Embora terceiro colocado na Premier League, a temporada 2024-25 foi considerada um fiasco ao Manchester City, tendo em vista que os 71 pontos assinalados naquela oportunidade representaram a pontuação mais baixa dos Citizens desde a chegada de Pep Guardiola em 2016, além da pior campanha do treinador espanhol em ligas na carreira.
Ao mesmo tempo, é inegável que isso é reflexo do imenso sucesso alcançado pelo Manchester City, seis vezes campeão inglês no decorrer das nove temporadas sob o comando de Pep Guardiola, que elevou os padrões do clube a níveis jamais vistos. Por essa razão, a terceira posição do City na edição passada da Premier League seria avaliada como bem-sucedida, por exemplo, pelo vizinho Manchester United, há anos vem sofrendo com péssimas campanhas.
Seja como for, a explicação para a surpreendente queda de rendimento do Manchester City na última temporada, depois da conquista do tetracampeonato inglês, foi a grave lesão sofrida por Rodri, além do equívoco cometido por Pep Guardiola ao não iniciar a reformulação do envelhecido plantel composto por diversos jogadores com idade igual ou superior a 30 anos de idade. Como resultado, esse processo de reconstrução ocorreu em pleno mês de janeiro, mediante ao montante de 218 milhões de euros investidos na janela de inverno.
Deste modo, com as contratações de Gianluigi Donnarumma, James Trafford, Rayan Ait-Nouri, Tijjani Reijnders e Rayan Cherki na atual temporada, somadas as vindas de Omar Marmoush, Nico González e Abdukodir Khusanov no começo do ano, Pep Guardiola encarou um inédito desafio na carreira: reconstruir um ciclo no mesmo clube, já que ele sempre desenvolveu novos projetos esportivos, mas nunca no mesmo dentro do próprio trabalho realizado até então.

Assim, depois de um início turbulento marcado por duas derrotas nas três primeiras rodadas da Premier League, o Manchester City embalou uma ótima sequência de 11 vitórias, 2 empates e apenas um revés sofrido nos compromissos seguintes da temporada, levando em conta todas as competições, cuja mais recente vítima foi o atual campeão Liverpool, derrotado por 3 a 0 no Etihad Stadium, na milésima partida de Pep Guardiola como treinador.
Vale ressaltar que o Liverpool desembarcou em Manchester motivado devido aos triunfos sobre o Aston Villa, exatamente o único adversário que venceu os comandados de Pep Guardiola nessa sequência positiva do City, e o líder da LaLiga, Real Madrid. Entretanto, a vitória por 3 a 0 traduziu de forma clara a grandiosa exibição dos Citizens, em especial a de Jéremy Doku, que além de sofrer um pênalti, foi autor do terceiro gol do jogo, 51 ações com a bola, e acertou sete dos oito dribles executados na partida.
Running the show 😮💨⚡️@JeremyDoku vs Liverpool 🍿 pic.twitter.com/8NfHTeHuT9
— Manchester City (@ManCity) November 10, 2025
À vista disso, o Manchester City passará a última Data Fifa do ano na vice-colocação da Premier League, separado a quatro pontos do Arsenal. Todavia, apesar da curta distância em relação ao líder, a realidade é que o Citizens têm a margem mínima para erros na temporada, o que significa que, teoricamente, eles podem perder somente mais um jogo dentre os 27 jogos até o final do campeonato, isso porque os últimos campeões ingleses sofreram o máximo de quatro derrotas em suas respectivas campanhas.
Por sinal, uma projeção condicionada pelo próprio Manchester City ao ganhar quatro dos seis títulos ingleses na era Guardiola contabilizando o mínimo de quatro derrotas na Premier League. Inclusive, na temporada 2017-18, o City perdeu somente duas vezes e marcou 100 pontos, lembrando que entre os anos 1990 e a década de 2000, Sir Alex Ferguson calculava que com até seis resultados negativos ainda era possível um clube ser campeão.
Portanto, colecionando três derrotas nas 11 rodadas disputadas até o momento, o Manchester City já está no seu limite, ao passo que o Arsenal poderia se dar ao luxo de perder mais três vezes. Em termos de pontuação, o nível exigido para vencer a Premier League tem sido mais baixo neste período recente, a julgar pelos 86, 93, 89 e 91 pontos do City entre as temporadas 2020-21 e 2023-24, além dos 84 do Liverpool na última conquista.
Opta give Arsenal a 63.60% chance of winning the Premier League this season… with Man City only having a 22.94% chance 🏆👀
— Match of the Day (@BBCMOTD) November 10, 2025
Thoughts? 🤔 pic.twitter.com/kdMYVz8glr
De qualquer maneira, o que as probabilidades não escondem é que o Manchester City realmente se consolidou como o principal adversário do Arsenal na corrida pelo título inglês, algo que ficou evidente depois da partida contra o Liverpool, em que Pep Guardiola mais uma vez ousou ao repetir a audaciosa escalação da vitória sobre o Bournemouth por 3 a 1, com Bernardo Silva, Phil Foden, Rayan Cherki, Jéremy Doku e Erling Haaland, todos juntos em campo.
Ainda que ofensiva, essa formação vem permitindo ao Manchester City combinar jogadas de forma bastante rápida e superar a pressão pós-perda de bola com maior eficiência no meio-campo que tem como base Nico González, finalmente desempenhando o papel de Rodri, além de Bernardo Silva e Phil Foden, que aprimorou seu jogo defensivo a ponto de Pep Guardiola abrir mão de uma composição mais fluída com Tijjani Reijnders no setor.
Consequentemente, um dos maiores beneficiados com o progresso do Manchester City é o atacante Erling Haaland, que acumula 55 tentos nos últimos 55 jogos. Para se ter uma ideia, apenas nessa temporada ele já balançou as redes o total de 27 vezes em 17 partidas, sendo 19 em 15 jogos defendendo as cores do clube inglês, o que equivale a nada menos do que a metade dos 38 gols marcados pelos Citizens no período.
Sob todos estes aspectos, ao encontrar o equilíbrio que tanto buscava desde a temporada anterior, por intermédio da pressão alta, da recomposição defensiva, das associações e da coordenação de movimentações, que resultam numa elevada dose de confiança individual e coletiva, o Manchester City voltou aos holofotes da Premier League.