Os desafios de Nuno Espírito Santo já começaram no West Ham

Se Nuno Espírito Santo ainda tinha dúvidas em relação ao enorme desafio que ele aceitou ao assumir o comando técnico do West Ham, a queda por 2 a 0 diante do Brentford em pleno London Stadium, evidenciou que a caminhada para salvá-lo do rebaixamento será ainda mais complicada do que aquela trilhada à frente do Nottingham Forest há duas temporadas.

Na realidade, a partida que encerrou a 7ª rodada da Premier League na noite de ontem (20) no London Stadium, marcava a estreia do técnico Nuno Espírito Santo diante dos torcedores do West Ham, pois embora contratado há quase um mês, os dois primeiros jogos dos Hammers sob a liderança do treinador português foram disputados fora de casa no empate contra o Everton (1×1) e na derrota para o Arsenal (2×0).

Por essa razão, a esperança era a de que a estreia do sucessor de Graham Potter no London Stadium fosse um verdadeiro divisor de águas na temporada do West Ham. Aliás, expectativas elevadas em virtude do sucesso alcançado por Nuno Espírito Santo em seu mais recente trabalho no Nottingham Forest, que não apenas espacou da degola na edição retrasada da Premier League, como se classificou à Europa League na anterior através da melhor campanha do clube no campeonato após três longas décadas, devido ao 7º lugar conquistado.

Em contrapartida, toda a onda de positivismo que contagiou o West Ham durou míseros 43 minutos, mais especificamente até o gol de Igor Thiago. A partir de então, embora com o segundo tempo inteiro pela frente, o que se viu no London Stadium foi o mesmo clima melancólico do fim de ciclo de Graham Potter, tanto é que a maior parte da torcida já havia deixado o estádio quando Mathias Jensen ampliou a vantagem do Brentford nos acréscimos da etapa final.

Vale ressaltar que a insatisfação dos torcedores começou com o silêncio se transformando em ansiedade à medida que o relógio corria no London Stadium, algo que Nuno Espírito Santo realmente desconhecia, mas que não é novidade aos jogadores do West Ham, cada vez mais pressionados em campo. Inclusive, isso explica porque a bola passou a “queimar” nos pés até dos renomados Lucas Paquetá e Jarred Bowen, a ponto de erros de passes curtos serem frequentes em meio a agitação das arquibancadas.

Portanto, resolver o problema referente a parte mental será essencial para Nuno Espírito Santo recolocar o West Ham no caminho das vitórias. Ao mesmo tempo, o ex-treinador do Nottingham Forest precisará acelerar o processo de conhecimento do plantel, visto que na derrota frente o Brentford ficou provado que ele ainda está se familiarizando junto aos jogadores, a exemplo das escalações do lateral-direito Kyle Walker-Peters para jogar no lado esquerdo, e do lateral-esquerdo Oliver Scarles, obviamente canhoto, para atuar na direita.

Seja como for, a tentativa de Nuno Espírito Santo em utilizar laterais invertidos não funcionou, com ambos encontrando enormes dificuldades para cruzar com o pé mais fraco ao longo das raras ocasiões em que eles chegaram na linha de fundo. Por sinal, o próprio treinador de 51 anos de idade reconheceu o equívoco ao mudar a formação do West Ham para um sistema com três zagueiros depois do intervalo, promovendo as entradas dos alas Aaron Wan-Bissaka e El Hadji Malick Diouf.

Ademais, com a ausência do lesionado Niclas Fullkrug, Nuno Espírito Santo decidiu utilizar Lucas Paquetá como falso nove, o que deu maior dinamismo ao setor ofensivo composto por Jarrod Bowen, Mateus Fernandes e Crysencio Summerville. Entretanto, a falta de uma referência no ataque para concluir as jogadas pesou bastante, a julgar pela única finalização dada pelos Hammers no decorrer da partida.

Diante do exposto, chama bastante a atenção o fato de Nuno Espírito Santo não ter utilizado Callum Wilson desde que chegou ao West Ham, nem mesmo lidando com o desfalque de Niclas Fullkrug. A propósito, até o novato Callum Marshall ganhou alguns minutos ao entrar no segundo tempo dos jogos ante Arsenal e Brentford, contra nenhum do ex-atacante da seleção inglesa e do Newcastle até então.

De qualquer maneira, Nuno Espírito Santo já havia afirmado que tem como prioridade organizar a defesa do West Ham, uma tarefa que ele também vem falhando neste início no clube de Londres, a exemplo dos 15 chutes concedidos somente no primeiro tempo da partida contra o Brentford que, consequentemente, registrou o maior número de finalizações nos 45 minutos iniciais de um jogo da Premier League desde que foi promovido há quatro anos.

Ainda sob aspectos defensivos, é importante destacar a incapacidade do West Ham de ganhar a segunda bola após disputas aéreas ou bolas longas, bem como as sucessivas perdas de duelos individuais dos jogadores. Todavia, não é surpresa pra ninguém que o êxito de Nuno Espírito Santo no Nottingham Forest teve como base a solidez da defesa, o que significa que pior do que está não ficará aos Hammers, detentores de cinco derrotas consecutivas atuando em seus domínios pela elite do futebol inglês pela primeira vez desde 1931.

Em todo o caso, Nuno Espírito Santo tem a tabela da Premier League como aliada pelo até a pausa da última Data Fifa do ano, levando em consideração que neste período o West Ham visitará o Leeds no Elland Road, e receberá Newcastle e Burnley no London Stadium. Ou seja, dois adversários recém-promovidos, e todos brigando diretamente contra o rebaixamento — separados a apenas cinco pontos na classificação.

Contudo, fica claro que em pouco mais de duas semanas Nuno Espírito Santo saiu da frigideira que o fritava no Nottingham Forest e, literalmente, caiu no fogo que queima o West Ham. Logo, resta saber se nas próximas semanas ele já será capaz de, ao menos, começar a apagá-lo, evitando assim, com que um incêndio irreversível assole o London Stadium. A ver!

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