóis e italianos até está dentro da normalidade, apesar da excessiva derrota por 3 a 0 na estreia frente a mesma Espanha que só superou os balcãs na última decisão da Liga das Nações, em Roterdã, por meio das penalidades.

Não obstante, é importante destacar que o principal ponto negativo da Croácia na Euro 2024 foi o seu baixíssimo aproveitamento nas finalizações, tendo em vista que os croatas despejaram o montante de 50 arremates e marcaram apenas três gols nos três jogos realizados em solo alemão, o que é fruto da equivocada escolha do treinador Zlatko Dalic ao escalar Andrej Kamaric como um falso 9 no ataque.

As últimas duas boas temporadas de Ante Budimir defendendo as cores do Osasuna o credenciavam para assegurar a titularidade da seleção croata na Eurocopa, o que ficou provado na partida anterior em que o poderio ofensivo da Croácia aumentou após a sua entrada no segundo tempo. Entretanto, Zlatko Dalic preferiu manter Andrej Kamaric no ataque ao longo do torneio, uma decisão que contribuiu para o pífio índice de 7% de conversão de gols.

Por outro lado, ficou claro que Luka Sucic é a grande jóia da Croácia que sucederá Luka Modric na seleção. Mesmo jogando como ponta, o jovem meia-direita de 21 anos de idade fez uma ótima partida ao registrar 45 ações com a bola, uma finalização, e acertar 34 dos 36 passes dados no decorrer dos 70 minutos em que esteve em campo frente a Itália.

Assim, apesar de Luka Modric ainda mostrar plenas condições de correr, competir, marcar e apoiar como um atleta do mais alto nível, é fato que a idade próxima dos 39 anos já o impossibilita de excutar estas tarefas durante noventa minutos. À vista disso, ele iniciou 23 dos 46 jogos que disputou pelo Real Madrid na última temporada entre os titulares, isto é, somente metade das partidas.

Portanto, com aspectos de ordem física passando a interferir, e um substituto já definido e pedindo passagem, são realmente consideráveis as chances de Luka Modric ter feito, em Leipzig, o seu último jogo pela Croácia. A ver!

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