Heróis nacionais

Acabou o longo tabu de Senegal na Copa Africana de Nações, e a conquista do tão sonhado caneco continental tem o peso de uma Copa do Mundo aos senegaleses.

Há exatos três anos, os senegaleses choravam por conta da derrota frente à Argélia por 1 a 0 no estádio Internacional do Cairo, que resultou na perda do almejado título africano, assim como já havia ocorrido em 2002. Contudo, não eram apenas os fantasmas dos vices que assombravam Senegal até o épico triunfo sobre o Egito. Na verdade, é necessário voltar no tempo para compreender porque esta conquista é tão significativa aos Leões de Teranga.

A primeira das 16 participações de Senegal na Copa Africana de Nações deu-se em 1965, quer dizer, somente cinco anos depois da independência dos então semifinalistas do torneio. Posteriormente, em 1992, os senegaleses tiveram a inédita oportunidade de sediar a competição. Entretanto, o fator casa não surtiu o efeito esperado, já que eles foram derrotados por Camarões pelo placar mínimo nas quartas-de-final.

Já em 2002, Camarões entrou novamente no caminho dos senegaleses, mas desta vez na final da Copa Africana de Nações. E devido ao empate sem gols no tempo regulamentar e na prorrogação, o confronto foi definido nas penalidades, aonde os camaroneses levaram a melhor vencendo por 3 a 2, lembrando que a cobrança decisiva do jogo foi batida pelo atual técnico de Senegal, Aliou Cissé.

No entanto, os Leões de Teranga se redimiram do vice-título africano na Copa do Mundo daquele mesmo ano, haja vista a memorável campanha dos senegaleses em sua estreia em Mundiais. Na ocasião, Senegal bateu a atual campeã França por 1 a 0 na partida de abertura, e se tornou a segunda representante da África a alcançar as quartas-de-final do torneio, após Camarões na Copa de 1990. 

Logo, Senegal se apresentou pra valer ao mundo da bola no ano de 2002. Apesar dos senegaleses terem disputado somente a Copa do Mundo da Rússia (2018) desde então, eles fizeram ótimas campanhas na Copa Africana de Nações ao longo deste período, parando nas quartas-de-final em 2017, em virtude de um pênalti desperdiçado pelo astro Sadio Mané na disputa contra o algoz Camarões, e ficando com o vice-título em 2019.

Mas ainda assim, no momento em que Sadio Mané perdeu a penalidade na decisão frente o Egito aos 7 minutos de jogo, as terríveis lembranças de 1965, 1992, 2002 e 2017, voltaram a atormentar os senegaleses. Todavia, a geração de ouro de Senegal foi capaz de colocar um ponto final neste longo tabu sem vencer o título africano e, detalhe, em solo camaronês, o que demonstra que de alguma forma Camarões segue ligado aos Leões de Teranga.

E coincidentemente, a consagração de Senegal na Copa Africana de Nações foi selada através dos pés de Sadio Mané, em uma cobrança de pênalti. O atacante do Liverpool aproveitou todas as frustrações passadas ​​e canalizou-as para estufar as redes do goleiro Gabaski. Pois é, e a festa feita pelo povo senegalês nas ruas de Dakar, retrata que os pupilos de Aliou Cissé se transformaram em verdadeiros heróis nacionais, afinal, para eles esta conquista tem o peso de um mundial.

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