Agora com o ataque também devendo, a conta chegou ao Barcelona

Quatro dias após a dura queda diante do Paris Saint-Germain na Champions League, o Barcelona voltou a ser derrotado, ou melhor, goleado pelo Sevilla por 4 a 1 no pior revés dos Blaugranas desde a chegada de Hansi Flick ao clube na temporada passada.

Diante deste cenário, fica evidente que o clima vivido pelo Barcelona é péssimo nesta penúltima Data Fifa de 2025, acima de tudo levando em consideração que a goleada na Andaluzia resultou na perda do primeiro posto da tabela LaLiga, tendo em vista que os atuais campeões espanhóis foram superados pelo novo líder, Real Madrid, que fez bem a lição de casa ao derrotar o Villarreal por 3 a 1 no Santiago Bernabéu.

De qualquer maneira, a queda de rendimento do Barcelona até se justifica através das ausências dos lesionados Raphinha e Lamine Yamal, afinal tratam-se das duas principais peças da equipe. Em outras palavras, seria o mesmo que sacar Vinícius Júnior e Kylian Mbappé do Real Madrid, ou Harry Kane e Michael Olise do Bayern de Munique. Em contrapartida, é importante destacar que na rodada anterior da Champions League o PSG venceu os catalães por 2 a 1 em pleno estádio Olímpico de Montjuic, encarando os desfalques de Khvicha Kvaratskhelia, Désiré Doué e Ousmane Dembélé, ou seja, nada menos que o seu trio de ataque titular.

Soma-se a isso, o fato de que o Sevilla não lembra nem de longe aquele time multi-campeão da Europa League, tanto é que os andaluzes ainda não haviam vencido NENHUM jogo da LaLiga disputado no Ramón Sánchez Pizjuán — colecionando duas derrotas e um empate —, lembrando que eles iniciaram a 8ª rodada ocupando somente o décimo lugar do campeonato separados a cinco pontos da zona da degola, ostentando um incômodo jejum de dez partidas sem vencer o Barcelona.

Em todo o caso, pior do que ser goleado pelo mesmo Sevilla que brigou contra o rebaixamento na temporada passada, foi notar a facilidade com que a defesa do Barcelona foi superada pelo simples fato do adversário explorar a linha alta de marcação dos catalães ao posicionar Isaac Romero antes do meio-campo e, nas diversas situações de contra-ataque criadas, lançá-lo para que ele atacasse a bola e o espaço contra a vulnerável defesa do Barça.

A propósito, algo que o próprio PSG também já havia feito ao derrotar o Barcelona em Montjuic, com Senny Mayulu, Bradley Barcola e Ibrahim Mbaye exercendo o mesmo papel. Todavia, um detalhe que ficou realmente explícito quando o técnico Luis Enrique promoveu a entrada de Gonçalo Ramos no segundo tempo, dada a característica do atacante português de jogar centralizado como referência no ataque, assim como Isaac Romero.

E o que isso significa? Simplesmente, que o modelo de jogo do Barcelona não surpreende mais os oponentes, muito pelo contrário, ele já é reconhecido por todos, vide o exemplo do Sevilla, que apesar de todas as dificuldades foi capaz de goleá-lo. E o pior de tudo é saber que o histórico demonstra que o trabalho de Hansi Flick costuma fracassar depois que a sua filosofia “para de funcionar”. Foi assim no Bayern de Munique. Após uma primeira temporada épica marcada pela sêxtupla coroa, o treinador alemão foi demitido no ano seguinte em meio a abrupta queda de rendimento da equipe.

Aliás, as passagens de Hansi Flick por Barcelona e Bayern de Munique são muito similares em todos os aspectos, tanto na proposta de jogo desenvolvida quanto no sucesso imediato dos clubes. Entretanto, a partir do instante em que a abordagem dos bávaros se tornou previsível, sobretudo no que diz respeito ao bloco alto, o trabalho do treinador de 60 anos de idade sucumbiu da mesma forma que ocorreu, posteriormente, na seleção alemã, onde ele não conseguiu desenvolver outro sistema tático para evitar a sua demissão na Mannschaft.

Seja como for, o excessivo número de gols sofridos pelo Barcelona devido aos conceitos totalmente ofensivos de Hansi Flick não é novidade. Não por um acaso, os Blaugranas foram vazados o montante de 72 vezes em 60 jogos na última temporada. Já nos dez compromissos da atual, eles tiveram as redes balançadas em 12 oportunidades. No entanto, a realidade é que o poderoso ataque barcelonista acabava deixando o déficit da defesa em segundo plano, haja vista a mais recente vitória por 4 a 3 na última edição do El Clásico.

Isto posto, fica evidente que Hansi Flick precisa resolver o problema defensivo do Barcelona não mudando por completo o estilo de jogo do time, mas sim fazendo alguns ajustes durante as partidas como, por exemplo, controlá-las por intermédio da posse de bola durante os momentos mais complexos para, ao menos, assegurar resultados positivos. Além disso, o primeiro ano do ex-técnico da Alemanha no clube catalão se notabilizou pelo avanço na parte física dos jogadores, um ponto que não vemos na atualidade, mediante a total perda de intensidade do Barça, destacada pela baixíssima rotação de Dani Olmo.

Por fim, apesar das boas atuações de Eric García, a inusitada saída de Iñigo Martínez no começo da temporada é outro fator que agravou os problemas defensivos do Barcelona, o que se ressalta ainda mais nos jogos em que o camisa 24 não está à disposição como ocorreu na Andaluzia, já que Ronald Araújo e Andreas Christensen não se encaixam no padrão de jogo de Hansi Flick. Ao mesmo tempo, a lateral-esquerda continua destoando em comparação as demais posições, seja com Gerrard Martín, fraquíssimo no apoio ao ataque, seja com Alejandro Baldé, deixando bastante à desejar nas fases sem a bola.

Diante do exposto, por mais que não existam motivos para pânico é inegável que a luz de alerta deve ser ligada no Barcelona, cuja prioridade nessa Data Fifa é a recuperação de Lamine Yamal e Raphinha, levando em conta que o primeiro El Clásico da temporada se apresenta no caminho dos Blaugranas após o retorno da paralisação. E embora Marcus Rashford esteja atendendo as expectativas, o setor ofensivo perde muita qualidade com Ferran Torres e Robert Lewandowski atuando juntos no ataque, principalmente, porque ambos são mais lentos e não pressionam na marcação.

Em resumo, mesmo que estes contratempos pareçam meramente circunstânciais, é fundamental que eles sejam corrigidos para que lá na frente eles não comprometam a temporada do Barcelona, até porque há tempo de sobra para Hansi Flick repará-los.

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