O ano chegou ao fim para o Paris Saint-Germain, que despediu-se de 2023, em festa, vencendo o Metz por 3 a 1 na capital francesa, e estendendo para oito a sequência de jogos seguidos sem derrotas na temporada(5V-3E).
Mas mais do que isso, a última memória do PSG no ano teve algo que há tempos não se via no Parque dos Príncipes: o sorriso do aniversariante do dia, Kylian Mbappé, autor de dois dos três gols marcados pelos parisienses sobre o Metz.
Contudo, a alegria de Kylian Mbappé não foi motivada somente pelos gols, pela comemoração do aniversário de 25 anos de idade, ou por ele ter superado Edinson Cavani como o maior artilheiro do Parque dos Príncipes com 110 tentos, mas também por Luis Enrique ter promovido a estreia de seu irmão mais novo, Ethan, aos 47 minutos da segunda etapa, como se novamente o Paris Saint-Germain quisesse agradá-lo, considerando que o seu atual vínculo contratual se encerra no final da temporada, o que significa que a partir de janeiro o camisa 7 poderá assinar um pré-contrato com qualquer outro clube.
De qualquer maneira, a preocupação do PSG em perder Kylian Mbappé faz total sentido, a julgar que o atacante francês segue batendo recordes ano após ano, em um claro sinal de sua constante evolução. Para se ter uma ideia, ele é o artilheiro isolado da Ligue 1 com 18 gols em 16 partidas, ostentando uma média superior a um tento por jogo e, consequentemente, atingindo a sua melhor marca no primeiro semestre de uma temporada no campeonato que era de 13 tentos nas edições de 2018-2019, 2019-2020 e 2022-2023.

Curiosamente, Kylian Mbappé encerrou 2023 com 52 gols marcados em 53 jogos disputados, uma marca apenas inferior a 2022, quando ele balançou as redes 56 vezes em 56 aparições.
Seja como for, a realidade é que o PSG cumpriu todos os objetivos estipulados nesta primeira metade da temporada ao assegurar a classificação às oitavas-de-final da Champions League como vice-colocado do grupo da morte do torneio, bem como ao terminar o ano na liderança da Ligue 1 pela décima vez desde que o Qatar Sports Investments (QSI) passou a administrá-lo em 2011.
Ainda assim, diversos questionamentos são feitos em relação ao trabalho de Luis Enrique, especialmente por conta das frequentes improvisações do treinador espanhol, lembrando que dentre os titulares de linha, somente Achraf Hakimi e Ousmane Dembélé não jogaram fora de suas respectivas posições, à medida que muitos no plantel parisiense já atuaram em até três ou quatro postos diferentes.
Além disso, Luis Enrique também é alvo de críticas em razão das seguidas mudanças de escalação, afinal, por mais que a alta rotatividade do grupo de atletas seja funcional em equipes consolidadas, ela se torna ineficaz naquelas que atravessam um processo de reconstrução, como é o caso do PSG, um time remodelado através da chegada de um novo treinador e de onze reforços, cuja filosofia de jogo ainda segue indefinida.
Ademais, a falta de entrosamento afeta o jogo coletivo de uma equipe que busca encontrar padrões e parâmetros de referência comuns, e individualmente pode desmotivar ou gerar a perda de confiança por parte dos jogadores se eles não conseguirem render o esperado em campo.
Um dos nossos objetivos como time é ser imprevisível para o adversário, mas previsível para nós, sem gerar dúvidas ou incomodar os atletas. É isso que tentamos fazer em todos os jogos. Gosto de mudar, de tirar os jogadores da zona de conforto, de experimentar posições diferentes.
Luis Enrique, técnico do PSG
Em todo o caso, a diretoria avalia de forma positiva o desempenho do PSG até aqui na temporada, sobretudo porque o sucesso do clube depende única e exclusivamente de sua campanha na Champions League. Não à toa, neste mesmo período do ano passado os parisienses estavam em êxtase com o time na época comandado por Christophe Galtier situado na ponta da tabela da Ligue 1, adentrando 2023 invicto ao somar 14 vitórias e dois empates na competição.
⚖️ Bilan de cette année 2023 version
— Media Parisien (@MediaParisien) December 20, 2023
PSG ! 🔴🔵
✅ 32 Victoires.
➖ 9 Nuls.
❌ 15 Défaites
🤔 Votre meilleur et votre pire ? pic.twitter.com/Xectg00CfN
No entanto, o cenário mudou completamente depois da queda do Paris Saint-Germain frente o Bayern de Munique nas oitavas-de-final da Champions League, vide o montante de 17 pontos a menos conquistados pelos bicampeões franceses no segundo turno da Ligue 1, em comparação ao primeiro, na última temporada – 51 pontos no primeiro turno, contra 34 pontos no segundo.
Deste modo, o “termômetro que mede a temperatura do trabalho de Luis Enrique” começará a ser usado a partir de agora, ou seja, da segunda metade da temporada, onde os confrontos de mata-mata da Champions League são decididos. A propósito, o adversário do PSG nas oitavas-de-final será a surpreendente Real Sociedad, que desbancou a vice-campeã europeia Inter de Milão na liderança do grupo D.
Por outro lado, o Paris Saint-Germain garantiu a sua vaga nas oitavas-de-final da Champions League somente na última rodada da fase de grupos, depois de arrancar um suado 1 a 1 contra o Borussia Dortmund fora de seis domínios, e ser beneficiado com a virada por 2 a 1 do Milan sobre o Newcastle em pleno St James’ Park, encerrando a fase inicial do torneio continental com 2 vitórias, 2 empates e duas derrotas.
Logo, comemorar as festas de fim de ano como líder da Ligue 1, qualificado ao mata-mata da Champions League, tendo o alegre Kylian Mbappé batendo recordes, e com o técnico Luis Enrique navegando em águas calmas, não são garantias de um final de temporada tranquilo no Parque dos Príncipes.