A nona colocação na edição anterior da Serie A foi bem quista pelo Bologna, afinal, ela acabou sendo a melhor posição dos Rossoblù no campeonato desde a temporada 2011-12, época em que o técnico Stefano Pioli – atualmente no Milan -, ainda os comandava fora das quatro linhas.
Consequentemente, as perspectivas em torno do desempenho do Bologna aumentaram nesta temporada, tanto é, que o planejamento do clube da Emilia-Romagna antes do início da Serie A visava a conquista de vagas em torneios continentais, em outras palavras, terminar entre os seis melhores da competição, uma meta igual a estabelecida pela Atalanta.
Por este motivo, o Bologna utilizou todo o orçamento de 50 milhões de euros disponível para reforçar o elenco na última janela de transferêcnias, também com a finalidade de atender a solicitação do técnico Thiago Motta de ter ao menos dois jogadores de bom nível por posição, o que tornou imprescindível o primoroso trabalho desenvolvido pelo diretor esportivo Giovanni Sartori.
Conhecido por fazer milagres ao contratar atletas por valores baixos, muitas vezes em mercados alternativos, e negociá-los por altas cifras depois de um processo de valorização, o ex-dirigente de Chievo Verona e Atalanta repetiu a dose no Bologna ao articular as vindas de Dan Ndoye (Basel), Sam Beukema (AZ Alkmaar), Jesper Karlsson (AZ Alkmaar), Riccardo Calafiori (Basel), Giovanni Fabbian (Inter de Milão), bem como a dos emprestados Victor Kristiansen (Leicester), Remo Freuler (Nottingham Forest) e Alexis Saelemaekers (Milan), que se juntaram a Lewis Ferguson (Aberdeen), Stefan Posch (Hoffenheim), Nikola Moro (Dínamo de Moscou), Michel Aebischer (Young Boys), Jhon Lucumí (Genk) e Joshua Zirkzee (Bayern de Munique), todos trazidos na temporada passada.

Giovanni Sartori foi o responsável pela montagem da equipe da Atalanta, quadrifinalista da Champions League em 2020, que faturou mais de 300 milhões de euros com vendas de atletas.
Com isso, tendo diversas peças à disposição, bastou ao treinador Thiago Motta fazer essa engrenagem funcionar, algo que ele vem fazendo muito bem. Não à toa, com o triunfo por 2 a 0 sobre a Roma no último final de semana, os Rossoblù assumiram a QUARTA colocação na tabela da Serie A com 28 pontos, colecionando 7 vitórias, 7 empates e duas derrotas no campeonato.
Para se ter uma ideia, essa é a melhor campanha do Bologna até a 16ª rodada da Serie A desde que as vitórias passaram a valer três pontos, lembrando que os comandados de Thiago Motta são donos da terceira melhor defesa da competição com apenas 12 gols sofridos, e do décimo melhor ataque com 20 tentos marcados.
Ademais, é importante ressaltar que uma das principais armas do Bologna na temporada é o estádio Renato Dall’Ara, haja vista a segunda melhor campanha da equipe como mandante na Serie A, já que somente Milan e o Napoli foram capazes de tirar pontos dos bolonheses em seus domínios, onde eles acumulam 6 vitórias, além do empate sem gols frente os azzurri, e uma derrota por 2 a 0 ante os rossoneri, pela rodada inicial do torneio.
💭 Il sogno rossoblu continua. ❤️💙 @Bolognafc1909 pic.twitter.com/FgOct2yfYk
— Lega Serie A (@SerieA) December 18, 2023
E como não poderia deixar de ser, todo o sucesso do Bologna está atrelado ao técnico Thiago Motta. Contratado em 2022 para suceder Sinisa Mihajlovic, o treinador ítalo-brasileiro aceitou o desafio de comandar o time que estava separado a apenas quatro pontos da zona do rebaixamento da Serie A depois de uma curta trajetória de míseros 10 jogos pelo Genoa, e outra mais longa de 40 partidas à frente do modesto Spezia.
Apesar de jovem, o treinador de 41 anos de idade carrega consigo a bagagem de já ter trabalhado com grandes técnicos no decorrer de sua carreira como atleta profissional, como foram os casos de José Mourinho, Carlo Ancelotti, Louis van Gaal, Rafa Benítez, Laurent Blanc, e até mesmo de Unai Emery e Gian Piero Gasperini.
Ainda assim, a incerteza em relação ao trabalho de Thiago Motta era enorme no momento do seu desembarque na capital da Emilia-Romagna, em especial devido a uma declaração dada por ele no início da carreira como treinador, afirmando que utilizaria a formação 2-7-2, com o goleiro atuando quase como um zagueiro, o que lhe rendeu até o rótulo de revolucionário tático. Entretanto, na prática o que se vê é o Bologna jogando no 4-2-3-1, priorizando a posse de bola, e com um sólido sistema defensivo.

Desde a primeira vitória de Thiago Motta à frente do Bologna, somente Napoli e Juventus somaram mais pontos em comparação aos Rossoblù na Serie A.
Pois é, e depois de encerrar a última temporada a 23 pontos de distância da zona da degola, o Bologna continua colhendo os frutos do excelente trabalho realizado por Thiago Motta e, como resultado, vem superando as expectativas ao medir forças com os principais clubes italianos, a julgar pelas vitórias contra Lazio (1 a 0) e Roma (2 a 0), além dos empates diante de Juventus (1 a 1), Napoli (0 a 0) e Inter de Milão (2 a 2).
Deste modo, o Bologna não apenas passou a sonhar com conquista de uma das vagas em competições internacionais da Serie A, como já vislumbra retornar à Champions League após seis longas décadas de ausência. Por outro lado, a posição de destaque dos Rossoblù mantém Thiago Motta nos holofotes do futebol europeu, vide o recente interesse por parte Napoli, assim como os crescentes rumores envolvendo a sua possível ida ao PSG.
Logo, nem mesmo a renovação do atual vínculo contratual de Thiago Motta junto ao Bologna, cuja validade é até o meio do ano que vem, pode ser capaz de segurá-lo no clube depois da temporada. Todavia, o que realmente importa aos bolonheses no momento é curtir este raro final de ano contemplando a Champions League.