Apesar da queda nas quartas, Alemanha sai fortalecida da Euro 2024

Sob lágrimas e aplausos, a Alemanha se despediu da Euro 2024 da forma mais cruel possível ao sofrer o gol de Mikel Merino, que determinou a vitória da Espanha por 2 a 1 em Stuttgart, a dois minutos do término da prorrogação.

Mas apesar da queda nas quartas-de-final, a Mannschaft saiu fortalecida da Eurocopa, acima de tudo por ter resgatado o prestígio junto aos torcedores que reviveram os memoráveis dias da Copa do Mundo de 2006, também sediada na Alemanha, ao lotarem tanto os estádios quanto os pontos das fans zones, vestirem novamente a camisa alemã, pintarem o rosto nas cores do país, e pendurarem bandeiras nas janelas das casas.

Depois das humilhantes participações na Copa do Mundo de 2018 e 2022, e da indolente eliminação diante da Inglaterra nas quartas-de-final da edição passada da Eurocopa, a seleção tetracampeã mundial reconquistou o orgulho nacional após quase uma década, ou mais especificamente desde o revés por 2 a 0 para a França nas semifinais da Euro 2016.

Logo, o histórico recente tomado de insucessos tornou a caminhada dos comandados de Julian Nagelsmann na Euro 2024 ainda mais complicada antes do início do torneio. Entretanto, a estima da Alemanha foi aumentando jogo a jogo, vide o crescimento da audiência televisiva que registrou 22 pontos na estreia contra a Escócia, subiu para 23,9 pontos no compromisso seguinte frente a Hungria, e bateu a marca de 25,5 pontos no encerramento da fase de grupos diante da Suíça, lembrando que na Copa do Catar – há um ano e meio – a média ficou abaixo dos 11 pontos por partida.

Deste modo, fica claro porque o adeus alemão acabou doendo mais do que se imaginava. Todavia, a intenção do treinador Julian Nagelsmann, bem como da DFB (Federação Alemã de Futebol) é curar os machucados causados pela desclassificação na Euro 2024 o mais rápido possível, por intermédio de uma boa preparação visando a Copa do Mundo de 2026. Em outras palavras, com um futebol e campanhas convincentes na Liga das Nações e nas Eliminatórias.

Como já era sabido, Toni Kroos pendurou as chuteiras assim que a Eurocopa acabou para a Alemanha, e preencher a lacuna deixada pelo ex-jogador do Real Madrid será o maior desafio de Julian Nagelsmann, já que o próprio treinador da seleção alemã afirmou que não existe um substituto ideal para ele. Inicialmente, Pascal Gross deve encarar este desafio.

Em contrapartida, Manuel Neuer e Thomas Muller podem ter feito os seus últimos jogos pela Mannschaft contra a Espanha. Inclusive, a tendência é que o atacante detentor de 131 jogos com a camisa da Alemanha confirme a aposentadoria internacional até o final da semana, ao contrário do goleiro de 38 anos de idade que ainda não decidiu o futuro.

Seja como for, as supostas saídas dos lendários atletas da seleção alemã e do Bayern de Munique não preocupam como a de Toni Kroos, afinal, o reserva imediato de Manuel Neuer, Marc-André ter Stegen, está preparado para sucedê-lo, à medida que Thomas Muller já não figura entre os titulares da Alemanha há tempos. Não à toa, ele esteve somente 56 minutos em ação durante a quarta Eurocopa da carreira.

Em todo o caso, este novo ciclo da Alemanha até o Mundial da América do Norte se mostra extremamente promissor, haja vista a excelente geração de jovens atletas alemães, composta por nomes como Jamal Musiala, Florian Wirtz e Maximilian Beier, além de outros que não disputaram a Euro 2024, como são os casos de Luca Netz, Aleksandar Pavlovic, Angelo Stiller, Rocco Reitz, Brajan Gruda e Karim Adeyemi.

Assim, ao lado dos mais experientes Marc-André ter Stegen, Joshua Kimmich, Antonio Rudiger, Max Mittelstadt, Robert Andrich, Pascal Gross, Leroy Sané, Kai Havertz e, talvez, Ilkay Gundogan, certamente a Alemanha brigará pelo título mundial, o que não acontece desde a conquista do tetracampeonato há dez anos.

Inclusive, o sistema de jogo utilizado por Julian Nagelsmann na Euro 2024, com Kai Havertz atuando como falso 9, até tranquilizou os alemães em meio a escassez de bons atacantes no país, algo que também ocorreu pelo fato de Niclas Fullkrug ter atendido as expectativas nos momentos em que esteve em campo. Ainda com Maximilian Beier como opção, o ataque deixou de ser uma preocupação.

Em compensação, o setor defensivo terá uma atenção especial por parte de Julian Nagelsmann, pois a Alemanha deu tanta ênfase na formação de habilidosos meias nos últimos anos que a defesa ficou em segundo plano. Como consequência, Nico Schlotterbeck (24) foi o único zagueiro com idade inferior a 25 anos no elenco alemão na Eurocopa. Felizmente, a dupla titular, Antonio Rudiger (31) e Jonathan Tah (28), ainda estará apta para a disputa da Copa de 2026.

Portanto, embora o tetra europeu tenha ficado distante da realidade, a grande conquista da Mannschaft na Euro 2024 deu-se não apenas por meio do futebol apresentado, como pela reafirmação de Julian Nagelsmann, pela eclosão de ótimas perspectivas e, principalmente, pela simbiose criada entre seleção e torcida através do coração.

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