À medida que a temporada se aproxima do fim, o Bayer Leverkusen vai ficando mais perto de erguer a primeira Meisterschale e, de quebra, espantar de uma vez por todas o ingrato rótulo de “Neverkusen”, herdado após os três vices acumulados em 2002 – Bundesliga, DFB-Pokal e Champions League.
E a prova disso é que os líderes da Bundesliga ampliaram ainda mais a sua distância em relação ao segundo colocado Bayern de Munique depois do fechamento da 27ª rodada do campeonato ao abrirem impressionantes 13 pontos no topo da tabela, em razão do triunfo por 2 a 1 sobre o Hoffenheim, além do revés dos bávaros por 2 a 0 no Der Klassiker, em plena Allianz Arena.
Por sinal, a vitória do Leverkusen frente o Hoffenheim, conquistada nos acréscimos da etapa final – assim como já havia ocorrido no recente embate contra o Qarabag pelas oitavas-de-final da Europa League -, deixou claro que a edição 2023-24 da Bundesliga já tem dono, e que o longo reinado do Bayern chegou ao fim, a julgar pelas palavras do próprio Thomas Tuchel:
Se a Bundesliga acabou? Sim, isso está claro. Parabéns ao Bayer Leverkusen. A corrida pelo título pode ser considerada encerrada.
Thomas Tuchel, treinador do Bayern de Munique
Consequentemente, o Bayer Leverkusen não somente sustentou a sua invencibilidade na Bundesliga, como também na temporada. Para se ter uma ideia, os pupilos de Xabi Alonso colecionam o montante de 34 vitórias, 5 empates, 111 gols marcados e 31 sofridos em 39 partidas disputadas no período, lembrando que eles são semifinalistas da DFB-Pokal e quadrifinalistas da Europa League, tendo Fortuna Dusseldorf e West Ham como próximos adversários.
| Torneio | Jogos | V | E | D | Saldo/Gols |
| Bundesliga | 27 | 23 | 4 | 0 | 68-19 |
| DFB-Pokal | 4 | 4 | 0 | 0 | 19-5 |
| Europa League | 8 | 7 | 1 | 0 | 24-7 |
O Bayer Leverkusen igualou a sua pontuação recorde na história da Bundesliga ao alcançar os mesmos 73 pontos da temporada 1999-00. A diferença é que ainda restam 7 rodadas para o término da atual edição.
No entanto, a notícia que animou os torcedores do Bayer Leverkusen tanto quanto a conquista de um título foi o “fico” do Xabi Alonso, confirmado na entrevista coletiva concedida antes do confronto ante o Hoffenheim, o que significa que os fortíssimos assédios por parte de Bayern de Munique e Liverpool não seduziram o treinador espanhol.
Em contrapartida, há algumas semanas já vinhamos informando aqui no SoccerBlog que mesmo em meio aos interesses dos ex-clubes de Xabi Alonso, a tendência era que o jovem técnico de 42 anos de idade permanecesse em Leverkusen na próxima temporada, a fim de dar seguimento ao ótimo trabalho desenvolvido desde a sua chegada ao clube alemão, considerando uma série de aspectos, a começar pelo fato do gigantesco desafio que ele teria em suceder um dos maiores treinadores da história do Liverpool.
Obviamente, qualquer profissional, por mais experiente que seja, encontrará dificuldades para comandar o Liverpool na temporada seguinte a saída de Jurgen Klopp, sobretudo com os Reds passando por um processo de reformulação. Por saber disso e conhecer bem o clube inglês, Xabi Alonso certamente chegou a conclusão de que este não é o momento ideal de uma mudança para Merseyside.
Aliás, é importante treinadores terem esse entendimento na carreira, pois muitas vezes alguns deles tendem a queimar etapas ao “dar passos mais largos que as pernas”, como foi o caso de Steven Gerrard, por exemplo. Depois de realizar um ótimo trabalho à frente do Rangers, onde chegou a ser campeão escocês, o eterno camisa 8 do Liverpool aceitou aventurar-se na Premier League. No final das contas, a sua apagada passagem pelo Aston Villa durou apenas 40 jogos, ou míseros onze meses.
Portanto, se Steven Gerrard tivesse continuado no Rangers, hoje muito provavelmente ele estaria sendo cogitado para assumir o comando do Liverpool no lugar de Jurgen Klopp. Todavia, a realidade é que o ex-técnico do Aston Villa seguirá “escondido” no Al-Ettifaq, da Arábia Saudita.
Xabi tiene la oportunidad de hacer historia y poner fin a los 31 años sin títulos del Bayern Leverkusen. No ha perdido ningún partido esta temporada y opta a ganar Liga, Copa y Europa League pic.twitter.com/naMZwjdiZd
— MARCA (@marca) March 29, 2024
Por outro lado, a bagunça que se tornou o Bayern de Munique foi decisiva para que Xabi Alonso não trocasse o certo pelo incerto, especialmente em virtude da falta de respaldo por parte da diretoria do clube que se transformou em uma máquina de moer treinadores, haja vista as saídas de Niko Kovac, Hansi Flick, Julian Nagelsmann, bem como a próxima de Thomas Tuchel, isto é, os quatro últimos técnicos dos hendecacampeões alemães.
Não obstante, por detrás disso tudo está o Real Madrid. Por ser espanhol e ter criado uma ligação junto ao conjunto merengue, Xabi Alonso alimenta o desejo de um dia voltar ao Santiago Bernabéu como treinador. Entretanto, como o contrato de Carlo Ancelotti foi prorrogado até 2026 no início da atual temporada, o comandante do Bayer Leverkusen pode ter projetado passar mais dois anos na Renânia do Norte-Vestfália antes de migrar rumo à capital espanhola.
Por fim, o dado mais relevante, e que com certeza foi levado em conta por Xabi Alonso, foi o seu forte vínculo junto a Leverkusen, que inclui o clube, a cidade e as pessoas, ou seja, algo tão raro no futebol e até mesmo na vida de qualquer um de nós nos dias atuais. Com certeza, o técnico basco reconheceu todos estes aspectos, preferindo a continuidade, o planejamento, e a consolidação do trabalho coletivo e pessoal.
Deste modo, a possível saída de Xabi Alonso, até então o único motivo que ainda tirava o sono da torcida do Bayer Leverkusen, já faz parte do passado, assim como o fato de nunca ter comemorado o título alemão fará daqui a alguns dias.
