Embora composto por míseros 17 jogos ou apenas 123 dias, o ciclo de Russell Martin em Ibrox foi tomado pelo caos de resultados negativos, conflitos e um futebol nada convincente. Não à toa, o Rangers encerrou a 8ª rodada da Scottish Premiership ocupando a OITAVA POSIÇÃO da tabela contabilizando 8 pontos.
Vale ressaltar que Russell Martin desembarcou em Glasgow neste meio de ano com a difícil missão de assumir o posto do interino Barry Ferguson, depois da tumultuada temporada que o Rangers encerrou a Scottish Premiership na vice-posição do campeonato separado a nada menos que 17 pontos do campeão Celtic, tendo como principal feito ter chegado nas quartas-de-final da Europa League, quando os escoceses caíram frente o Athletic Bilbao.
Ainda assim, o sucesso de Russell Martin ao conduzir o Southampton novamente à Premier League na temporada retrasada, aliada aos 14 reforços contratados pelo Rangers na última janela de transferências, que incluem as chegadas de Mikey Moore por empréstimo junto ao Tottenham, além da vinda permanente de Youssef Chermiti, ex-Everton, renovaram por completo as expectativas pelos lados de Ibrox.
Em contrapartida, a inédita sequência de cinco partidas sem vitórias na Scottish Premiership até a conquista dos primeiros três pontos sobre o Livingston por 2 a 1, na sexta rodada da competição em 28 de setembro, já foi suficiente para acabar com as esperanças dos torcedores dos Rangers, sobretudo porque, paralelamente, os Gers sofreram a humilhante queda por 9 a 1 diante do Club Brugge, na soma dos placares, pela fase pré-eliminatória da Champions League, e ainda perderam de Genk e Sturm Graz nas rodadas iniciais da Europa League.

E o pífio desempenho do Rangers foi compatível ao futebol praticado pelo time vulnerável defensivamente e nulo na parte ofensiva, isto é, um retrato de que Russell Martin não foi capaz de implementar o esquema de jogo agressivo, dominante e obcecado pela posse de bola que tanto o CEO Patrick Stewart, quanto o diretor esportivo Kevin Thelwell, esperavam ao contratá-lo nesta temporada.
Consequentemente, a demissão de Russell Martin deu-se de forma melancólica, com ele zelando pela própria integridade física ao não entrar no ônibus da delegação em virtude do protesto do grupo de ultras Union Bear após o empate em 1 a 1 com o recém-promovido Falkirk. Logo, a realidade é que a permanência do ex-treinador do Southampton à frente do Rangers até o início de outubro durou uma verdadeira eternidade, por mais que estejamos nos referindo ao trabalho mais curto de um técnico no clube de Ibrox ao longo de 153 anos de história.
A propósito, um trabalho arruinado também por conta do péssimo relacionamento de Russell Martin junto ao plantel do Rangers, especialmente com Nicolas Raskin. Em outras palavras, o principal jogador do clube, colocado para treinar em separado pelo técnico escocês depois da desclassificação contra o Club Brugge por críticas ao sistema de jogo da equipe. Como resultado, o camisa 10 acabou disputando o primeiro Old Firm da temporada que terminou empatado sem gols.
Deste modo, fica claro porque Russell Martin se despediu do Rangers sendo apontado como o pior treinador do clube em todos os tempos, carregando consigo o irrelevante índice de 41,1% de aproveitamento no cargo, em função das 5 vitórias, 6 empates, 6 derrotas, 21 gols marcados e 24 sofridos em 17 partidas, lembrando que um destes triunfos foi sobre o modesto Alloa Athletic, da segunda divisão (4 a 2), no Ibrox Stadium.
BREAKING: Russell Martin has been sacked by Rangers after 123 days in charge 🚨 pic.twitter.com/fBxIxy6uxE
— Sky Sports Football (@SkyFootball) October 5, 2025
Diante do exposto, a sensação é a de que a temporada do Rangers acabou em pleno mês de outubro, pelo menos no que diz respeito a Scottish Premiership, cuja diferença dos Gers em comparação ao líder Hearts já é de onze pontos, enquanto o rival e atual tetracampeão escocês, Celtic, se mantém a nove casas de vantagem no tabuleiro da competição. Aliás, este cenário pra lá de ruim muito provavelmente explica porque Steven Gerrard se recusou a voltar ao clube após ser procurado nos últimos dias.
Sem clube desde que pediu demissão do Al-Ettifaq no começo do ano, Steven Gerrard construiu uma fortíssima identificação junto aos torcedores dos Rangers devido a conquista do título escocês em 2021, ao quebrar a série de dez títulos consecutivos por parte do Celtic. Por sinal, de lá pra cá os católicos voltaram a erguer todos os quatro demais canecos do campeonato, o que demonstra que os protestantes regrediram depois da saída do jovem treinador de 45 anos de idade ao Aston Villa.
Should Rangers try to re-appoint Steven Gerrard as Russell Martin's successor? 🤔 pic.twitter.com/lyLWdkgZgz
— Transfermarkt.co.uk (@TMuk_news) October 7, 2025
Portanto, é compreensível que o nome de Steven Gerrard cause enorme barulho toda vez que é especulado em Ibrox. Todavia, esse tão aguardado retorno não acontecerá nessa temporada, tendo em vista que a negociação envolvendo o treinador inglês e o Rangers não evoluíu. Por essa razão, o clube já trabalha no plano B, como é o caso de Kevin Muscat, treinador do Shangai Port desde dezembro de 2023.
Adepto a um modelo de jogo ofensivo, intenso e de alta pressão, constituído no 4-3-3, Kevin Muscat é a alternativa preferida do Rangers pelo êxito alcançado em três países diferentes, mais especificamente por Austrália, Japão e China, onde o discípulo de Ange Postecoglou faturou as ligas nacionais comandando Melbourne Victory, Yokohama F. Marinos e Shangai Port. Entretanto, pesa contra ele a decepcionante passagem de 14 jogos e somente duas vitórias pelo Sint-Truiden (5E-7D), da Bélgica, em seu único trabalho no futebol europeu.
Por fim, de acordo com alguns portais escoceses, Stephen Robinson, Kieran McKenna, Michael Carrick, Derek McInnes e Danny Rhol também aparecem como possíveis opções para suceder Russell Martin neste desafio cada vez maior de recolocar o Rangers no caminho das vitórias, ainda mais na temporada em que até o vice da Scottish Premiership já é tido como algo inalcançável.