A mágica noite europeia em Anfield, provou que o Liverpool continua vivo e forte

Toda pressão e desconfiança que giravam em torno do Liverpool antes do início desta importante semana, deu lugar ao retorno das memoráveis lembranças da última temporada, mostrando que os Reds ainda continuam vivos e fortes.

Pois é, o verdadeiro deserto atravessado pelo Liverpool durante o mês de outubro, simbolizado por intermédio das seis derrotas sofridas nas sete partidas disputadas antes do jogo da rodada anterior da Premier League contra o Aston Villa, chegaram a colocar em dúvidas até mesmo a qualidade do técnico Arne Slot, algo que não partiu do clube, tampouco dos torcedores, mas sim da opinião pública inglesa.

Ao mesmo tempo, o Arsenal alcançou uma incrível sequência de seis vitórias nas seis partidas realizadas no mês anterior e, detalhe, sem sofrer um único gol no período. Por essa razão, novembro começou de forma decisiva aos Reds, que logo na primeira semana teriam pela frente os embates contra Aston Villa e Real Madrid, em Anfield, além do Manchester City, no Etihad Stadium, todos antecedendo a última Data Fifa do ano.

Diante deste cenário, a vitória por 2 a 0 sobre o Aston Villa no primeiro teste de fogo do Liverpool neste embaraçoso ciclo de três jogos, serviu para os atuais campeões ingleses readquirirem a auto-estima, sobretudo pelo fato da equipe não ter sido vazada durante a partida, o que não acontecia há exatos dez compromissos ou desde o triunfo pelo placar mínimo sobre o Burnley, e ocorreu somente pela terceira vez na temporada.

Deste modo, com o “tanque cheio” o Liverpool chegou renovado para encarar mais uma noite de Champions League em Anfield, sempre repletas de mística, história e tradição, mas que ainda teria como agravante o fato de do outro lado estar ninguém menos que o multi-campeão Real Madrid, que há exatamente um ano perdia a invencibilidade de oito jogos diante dos ingleses devido a derrota por 2 a 0 para os comandados de Arne Slot neste mesmo palco.

E passado um ano, novamente a história se repetiu em Anfield, porém desta vez com os Reds ganhando por 1 a 0, cujo destaque foi o goleiro Thibaut Courtois, autor de OITO defesas ao longo partida, isto é, apenas uma a menos em comparação a final da Champions League entre os dois clubes em 2022. Não à toa, até o gol de Alexis Mac Allister, aos 16 minutos do segundo tempo, o Liverpool, literalmente, revivia as amargas memórias da decisão em Paris.

Além disso, é relevante destacar a gigantesca atuação de Conor Bradley, curiosamente, o sucessor de Trent Alexander-Arnold, que vivenciou uma noite triste e melancólica em Anfield, marcada por sonoras vaias desde o aquecimento até os pouco mais de dez minutos em que ele esteve em ação no jogo. Aliás, o futebol escreve certo por linhas tortas, pois caso o lateral do Real Madrid tivesse ficado no Liverpool, seria bastante improvável que o jovem norte-irlândes, de 22 anos de idade, brilhasse ao colocar Vinicius Júnior no bolso.

Ademais, vale ressaltar que depois de apostar na escalação de praticamente toda a equipe campeã inglesa na vitória ante o Aston Villa, contra o Real Madrid, Arne Slot deslocou o criticado Florian Wirtz para jogar aberto pela esquerda no ataque, enquanto Mohamed Salah atuou posicionado pela direita e Dominik Szoboszlai centralizado atrás de Hugo Ekitiké, a referência do time no ataque. No final das contas, uma estratégia que se mostrou vantajosa com o meia alemão triângulando com o lateral Andy Robertson.

Obviamente, o fator casa faz total diferença em jogos de Champions League, especialmente em se tratando de Anfield, onde a atmosfera é única. Por sinal, o apoio foi da torcida se comprova através do recorde de público do Liverpool em competições europeias em virtude dos 59.916 torcedores que acompanharam a vitória diante do Real Madrid, o que justifica a tese de que jogos em meio de semana são aqueles em que os verdadeiros fãs comparecem ao estádio, levando em conta que aos sábados e domingos a cidade está tomada por turistas que também costumam acompanhar as partidas in loco, é claro, querendo escutar o famoso “You’ll Never Walk Alone” (Você nunca andará sozinho).

Seja como for, a realidade é que a grande apresentação do Liverpool merecia um placar maior, o que não aconteceu em função do fantástico jogo de Thibaut Courtois, além da não marcação de um pênalti claríssimo cometido por Aurélien Tchouaméni, ainda no final do primeiro tempo. De qualquer maneira, o gol de Alexis Mac Allister, que também balançou as redes do Real Madrid na última edição da Champions League, foi suficiente para garantir a segunda vitória seguida dos ingleses sobre os espanhóis.

Em todo o caso, mais do que os três pontos essa vitória do Liverpool sobre o poderoso Real Madrid, que ao contrário do último confronto veio viajou à Anfield completo, dá aos Reds a confiança necessária para que o trabalho de Arne Slot continue sendo trilhado, desenvolvido e corrigido, independente dos percalços naturais que surgirão no caminho de um time que atravessa tantas mudanças de uma temporada pra outra.

Portanto, a melhor atuação do Liverpool dentre as 17 de uma temporada ainda frágil, levantou importantes questões como as de que o Liverpool campeão inglês não morreu, que a consistência pode ser alcançada através de disciplina, aplicação e foco, e que o protagonismo ainda é capaz de voltar a reinar pelos lados de Anfield. Inclusive, a visita ao Etihad Stadium na próxima rodada da Premier League, que vale a vice-colocação do campeonato, também servirá como régua para medir tudo isso.

Ainda assim, a sensação é a de que a reviravolta do Liverpool na temporada já começou com o resgate tanto da auto-estima quanto da confiança, após mais uma noite mágica de Champions League em Anfield. Aguardemos!

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