Com o alicerce construído, De Zerbi promete ainda mais no Olympique de Marselha

Há um ano, Roberto De Zerbi deixava a Inglaterra para se aventurar em terras francesas ao trocar o Brighton pelo Olympique de Marselha, que após ser comandado na temporada passada por Marcelini García Toral, Gennaro Gattuso e Jean-Louis Gasset, terminou a Ligue 1 na oitava colocação.

Em outras palavras, Roberto De Zerbi desembarcou na costa do Mediterrâneo num momento pra lá de crítico, que resultou na pior campanha do Olympique de Marselha desde a 13ª posição na edição 2015-16 da Ligue 1, simbolizada pelo tumultuado adeus de Marcelo Bielsa. Além disso, o ex-treinador do Brighton também chegava lidando com o histórico de que nenhum dos antecessores sobreviveram no cargo mais do que uma temporada nos últimos cinco anos.

Ainda assim, Roberto De Zerbi aceitou encarar o desafio de assumir o comando técnico do Olympique de Marselha, rejeitando propostas, por exemplo, do Milan, clube pelo qual atuou nos tempos de jogador e, que embora não atravessasse uma boa fase, não se encontrava numa crise tão grande quanto os marselheses após a saída de Stefano Pioli, inclusive tendo a Champions League para disputar.

Isto posto, passado o primeiro ano de Roberto De Zerbi no Vélodrome, e o técnico italiano já alcançou o feito de iniciar a segunda temporada no Olympique de Marselha. E por méritos, tendo em vista o vice-lugar na tabela da Ligue 1, que na realidade pode ser considerado o simbólico título de campeão francês, dado o enorme abismo financeiro que separa o PSG dos demais concorrentes no país.

No geral, foram 20 vitórias, 5 empates, 9 derrotas, 74 gols marcados e 47 sofridos nas 34 rodadas da Ligue 1, o que equivale a um índice de 63,7% de aproveitamento, enquanto na Coupe de France a caminhada dos comandados de Roberto De Zerbi chegou ao fim de forma precoce na 6ª fase do torneio, em razão da queda diante do Lille nas penalidades, depois do empate em 1 a 1 no tempo regulamentar, em pleno estádio Vélodrome.

De qualquer maneira, o Olympique de Marselha atingiu seu principal objetivo na temporada, ou seja: retornar à Champions League. Portanto, fica claro e evidente o êxito na reformulação realizada pelos Les Olympiens, liderada por Roberto De Zerbi em meio aos 110 milhões de euros investidos pelo clube em contratações, e outros 100 milhões de euros faturados por intermédio da venda de atletas.

Diante deste cenário, as expectativas dos marselheses aumentou em relação a uma temporada ainda melhor no “segundo ato de Roberto De Zerbi no clube francês”, sobretudo em função do excelente mercado realizado pelo Olympique de Marselha até aqui, a começar pela chegada de Angel Gomes, contratado à custo zero por conta do término do antigo contrato junto ao Lille.

Habilidoso, dono de uma grande visão de jogo, e alta capacidade de quebrar linhas tanto com passes quanto com dribles em velocidade, Angel Gomes pode atuar em todas as posições do meio-campo, seja recuado como primeiro ou segundo volante, seja avançado como armador mais próximo do ataque, o que abre a possibilidade para Roberto De Zerbi mudar a abordagem do Olympique de Marselha dentro das partidas sem a necessidade de usar o banco de reservas.

Ademais, a experiência adquirida por Angel Gomes ao longo das quatro temporadas em que defendeu as cores do Lille — composta por 134 jogos, 10 gols e 19 assistências — é outro fator positivo, uma vez que qualquer outro jovem reforço de 24 anos de idade precisaria se adaptar ao futebol francês caso chegasse ao Olympique de Marselha nas mesmas condições do meio-campista formado pelo Manchester United.

No entanto, os 48 gols sofridos pelo Olympique de Marselha nas 36 partidas da temporada anterior, expõe que a defesa foi o principal problema da equipe, especialmente em virtude das lesões que assolaram o setor defensivo. Por este motivo, os Phocéen priorizaram contratações de zagueiros no mercado, efetivando as vindas de Conrad Jaden Egan-Riley, cujo vínculo se encerrou no Burnley, além de Facundo Medina, trazido via empréstimo de 2 milhões de euros junto ao Lens, com obrigação de compra de 20 milhões de euros, excluindo bônus adicionais por cumprimento de metas.

Assim, a tendência é que a dupla de zaga do Olympique de Marselha seja formada pelos argentinos Leonardo Balerdi e Facundo Medina, visto que a intenção de Roberto De Zerbi é utilizar uma linha de quatro homens na defesa, um meia armador no meio-campo, além de dois pontas no ataque. Todavia, se ele optar por uma composição com três zagueiros, Conrad Jaden Egan-Riley pode jogar centralizado.

Nas pontas, a transferência de Luis Henrique à Inter de Milão, abriu uma lacuna no elenco marselhês, que hoje conta com Jonathan Rowe e Mason Greenwood como alternativas, lembrando que o ex-jogador do Manchester United, certamente, continuará no time titular. À vista disso, o Olympique de Marselha está em vias de fechar a compra de Igor Paixão que deve se juntar ao recém-contratado Pierre-Emerick Aubameyang, por 35 milhões de euros.

A propósito, a contratação de Pierre-Emerick Aubameyang vem dando repercutindo bastante pelos lados do Vélodrome em decorrência da idade avançada do atacante que se esteve em campo 36 vezes desde que deixou o Olympique de Marselha na temporada retrasada para vestir a camisa do Al-Qadisiyah, da Arábia Saudita, onde marcou 21 gols e deu quatro assistências.

No auge dos 36 anos de idade, é óbvio que Pierre-Emerick Aubameyang não é mais aquele que brilhou por Borussia Dortmund, Arsenal, Barcelona, e tampouco pelo próprio Olympique de Marselha há dois anos. Em contrapartida, a bagagem do atacante gabonês trará maior maturidade ao plantel que terá a Champions League pela frente na próxima temporada.

Portanto, o pesado calendário repleto de jogos e viagens internacionais, demanda um grupo mais numeroso e experiente para o Olympique de Marselha ter condições mínimas de competir com o PSG no certame do futebol francês, e brigar pelo título europeu como no início da década de 90.

Deixar um comentário

Menu