Acumulando fiascos, o México adiciona mais um em sua extensa coleção

Uma vitória, um empate, uma derrota, um gol marcado e outro sofrido. Essa pífia campanha resultou na desclassificação do México na fase de grupos da Copa América. Aliás, um filme que já havia se repetido no Mundial do Catar, quando os mexicanos sofreram a primeira queda no estágio inicial do torneio desde 1978.

Inclusive, a decepcionante Copa do Mundo realizada pelo selecionado asteca motivou a FMF (Federação Mexicana de Futebol) a demitir o treinador Gerardo Martino, após um ciclo de quase quatro anos, para contratar Diego Cocca, a fim de iniciar um processo de reformulação absolutamente furado, tanto é, que o técnico argentino deixou o cargo depois de míseros sete compromissos, em virtude da derrota por 3 a 0 diante dos Estados Unidos nas semifinais da Liga das Nações da Concacaf no ano passado.

Contudo, ainda planejando dar sequência a reconstrução da La Tri, a FMF apostou na contratação do novato treinador Jaime Lozano, que apesar da pouquíssima experiência a nível de clubes com passagens por Querétaro e Necaxa, já havia conduzido a seleção mexicana ao bronze olímpico em 2021, e posteriormente faturou o título da Copa Ouro de 2023.

No entanto, a conquista da Copa Ouro sobre o Panamá amenizou apenas de forma momentânea a pressão sobre Jaime Lozano, a julgar que a péssima campanha do México na Liga das Nações da Concacaf, que terminou com o sétimo jogo consecutivo sem vitória contra os Estados Unidos (5D-2E), somada as derrotas para Uruguai (4 a 0) e Brasil (3 a 2) nos últimos amistosos pré-Copa América, deixaram o treinador de 45 anos de idade com a corda no pescoço.

Logo, uma boa trajetória na Copa América era fundamental para dar maior tranquilidade ao técnico Jaime Lozano em sua caminhada na preparação rumo ao Mundial de 2026, cujo um dos anfitriões será o próprio México, juntamente com Estados Unidos e Canadá. A propósito, o otimismo dos mexicanos era enorme pelo fato da La Tri estar situado em um grupo acessível ao lado de Venezuela, Equador e Jamaica, isto é, sem nenhum adversário de classe mundial.

Ademais, com a intenção de virar a página da desastrosa Copa do Mundo de 2022, o ex-treinador do Querétaro resolveu inovar ao não convocar alguns medalhões como Hirving Lozano, Raúl Jiménez e Henry Martín, além dos veteranos Guillermo Ochoa, Andrés Guardado e Héctor Herrera, o que, evidentemente, já fazia parte do projeto de restruturação da seleção asteca.

Com isso, ainda que a La Tri tenha derrotado a Jamaica por 1 a 0 no jogo de estreia da Copa América, a lesão sofrida pelo capitão Edson Álvarez, nos primeiros 30 minutos de partida, acabou sendo um duríssimo golpe para a seleção que perdeu da Venezuela pelo mesmo placar na rodada seguinte – com direito a um pênalti desperdiçado por Orbelín Pineda -, e encerrou a competição ostentando um amargo empate sem gols contra o Equador.

Seja como for, a precoce despedida dos mexicanos da Copa América é somente um complemento do combo de insucessos da seleção que deixou de ser a força preeminente da Concacaf há muito tempo, haja vista os cinco anos sem ganhar dos Estados Unidos, devido a problemas estruturais oriundos da falta de planejamento da FMF, e não simplesmente por conta de treinadores.

Para se ter uma ideia, a Liga MX, principal liga de futebol do México, deixou de ter acesso e descenso, um fator que diminui o nível de competitivade do campeonato. Soma-se a isso, o fato dos clubes não investirem na formação de atletas nas categorias de base, o que contribui para a escassez de jovens revelações no país. Não à toa, somente sete atletas do elenco mexicano na Copa América atuam na Europa, sendo três deles nas cinco principais ligas.

A explicação para isso é bastante simples, já que visando o retorno dos investimentos tanto em visibilidade quanto em premiações, os clubes mexicanos preferem apostar na contratação de atletas de outros países para fortalecer suas equipes e, consequentemente, mantê-las mais próximas dos títulos, tendo em vista que a cota da Liga MX para estrangeiros é de até sete jogadores em campo por partida para cada time, e nove no plantel integral de inscritos.

Deste modo, como já era de se esperar Jaime Lozano encontrou enormes dificuldades para renovar, ou reformular a seleção como costuma dizer a FMF. Para se ter uma ideia, a média de idade do México no jogo de estreia da Copa América ante os jamaicanos foi de 27,2 anos, ao passo que há 18 meses no Catar este mesmo índice era de 28,5 anos. Em outras palavras, uma diferença insignificante.

No papel, a FMF já elencou as soluções para o crescimento da La Tri: promover mudanças de ordem estrutural, que colocam a entidade trabalhando mais próxima dos clubes; escutar conselhos de notáveis ex-atletas do futebol mexicano; enfrentar adversários de maior expressão em amistosos; e estabelecer relacionamentos com equipes europeias com a finalidade de abrir oportunidades de mercado às jovens promessas do país.

Em tese, tudo isso é realmente muito funcional, mas na prática o que se vê é a FMF já buscando um substituto para Jaime Lozano, lembrando que Javier Aguirre, do Mallorca, e André Jardine, ex-treinador do São Paulo e atual bicampeão mexicano à frente do América, aparecem como os principais nomes da lista de possíveis sucessores.

Diante deste cenário, seja com Jaime Lozano, seja com outro treinador, a realidade é que nada mudará na seleção mexicana a dois anos da Copa do Mundo, o que significa que um novo fiasco está por vir em 2026.

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