Motivada pelo sucesso de Luis De La Fuente à frente da Espanha, e no momento sem a possibilidade de contratar o sonho de consumo Pep Guardiola, a FA (Federação Inglesa de Futebol) decidiu nomear o treinador do selecionado sub-21, Lee Carsley, para substituir Gareth Southgate no comando dos Three Lions.
Em outras palavras, uma decisão arriscada a pouco menos de dois anos do início da Copa do Mundo de 2026, dada a pouquíssima experiência do treinador que coleciona míseros 15 jogos dirigindo clubes profissionais ao longo da carreira, por mais que essa filosofia tenha funcionado na seleção espanhola, que faturou o tri da Eurocopa após promover Luis De La Fuente das categorias de base.
E como não seria diferente com qualquer novo treinador que só ganha experiência através da rodagem, Lee Carsley vem “aprendendo” as dificuldades da vida de um técnico de elite justamente no comando da seleção inglesa, pela qual já acumula três vitórias e uma derrota. Não à toa, este único revés sofrido pelo sucessor de Gareth Southgate, que ocorreu nessa última Data Fifa quando o English Team caiu diante da Grécia por 3 a 1 em pleno estádio de Wembley, deu-se exatamente em função do excesso de confiança por parte de Carsley.
Depois de vencer as duas primeiras partidas sob o comando da Inglaterra, ante Irlanda e Finlândia — ambas por 2 a 0 —, Lee Carsley decidiu ousar no jogo contra a Grécia ao escalar a seleção inglesa com Phil Foden e Jude Bellingham formando uma dupla de ataque em meio a ausência de Harry Kane, com um meio-campo pra lá de fluido composto por Bukayo Saka e Anthony Gordon abertos pelos lados, além de Declan Rice e Cole Palmer centralizados. Pois é, e o revés por 3 a 1 só não foi pior porque os gregos tiveram TRÊS gols anulados.
Consequentemente, Lee Carsley, que foi alvo de duríssimas críticas no dia seguinte a derrota para a Grécia, optou por uma formação mais conservadora, no 4-2-3-1, em Helsinque, com Harry Kane novamente entre os titulares e o meio-campo fortalecido com cinco jogadores, dentre eles, o jovem Angel Gomes, um dos principais destaques da seleção inglesa ao lado de Jack Grealish e Trent Alexander-Arnold.
Aproveitando o ritmo adquirido na ótima temporada que vem realizando pelo Lille, Angel Gomes deu maior dinamismo ao meio-campo juntamente com Declan Rice, ajudando tanto na marcação quanto na construção de jogo. Não por um acaso, a assistência para o primeiro gol da Inglaterra sobre a Finlândia, marcado por Jack Grealish, saiu dos pés no novato jogador de 24 anos de idade.
Por sinal, Jack Grealish foi outra das peças que aproveitou a oportunidade recebida por Lee Carsley, a julgar pelas 72 ações com a bola, pelos 56 passes certos dentre os 58 dados ao longo do jogo (97% de acerto), sendo três deles decisivos, além do tento assinalado na capital finlandesa, nada menos que o quarto do meia do Manchester City com a camisa da seleção da Inglaterra, e o segundo sob a liderança do treinador irlandês. Pior para Phil Foden, que acabou perdendo espaço na equipe titular.
Contudo, o melhor jogador na vitória diante da Finlândia responde pelo nome de Trent Alexander-Arnold, autor do segundo gol da Inglaterra através de uma primorosa cobrança de falta, e que de forma surpreendente atuou como lateral invertido pela primeira vez na carreira, o que é também reflexo da escassez de bons laterais-esquerdos ingleses, sobretudo nos momentos que Luke Shaw e Ben Chilwell não estão à disposição.
À vista disso, Lee Carsley foi capaz de manter tanto Kyle Walker quanto Trent Alexander-Arnold no time titular, lembrando que o polivalente jogador do Liverpool já chegou a atuar no meio-campo durante o trabalho anterior de Gareth Southgate. Assim, as melhores jogadas da Inglaterra surgiram do lado esquerdo em virtude da sólida parceria entre Alexander-Arnold e Jack Grealish.
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— England (@England) October 14, 2024
Ao mesmo tempo, defensivamente a Inglaterra ficou vulnerável pela esquerda com as constantes subidas de Trent Alexander-Arnold, somada as dificuldades do lateral-direito em atuar do lado oposto do campo. Por esta razão, a Finlândia criou algumas jogadas de perigo, principalmente quando cruzava passes nas costas de Alexander-Arnold na diagonal. Logo, a defesa é algo que Lee Carsley, um técnico mais voltado para um estilo de jogo ofensivo, precisará resolver na seleção que vem cedendo muitas oportunidades até mesmo a adversários de menor nível técnico.
Além disso, ao jogar com três camisas 10 atrás de Harry Kane, como são os casos de Jude Bellingham, Jack Grealish e Cole Palmer, a Inglaterra até ganhou maior poder no controle de jogo, mas em contrapartida, perdeu a profundidade que os pontas Bukayo Saka e Anthony Gordon lhe davam. Desta maneira, a monotonia tomou conta da partida até as entradas de Noni Madueke e Ollie Watkins, aos 29 minutos da etapa final.
Seja como for, enquanto Lee Carsley segue buscando o equilíbrio e a consistência da seleção inglesa — vice-colocada no grupo 2 da Liga das Nações da UEFA —, a FA continua aguardando Pep Guardiola, que ainda não decidiu qual rumo tomará após o encerramento do seu contrato em julho do ano que vem, o que significa que estão abertas as possibilidades dele permanecer no Manchester City, ou então assumir a Inglaterra.
E enquanto a decisão de Pep Guardiola não é tomada, a seleção inglesa mantém o piloto-automático acionado com o co-piloto, Lee Carsley, no comando.
2 Comentários
Grande missão pro treinador pegar uma seleção de craques como essa e botar no eixo. Se analisar bem a Inglaterra tem os melhores jogadores da Europa, o técnico só precisa encontrar uma maneira correta de por o time pra jogar e deixar que o resto os jogadores sabem fazer.
Com certeza, e a prova disso é que mesmo jogando mal na Euro 2024 a Inglaterra ainda conseguiu chegar na final. Agora com Thomas Tuchel, a tendência é que a equipe melhore e brigue pelo bi mundial em 2026. Obrigado pelo comentário!