Há uma semana abordamos aqui no SoccerBlog a crítica fase vivida pela Juventus, que poderia ganhar proporções ainda maiores em virtude dos enfrentamentos seguintes frente Real Madrid e Lazio.
Contudo, apesar da enorme pressão que já assolava Igor Tudor, a mídia italiana ainda noticiava que a cúpula diretiva da Juventus havia estipulado o clássico de Turim, no início de novembro (08), como ponto limite para a avaliação do trabalho de Igor Tudor e, quem sabe, a efetivação de uma mudança no comando técnico da equipe, claramente aproveitando o fato de ser o último jogo antes da pausa referente a Data Fifa.
Em contrapartida, o revés pelo placar mínimo diante da Lazio, depois da queda também por 1 a 0 no Santiago Bernabeú, que inclusive estenderam para OITO a sequência de jogos sem vitórias por parte da Juventus, acabou determinando a demissão de Igor Tudor após sete meses ou míseros 24 jogos no cargo, compostos por 10 triunfos, 8 empates, 6 derrotas, 39 gols marcados e 29 sofridos, que resultam num baixo índice de 52,7% de aproveitamento.
É inegável que Igor Tudor desempenhou um papel fundamental à frente da Juventus na corrida rumo à Champions League na temporada passada. Na ocasião, ele desembarcou em Turim quando restavam nove rodadas para o término da Serie A, com os Bianconeri ocupando a 5ª colocação na tabela. Todavia, ao embalar uma série de 5 vitórias, 3 empates e somente uma derrota, conseguiu a almejada vaga no torneio continental.
No entanto, a realidade é que nem a classificação à Champions League justificava a continuidade de Igor Tudor no clube de Turim, a julgar pelo futebol nada convincente praticado pela Juventus sob a liderança do sucessor de Thiago Motta. Por sinal, a própria Juve não tinha a mínima convicção nessa decisão, tanto é que Antonio Conte aparecia como plano A após o desfecho da temporada anterior, mas como as negociações junto ao treinador do Napoli fracassaram, o então tampão permaneceu tendo o vínculo contratual renovado até 2027.

Consequentemente, a temporada da Juventus que até começou bem com três vitórias nas três partidas iniciais da Serie A, desandou totalmente no momento em que mais se esperava o progresso dos Bianconeri, isto é, depois do grande triunfo por 4 a 3 sobre a Inter de Milão. De lá pra cá, foram cinco empates consecutivos, aliados a outras três derrotas. Não à toa, os pupilos de Igor Tudor encerraram a 8ª rodada da Serie A na oitava colocação, enquanto na Champions League eles seguem de fora até mesmo da zona de qualificação aos playoffs de repescagem.
Logo, a passagem de Igor Tudor por Turim não deixará saudades. Entretanto, ainda que ele tenha realizado um trabalho bastante aquém das expectativas, sobretudo por não explorar o potencial máximo dos jogadores, é fato que a principal responsável pela crise vivida pela Juventus é a direção do clube italiano, que segue completamente sem norte desde a saída de Andrea Agnelli há três anos. A propósito, isso explica porque quatro treinadores diferentes já ocuparam a função sob a administração do mandatário Gianluca Ferrero.
Além disso, a saúde financeira da Juventus segue bastante comprometida depois dos mais de 200 milhões de euros investidos na última temporada, aliás, gastos elevadíssimos considerando que alguns contratados como, Douglas Luiz e Nico González, já deixaram o clube. Ao mesmo tempo, a não negociação de Dusan Vlahovic, cujo contrato termina na metade de 2026, e as chegadas de Jonathan David e Lois Openda, inflaram o número de atacantes e deixaram o plantel desequilibrado em outras posições, o que é fruto do péssimo planejamento da Juve.
8 jogos sem vitória para a Juventus pic.twitter.com/edfqGZNsNS
— Juventus Brasil (@Juventus_Brasil) October 26, 2025
Isto posto, com um time sem identidade, campanhas abaixo da crítica tanto na Serie A quanto na Champions League, um ambiente de extrema pressão, além de uma diretoria absolutamente perdida, é primordial que a Juventus contrate um treinador experiente para tentar superar todos estes obstáculos. E ao menos neste quesito os Bianconeri se mostram lúcidos, visto que Luciano Spalletti desponta como favorito a assumir o antigo posto de Igor Tudor.
Apesar de decepcionar na seleção italiana, Luciano Spalletti realizou um excelente trabalho no Napoli ao conduzí-lo à conquista do terceiro scudetto em 2023, espantando o velho paradigma de ser um grande treinador que não vencia títulos. Ademais, o estilo de jogo ofensivo, somada a alta capacidade do treinador de 66 anos de idade em reerguer equipes, o colocam como favorito para liderar o projeto de reconstrução da Juventus, ao passo que Roberto Mancini aparece como a segunda opção.
❗️BREAKING: Luciano Spalletti is open to a deal until the end of the season — automatic renewal if Juventus qualify for the Champions League, reports @DiMarzio.
— Forza Juventus (@ForzaJuveEN) October 28, 2025
He remains the closest to the Juventus bench, though financial terms haven’t yet been discussed. pic.twitter.com/8hbL2pWHi2
Seja como for, já era esperado uma mudança de filosofia da Juventus, afinal repetir o erro de apostar em técnicos promissores mais uma vez depois de tantos tombos seria realmente imperdoável. Como resultado, a vinda de Raffaele Palladino, livre desde que deixou a Fiorentina, está descartada pelos lados de Turim, pois trazê-lo seria novamente depositar as fichas num técnico novato, como ocorreu em relação a Andrea Pirlo e Thiago Motta.
Em todo o caso, a saída de Thiago Motta em março, e agora a de Igor Tudor em outubro, retratam de forma transparente que os Bianconeri deixaram de ser aquele clube organizado e de projetos esportivos sólidos e consistentes, que só trocava de treinador em último caso sempre no final de uma respectiva temporada. E isso sem contar que era comum vermos jogadores identificados vestindo a camisa da Juventus durante anos, a exemplo dos notórios ciclos de Alessando Del Piero, Gianluigi Buffon, Giorgio Chiellini, Leonardo Bonucci e Andrea Pirlo.
Pois é, as coisas mudaram em Turim, e pro azar dos torcedores da Juventus, para pior!