A vitória por 2 a 0 da Juventus sobre o Hellas Verona aliviou, ao menos momentaneamente, o clima de tensão que assola o clube de Turim, que ganhou dimensões jamais antes vistas desde a chegada de Thiago Motta, devido as quedas dos bianconeri tanto na Champions League quanto na Coppa Italia.
A propósito, duríssimas eliminações que ocorreram exatamente num curto espaço de uma semana, começando pelos playoffs de repescagem da Champions League em que, na prorrogação, a Juventus caiu diante do PSV Eindhoven por 3 a 1 no Philips Stadion, após revés por 2 a 1 no tempo regulamentar, lembrando que os italianos haviam derrotado os holandeses por 2 a 1 em Turim.
Já na semana seguinte a Juventus recebeu o modesto Empoli pelas quartas-de-final da Coppa Italia, tendo assim uma grande oportunidade para se reabilitar. Só que não, pois embora utilizando uma formação alternativa por priorizar a briga contra o rebaixamento, o antepenúltimo colocado da Serie A sustentou o empate em 1 a 1 ao longo dos noventa minutos e, nas penalidades, superou a Juve em função das cobranças desperdiçadas por Dusan Vlahovic e Kenan Yildiz.
Thiago Motta's first season as Juventus manager:
— ESPN FC (@ESPNFC) February 26, 2025
❌ Eliminated in Coppa Italia at home to relegation battling Empoli
❌ Eliminated in UCL by PSV after being up 2-1 on aggregate in the first leg
❌ Eliminated in Supercoppa Italiana by AC Milan in semifinals
⏳ 4th place in Serie… pic.twitter.com/uMA5neKR79
Desta maneira, o precoce adeus na Champions League somado a vergonhosa despedida nas quartas-de-final da Coppa Italia foram o verdadeiro estopim para que a crise que se ensaiava na Juventus realmente se concretizasse com o treinador Thiago Motta como principal alvo, em especial porque o único bom momento vivido pela equipe na temporada deu-se nas duas primeiras rodadas da Serie A em que a Juve derrotou Como e Hellas Verona por 3 a 0. Apenas isso!
Desde então, o que se viu foi uma onda de empates de um time extremamente pragmático e previsível. Para se ter uma ideia, os comandados de Thiago Motta acumulam o montante de 17 empates nas 40 partidas disputadas até aqui na temporada, registrando 18 vitórias e cinco derrotas nos demais compromissos, o que corresponde a um elevado índice de 43% de empates.
Aliás, vale ressaltar ainda que pela Serie A o número de empates obtidos pela Juventus equivale ao número de vitórias conquistadas, totalizando 13 em ambos resultados. Inclusive, isso explica porque os bianconeri ocupam a quarta posição na tabela do campenato a seis pontos de distância em relação a líder Inter de Milão, e apenas dois a frente da quinta colocada Lazio.
No entanto, apesar do momento pra lá de instável é interessante o fato de que a Juventus nunca esteve tão próxima da liderança da Serie A nos últimos cinco anos como se encontra na atualidade, obviamente considerando este mesmo estágio da competição. Em outras palavras, um dado que comprova que o trabalho de Thiago Motta não é tão ruim quanto parece, mas ao mesmo tempo está bem distante do que todos imaginavam.
Apesar de ser o clube com menos derrotas na Serie A (1), a Juventus ocupa o quarto lugar na tabela por consequência do elevado número de empates no campeonato (13).
Na realidade, a expectativa gerada pela contratação de Thiago Motta foi gigante pelos lados de Turim por conta do ótimo trabalho realizado pelo técnico ítalo-brasileiro à frente do Bologna. Por este motivo, muitos torcedores até o compararam a Xabi Alonso na última temporada, o que sinalizava que finalmente a Juventus praticaria um futebol convincente após sofríveis anos — em termos de jogo — sob o comando de Massimiliano Allegri.
Portanto, Thiago Motta já desembarcou na capital do Piemonte carregando o enorme peso de ter que fazer da Juventus o melhor time do futebol italiano. Posteriormente, a pressão sobre o sucessor de Massimiliano Allegri aumentou na mesma proporção dos 193,3 milhões de euros despejados pelo clube que mais investiu em contratações na atual temporada da Serie A.
Contudo, mesmo restando três meses para o encerramento da temporada 2024-25, a sensação ainda é a de que Massimiliano Allegri continua no comando da Juventus, a julgar, por exemplo, pela solidez defensiva da equipe que é detentora não apenas da melhor defesa da Serie A com míseros 21 tentos sofridos, como também é líder em clean sheets, lembrando que a Juve não foi vazada em 14 das 27 rodadas já realizadas, o que corresponde a metade dos jogos.
Curiosamente, Thiago Motta registra 59% de aproveitamento à frente da Juventus, ostentando uma taxa apenas 3% melhor em comparação a sua última passagem pelo Bologna.
Diante deste cenário, por mais que a diretoria venha negando de forma veemente, é nítido que Thiago Motta corre um sério risco de ser demitido ao término da temporada. Logo, o futuro do jovem treinador de 42 anos de idade em Turim dependerá se daqui adiante, através de um passe de mágica, a Juventus mostrar claríssimos sinais de evolução, a ponto dos dirigentes recuperarem a confiança no seu trabalho.
Todavia, pesa contra Thiago Motta o fato de que ele parece não ter o apoio do vestiário, principalmente por ter declarado que sentia vergonha do time depois da recente eliminação na Coppa Italia. Ademais, o pouco caso na dispensa do antigo capitão Danilo também não agradou o grupo que ainda é composto por algumas peças que não guardam amores junto ao treinador, como são os casos de Douglas Luiz e Dusan Vlahovic.
À vista disso, internamente a cúpula diretiva da Juventus já estuda alguns possíveis substitutos para ocupar o cargo de Thiago Motta na próxima temporada, ainda que o atual vínculo do ex-técnico do Bologna seja válido até 2027. Por sinal, um dos nomes em pauta é o de Antonio Conte, o que anima a torcida. Além dele, Gian Piero Gasperini também surgiu como alternativa viável depois que o próprio técnico da Atalanta deu indícios de que não permanecerá em Bergamo.
Deste modo, sob pressão Thiago Motta precisará alcançar o único objetivo que lhe restou na temporada, ou seja: conduzir os bianconeri à Champions League nessas onze rodadas finais da Serie A. Paradoxalmente, algo que ocorreu de maneira tão natural há um ano no Bologna, e hoje se apresenta tão complicado na Juventus.
