A missão do Paris Saint-Germain ao desembarcar na capital inglesa era apenas uma: sobreviver nas semifinais da Champions League projetando o jogo de volta, algo que, por exemplo, o multi-campeão Real Madrid não foi capaz de fazer ao cair por 3 a 0 no Emirates Stadium.
A propósito, o contundente 5 a 1 do Arsenal diante do Real Madrid, no placar agregado das quartas-de-final, rendeu aos ingleses o rótulo de favoritos ao título da Champions League. Deste modo, fica fácil dimensionar a complexidade da tarefa do PSG, sobretudo considerando a infernal atmosfera do Emirates Stadium na partida mais importante da sua história, a pedido do técnico Mikel Arteta.
Ao mesmo tempo, a perda da invencibilidade na Ligue 1 após 31 rodadas em razão da derrota por 3 a 1 para o Nice em pleno Parque dos Príncipes na rodada passada do campeonato, sinalizava que um eventual declínio por parte dos parisienses justamente no momento mais crucial da temporada, inclusive trazendo à mente alguns tropeços em que eles desperdiçaram inúmeras oportunidades de gols.
No entanto, a duvidosa falta de confiança, aliada ao ambiente hostil criado pela torcida do Arsenal, caiu por terra em três míseros minutos, tempo este que o PSG demorou para abrir o marcador através do belo arremate de Ousmane Dembélé, em meio a assistência de Khvicha Kvaratskhelia. A partir de então, o silêncio só não predominou no norte de Londres por conta das vozes dos 2.500 parisienses que o transformaram o Emirates Stadium no Parque dos Príncipes.
Ousmane Dembélé with the first-time finish ????????@Heineken | #UCLGOTD pic.twitter.com/lnNCbRwB12
— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 29, 2025
Obviamente, o precoce gol marcado pelo Paris Saint-Germain não apenas desanimou a torcida inglesa como também abaixou o ímpeto dos jogadores do Arsenal, que foi amassado no primeiro terço do jogo, só melhorando nos 15 minutos finais da etapa inicial e, principalmente, no segundo tempo, onde os comandados de Luis Enrique acabaram se safando de um possível empate devido a duas excelentes intervenções do goleiro Gianluigi Donnaruma, herói nas partidas das fases anteriores em Anfield e no Villa Park.
Ainda assim, o PSG não ficou nas cordas no Emirates Stadium como havia ocorrido contra o Aston Villa na pior partida dos parisienses até aqui na temporada, a julgar pelos 52% de posse de bola, além das 11 finalizações ao longo dos noventa minutos, ou seja, uma a mais em comparação aos Gunners. Aliás, destaque para Ousmane Dembélé, que retornou de Londres com o 25º gol assinalado somente no ano de 2025.
???? Ousmane Dembélé é o artilheiro do mundo em nossa base de dados por clubes em 2025! ????????????
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⚔ 25 jogos
⚽ 25 gols (!)
???? 5 assistências
???? 30 participações em gols (!)
⏰ 57 mins p/ participar de gol (!)
???? 56 passes decisivos (!)
???? 107 finalizações (52 no gol)
???? 42 dribles… pic.twitter.com/ZXkXEvIOx7
Por sinal, embora alguns sites de probabilidades — como é o caso do Opta Analyst — já apontassem o Arsenal como franco favorito ao título da Champions League depois das vitórias sobre o Real Madrid, é fundamental reflexionar tanto o desempenho aquém das expectativas dos atuais campeões europeus, quanto o superior futebol apresentado pelo PSG, certamente, o melhor time da temporada ao lado do Barcelona, de Hansi Flick.
Dentro destas análises, a juventude do elenco mais novato desde as oitavas-de-final da Champions League — com média de idade de 24 anos e 100 dias — é sempre reputado de forma negativa, traduzida como inexperiência. Entretanto, é necessário avaliar que o PSG é detentor do plantel com o maior número de jogos por jogador no torneio continental, registrando um índice de 35 partidas cada um. Portanto, trata-se de um grupo jovem, porém com bagagem.
Ademais, o revés por 2 a 0 do PSG frente o Arsenal no próprio Emirates Stadium pela rodada inicial da fase de liga da Champions League, também voltou à tona nestes últimos dias que antecederam o reencontro entre ambos quase sete meses depois pelas semifinais da competição. Quer dizer, apenas o longo tempo que separou os duelos já comprova que o atual momento vivido pelos clubes é completamente diferente daquele do dia primeiro de outubro, em que Ousmane Dembélé nem viajou à Londres por motivos disciplinares.
Consequentemente, não surpreende em nada o fato do PSG ter extendido a sequência de triunfos sobre rivais ingleses nesta edição da Champions League, já que depois de Manchester City, Liverpool e Aston Villa, agora foi a vez do Arsenal entrar na lista de vítimas da equipe que acabou com a invencibilidade de 16 anos ou 11 partidas dos Gunners atuando em seus domínios pela competição, oriunda de 9 vitórias e dois empates até então.
O PSG venceu cinco dos últimos sete jogos como visitante na fase eliminatória da Champions League, sendo este o mesmo número de vitórias que nas 16 partidas anteriores do torneio.
Contudo, é importante salientar que o Paris Saint-Germain completou somente a primeira parte do objetivo traçado por Luis Enrique, pois como bem disse o técnico espanhol essa vantagem pode sucumbir em menos de um minuto. Por sinal, o regresso de Thomas Partey ao time do Arsenal permitirá o descolamento de Mikel Merino novamente ao ataque, o que aumentará o poderio ofensivo e defensivo dos ingleses.
E para piorar a situação, a lesão que impediu a continuidade de Ousmane Dembélé no jogo de ida pode tirá-lo do jogo de volta, uma condição que preocupa os parisienses por se tratar do goleador e principal destaque do PSG na temporada, mas que não anula o favoritismo do clube que vem provando a cada partida o quanto o coletivo se sobressai ao individual, a ponto até de criar uma conexão maior entre clube e torcida.
Diante disso tudo, o PSG está mais próximo de Munique em relação ao Arsenal, apesar da distância que os separa das respectivas segundas finais de Champions League ser exatamente a mesma.