Se o começo do Atlético de Madrid foi decepcionante na LaLiga em meio aos 6 de 15 possíveis pontos conquistados nos cinco primeiros jogos da temporada, o mesmo podemos dizer em relação a caminhada dos espanhóis na Champions League, a julgar pelas derrotas sofridas nas três rodadas iniciais do torneio.
Obviamente, é inegável que o sorteio da UEFA não foi nada favorável ao Atlético de Madrid, a exemplo dos duelos contra os atuais campeão e vice da Premier League logo nos dois primeiros jogos como visitantes na Champions League. Entretanto, essas dificuldades se mostravam ainda maiores levando em conta o pífio retrospecto dos Colchoneros atuando fora de seus domínios na temporada, vide os 3 empates e duas derrotas até o encontro com o Arsenal.
No entanto, um cenário que mudou, mas para pior, depois da acachapante goleada por 4 a 0 sofrida pelo Atlético de Madrid no Emirates Stadium, construída no curto espaço entre os minutos 12 e 25 da etapa final, com os comandados de Diego Simeone levando todos os quatro gols da partida que, até aquele momento, se mostrava equilibrada, inclusive com Julian Álvarez acertando um belo chute no travessão no início do segundo tempo.
Aliás, da mesma forma que ocorreu na visita à Anfield, quando o Atlético de Madrid foi derrotado por 3 a 2 nos acréscimos em razão da cabeçada de Virgil van Dijk após cobrança de escanteio, desta vez foi o gol do também zagueiro, Gabriel Magalhães, em outra jogada de bola parada — depois de uma falta bastante questionável cometida por Marcos Llorente em Gabriel Martinelli —, que acabou determinando o triunfo do Arsenal. Logo, uma das principais armas dos Rojiblancos se voltou novamente contra si.
Arsenal! 🔥🔥🔥🔥🔥 pic.twitter.com/r98mE08hFp
— Sofascore Brasil (@SofascoreBR) October 21, 2025
Vale ressaltar ainda, que a letal bola parada do Arsenal não foi o único obstáculo enfrentado pelo Atlético de Madrid em Londres, isso porque a solidez defensiva dos ingleses mais uma vez se fez valer na temporada em que os Gunners aumentaram para nove o número de jogos sem serem vazados, lembrando que eles sofreram três míseros tentos ao longo das 12 partidas disputadas no período. Em outras palavras, outro ponto forte que tanto notabilizou o Atleti na era do Cholismo, capaz até de conduzí-lo a duas decisões de Champions League.
Em contrapartida, a consistência defensiva do Atlético de Madrid vem ficando cada vez mais no passado, dada a mudança de filosofia adotada por Diego Simeone ao deixar de lado a ideia de ter uma equipe com características física e combativa em prol de outra mais propositiva e “refinada” tecnicamente. Não à toa, somente na atual temporada os Colchoneros já tiveram as redes balançadas o montante de 18 vezes em 12 jogos, sendo que 12 destes gols foram sofridos nas seis partidas realizadas fora de casa.
Em termos de comparação, o Atlético de Madrid terminou as 38 rodadas da edição 2015-16 da LaLiga contabilizando os mesmos 18 gols sofridos nesta temporada. Contudo, isso não significa que Diego Simeone apenas mudou a abordagem tática do time, mas principalmente que ele poderia fazê-la sem deixar de lado as suas maiores virtudes. Ou seja, da mesma forma que Mikel Arteta à frente do Arsenal, ao reproduzir algumas peculiaridades do Atleti de há dez anos, do início do Cholismo, numa versão muito mais qualificada.
Apontado como o principal candidato à conquista da Champions League — registrando 55,8% de chances de título, segundo o supercomputador da Opta Analyst —, o Arsenal montou um time pra lá de competitivo unindo técnica e força física, tendo dois verdadeiros “cavalos” nas laterais com Jurrien Timber e Riccardo Calafiori, um meio-campo com Martin Zubimendi e Declan Rice, que entregam tudo em termos defensivos e ofensivos, além de velozes pontas e um atacante extremamente atlético e rápido. Soma-se a isso tudo, a poderosa bola parada dos ingleses.
ARS 4-0 ATM (FT) – Peores derrotas del Atlético de Madrid con Simeone en el banquillo:
— MisterChip (Alexis) (@2010MisterChip) October 21, 2025
4-0 en Dortmund en 2018
4-0 en Múnich en 2020
4-0 en Lisboa ante el Benfica en 2024
4-0 en Pasadena ante el PSG en 2025
4-0 en Londres ante el Arsenal en 2025
Seja como for, a realidade é que o diferente sistema de jogo implementado por Diego Simeone desde a temporada passada impactou de forma mais negativa na parte defensiva do Atlético de Madrid, tanto é que os Colchoneros só não levaram gols nas vitórias frente Villarreal e Osasuna até aqui na temporada, assinalando dois clean sheets em 12 partidas. No momento, eles são donos da 6ª melhor defesa da LaLiga e da 6ª pior da Champions League, isto é, algo realmente inimagínavel em se tratando de Atlético de Madrid.
De qualquer maneira, a queda do Atlético de Madrid no Emirates Stadium não se resume única e exclusivamente a eficiência nas bolas paradas e a fortaleza defensiva do Arsenal, tendo em vista que hoje os Gunners despontam como um dos melhores times do mundo na atualidade, em especial considerando a profundidade do elenco de Mikel Arteta. Deste modo, ser derrotado pelos londrinos não é nenhum demérito, o que preocupa, de fato, é a forma pela qual o Atleti se perdeu em campo depois do gol inaugural de Gabriel Magalhães, além do seu pífio desempenho como visitante.

Todavia, embora já somando duas derrotas com sete gols sofridos em ambas, o Atlético de Madrid tem a seu favor o bom saldo criado na vitória sobre o Eintracht Frankfurt por 5 a 1 no estádio Metropolitano, e o calendário mais traquilo nas próximas rodadas da Champions League, já que com exceção ao jogo contra a Inter de Milão na capital espanhola, os Colchoneros enfrentarão Union St. Gilloise (c), PSV Eindhoven (f), Galatasaray (f) e Bodo/Glimt (c).
Portanto, um caminho que não assusta o Atlético de Madrid, acima de tudo após a sequência invicta estabelecida nas últimas oito rodadas da LaLiga, abrangendo os quatro empates e quatro vitórias, todas conquistadas no estádio Metropolitano, incluindo a goleada por 5 a 2 sobre o Real Madrid, que renderam a subida dos Rojiblancos ao 4º lugar na classificação. Isso explica porque a Opta Analyst lhes coloca com 75% de chances de garantir uma vaga nos playoffs de repescagem da Champions League, projetando 11 pontos na fase de liga.
Em todo o caso, ainda que tenhamos muita água pra passar por baixo da ponte no restante da temporada, o atual cenário retrata que, para ao menos brigar por títulos, o Atlético de Madrid precisará melhorar — e muito — as performances defensiva e como visitante. Então, que esse avanço comece já a partir do próximo compromisso no estádio de La Cartuja, diante do Betis.