A derrota por 3 a 1 frente o Heart of Midlothian, não apenas aumentou para oito pontos a distância do Celtic em relação à liderança da Scottish Premiership, como também resultou no fim da segunda passagem de Brendan Rodgers pelo clube de Glasgow.
No entanto, embora os estragos tenham sido realmente enormes pelos lados de Parkhead, a realidade é que, ao contrário da inusitada saída de Brendan Rodgers rumo ao Leicester em 2019, desta vez o adeus do treinador irlandês não causou surpresa em meio a relação conturbada junto ao mandatário do clube, Dermot Desmond, que se acentuou pra valer após a movimentação dos Hoops no mercado neste meio de ano.
Apesar da chegada de 11 novos reforços, o técnico Brendan Rodgers não ficou nada satisfeito com a montagem do plantel visando a temporada 2025-26, cujo objetivo inicial era garantir a vaga na fase regular da Champions League pelo quarto ano consecutivo, algo que acabou não se confirmando mediante a queda do Celtic frente o Kairat no estágio pré-eliminatório do torneio continental.
📊🌍 Desempeño de 🏴 CELTIC en la UEFA Champions League.
— SAG Fútbol (@sagfutbol) October 25, 2025
Celtic's performance in the UEFA Champions League. pic.twitter.com/cKBf6abtGB
Deste modo, as nuvens pesadas que já eram muitas em torno de Parkhead, ganhou proporções ainda maiores depois do início irregular do Celtic na Scottish Premiership. Para se ter uma ideia, os pupilos de Brendan Rodgers lideraram a competição em somente três das 9 rodadas disputadas até aqui. São 5 vitórias, 2 empates, 2 derrotas e 17 de 27 possíveis pontos conquistados, isto é, oito a menos em comparação ao mesmo período da temporada passada.
Ademais, é importante destacar que o Celtic não foi nem ao menos capaz de aproveitar a crise vivida pelo rival Rangers no primeiro Old Firm da temporada, a exemplo do amargo empate sem gols no Ibrox Stadium. Soma-se a isso, a caminhada aquém das expectativas também na Europa League, na qual os atuais tricampeões escoceses ocupam o 21º lugar com míseros 4 pontos nas três rodadas iniciais.
Diante deste cenário, fica evidente porque o Celtic desembarcou em Edimburgo completamente pressionado para encarar o líder e sensação da Scottish Premiership, Heart of Midlothian. Ainda assim, a expectativa era que os Hoops retornassem da capital com a diferença em relação ao primeiro colocado reduzida a apenas dois pontos. Contudo, a derrota por 3 a 1 estancou de vez as feridas que já estavam abertas, a ponto de Brendan Rodgers pedir demissão do cargo.
De qualquer maneira, uma melancólica despedida consolidada como a única alternativa possível para que a paz volte a reinar no Celtic, uma vez que o clima entre Brendan Rodgers e a diretoria estava verdadeiramente insustentável. Por sinal, o ideal mesmo seria essa saída ocorrer ao término da última temporada, quando os conflitos começaram a crescer e um acordo se mostrava bastante viável, já que o contrato do ex-técnico do Leicester era válido até 2026.
Hearts are currently top of the Scottish Premier League table, eight points clear of Celtic after beating them 3-1 😮🔝
— OneFootball (@OneFootball) October 26, 2025
No one other than Rangers or Celtic have won the Scottish top flight since 1985, when Aberdeen did it under Sir Alex Ferguson 🤯 pic.twitter.com/Bw2Q1loiIO
Como resultado, a temporada do Celtic foi comprometida dentro de campo através do pífio desempenho esportivo, e também fora das quatro linhas, tornando-o um clube tóxico, segundo as palavras do próprio presidente Dermot Desmond, que inclusive acusou Brendan Rodgers de falso, divisivo e egoísta. Dentre os principais motivos, aparece o fato do técnico de 52 anos de idade ter afirmado que não recebeu nenhuma proposta de renovação contratual antes do início da atual temporada.
Seja verdade ou não, é compreesível a total revolta por parte de Dermot Desmond, em especial porque ele comprou uma enorme briga com a torcida ao recontratar Brendan Rodgers depois que ele praticamente abandonou o Celtic para comandar o Leicester. Em todo o caso, os quatro títulos conquistados pelos Hoops desde então, sendo dois da Scottish Premiership, retratam que este repatriamento ainda gerou bons frutos.

Todavia, com Brendan Rodgers já fazendo parte do passado, os Hoops iniciaram as buscas pelo seu sucessor, tendo neste instante como principais cartas na mesa, os nomes de Kieran McKenna, Craig Bellamy, Robbie Keane, além de Ange Postecoglou, dono de memoráveis lembranças em Parkhead devido a história ali escrita entre 2021 e 2023, marcada pela conquista da tríplice coroa escocesa na temporada 2022-23, bem como pelo bicampeonato da Scottish Premiership.
Livre no mercado desde que deixou o Nottingham Forest há dez dias, Ange Postecoglou coleciona duas demissões somente este ano na Premier League, quer dizer, um recente histórico que pesa negativamente nessa hipotética ida ao Celtic. Além disso, o fato de Kieran McKenna estar empregado na atualidade, também não favorece a contratação do treinador do Ipswich Town, levando em conta que uma multa de 5 milhões de libras teria de ser paga para trazê-lo.
Por fim, um panorama similar em relação a Craig Bellamy, que atravessa uma fase crucial nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 comandando a seleção de País de Gales, às vésperas dos decisivos jogos contra Liechtenstein e Macedônia do Norte, além de Robbie Keane, campeão húngaro pelo Ferencváros, clube que dirige no momento. Em outras palavras, nítidos indícios de que o velho conhecido e, hoje interino, Martin O’Neill, técnico do Celtic de 2000 a 2005, permaneça na função ao menos até o final da temporada.
Sob todos estes aspectos, no final das contas a melhor das escolhas projetando a compravada capacidade, aliada a profunda experiência de Martin O’Neill, acima de tudo em se tratando de Celtic. Logo, a caça ao Heart of Midlothian já começou!