Se a torcida da Fiorentina lamentou a saída de Raffaele Palladino ao término da temporada anterior, o que dirá neste momento em que a Viola ocupa a ÚLTIMA colocação na tabela da Serie A somando míseros 4 pontos em dez jogos.
Aliás, a fase pra lá de crítica vivida em Florença pode ser encarada como uma verdadeira lição aos torcedores da Fiorentina que festejaram a saída de Vincenzo Italiano no ano passado em virtude das três finais perdidas por ele, sendo duas válidas pela Conference League e outra pela Coppa Itália, desconsiderando assim tanto o bom desempenho quanto as excelentes campanhas realizadas pelo clube sob o comando do atual treinador do Bologna que, por sua vez, ergueu o caneco da própria Coppa Itália na última edição do torneio.
Deste modo, fica evidente que Vincenzo Italiano nunca foi um problema pelos lados do Artemio Franchi, apesar da Fiorentina ter evoluído ainda mais na temporada seguinte, com o sucessor Raffaele Palladino à beira do campo, a julgar pela sexta posição da Serie A. Em outras palavras, nada menos que a melhor posição da Viola no campeonato desde o quinto lugar obtido em 2016.

Logo, as expectativas da Fiorentina que já eram elevadas antes do início da temporada 2025-26, aumentaram em meio aos 90 milhões de euros investidos na última janela de transferências, disparadamente a mais cara de todos os tempos do sétimo clube que mais gastou na Serie A, cujo objetivo principal era se classificar à Champions League pela primeira vez desde a queda diante do Bayern de Munique nas oitavas-de-final há exatos quinze anos.
De qualquer maneira, a realidade mesmo é que todo o otimismo começou a se transformar em frustração a partir da inesperada renúncia de Raffaele Palladino no final de maio, justamente três semanas depois da renovação contratual do ex-treinador do Monza até 2027, lembrando que ele participou ativamente do planejamento da Fiorentina visando a temporada, tendo inclusive total influência na montagem do plantel.
Consequentemente, o time de Raffaele Palladino caiu nas mãos de Stefano Pioli, que depois de uma trajetória bastante aquém pelo Al-Nassr, retornou à Fiorentina, onde já havia trabalhado entre 2017 e 2019. A propósito, é correto afirmar que essa foi a terceira passagem do treinador de 60 anos de idade por Florença, visto que ele foi atuou como zagueiro da equipe emiliana durante seis temporadas — de 1989 a 1995.
No entanto, ainda que com a forte ligação junto ao clube, Stefano Pioli não resistiu ao pior começo de temporada na história quase centenária da Fiorentina, que não conquistou nenhuma vitória após o encerramento das dez rodadas iniciais da Serie A. Para se ter uma ideia, são 4 empates, 6 derrotas, 7 gols marcados e 16 sofridos até aqui, o que a mantém na lanterna da classificação com 4 pontos ganhos e somente 13% de aproveitamento.
💥URGENTE!
— Central do Italiano🇮🇹🇧🇷 (@Centraldaitalia) November 3, 2025
Após 10 rodadas, mais de 1/4 do campeonato, a Fiorentina é LANTERNA da Série A. Pioli destruiu esse time mesmo. pic.twitter.com/dSn8yAi272
Em vias de completar cem anos, a Fiorentina já viveu dias cinzentos simbolizados pela falência e o rebaixamento à segunda divisão, mas jamais passou as dez primeiras rodadas da Serie A sem vencer um jogo. E com as altíssimas cifras investidas na temporada, aliadas as perspectivas pra lá de positivas que vislumbravam a hipótese de se qualificar à Champions League, é natural que a pressão em torno do Artemio Franchi fosse realmente a maior possível neste cenário. Não à toa, a derrota pelo placar mínimo frente o modesto Lecce, em Florença, culminou com a demissão de Stefano Pioli, poucos dias depois da saída do diretor esportivo Daniele Pradè.
Embora apontar um treinador por todos os contratempos de um clube seja um grande erro no futebol, é inegável que Stefano Pioli é o maior responsável pela crise que assola a Fiorentina, especialmente pelo fato de não ter nem ao menos criado uma identidade de jogo no decorrer destes três meses de trabalho, o que foi fruto das constantes mudanças de formação, além de estratégias que mais pareciam tentativas fúteis por parte do treinador que há apenas três anos conduziu o Milan à conquista do 19º scudetto da Serie A.
Por essa razão, muito se questiona os motivos que levaram Stefano Pioli a se tornar um treinador incapaz de fazer a Fiorentina não vencer um time provinciano como o Lecce. Seria o curto, porém milionário trabalho na Arábia Saudita, que o desligou do futebol de alta qualidade da Europa? Ou ele veio com mais sede querendo se provar no clube pelo qual tem profunda identificação, e isso também por conta do fracasso no Al-Nassr?
2025 won't be a year Stefano Pioli looks back on with too much fondness 😬❌❌
— OneFootball (@OneFootball) November 4, 2025
👋 Sacked by Al-Nassr in June
👋 Sacked by Fiorentina in November
Things can only get better for the Italian in 2026 😅 pic.twitter.com/UN3F35Can0
Seja lá qual for a resposta, a verdade é que Stefano Pioli não conseguiu convencer os jogadores das suas ideias. Não por um acaso, a falta de intensidade e combatitividade se tornaram a marca registrada da Fiorentina nessa temporada, muito provavelmente porque os jogadores sentiram o impacto causado pelo inusitado adeus de Raffaele Palladino, que desencadeou uma crise de rejeição no vestiário. E como todos sabemos, sem química a roda não gira.
Em todo o caso, agora a Fiorentina corre contra o tempo para contratar um novo treinador. A ideia do presidente Rocco Commisso é trazer um profissional que esteja disponível no mercado para não causar maiores danos ao orçamento já comprometido com o acréscimo da multa rescisória de Stefano Pioli, que pode interferir no Fair Play Financeiro. À vista disso, Roberto D’Aversa, ex-Empoli, e Paolo Vanoli, ex-Torino, despontam como principais candidatos para assumir o cargo.
Mas enquanto a nada for definido, Daniele Galloppa, que chegou à Fiorentina em 2020 e desde então trabalhou nas categorias de base antes de dirigir a equipe Primavera, com a qual conquistou a liga e copa italianas, será o treinador da Viola. Como jogador, ele se destacou principalmente pelo Parma. Por sinal, o interino já estará em ação no próximo jogo contra o Mainz 05, pela 3ª rodada da Conference League neste meio de semana.
Isto posto, com a temporada totalmente arruinada a única esperança dos torcedores da Fiorentina é que as palavras de um dos maiores florentinos da história, Dante Alighieri, não se traduzam em realidade através da célebre frase: “De uma pequena faísca pode explodir uma chama”.
A ver!