Desde a saída de Alejandro Sabella após o vice-campeonato da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a Argentina viveu dias tenebrosos na busca por um novo comandante para sua seleção. Mas faltando pouco mais de um ano para o início do mundial da Rússia, a AFA (Associação de Futebol Argentino) parece ter acertado em cheio na escolha de Jorge Sampaoli, indiscutivelmente um dos melhores treinadores da atualidade.
Quando o árbitro italiano Nicola Rizzoli soou o apito final da decisão da Copa do Mundo de 2014, no Maracanã, a Argentina não perdia somente o torneio, mas sim o seu comando, afinal, foi a partir daquele fatídico 13 de julho de 2014, que nossos hermanos iniciaram uma longa e dolorosa caminhada totalmente sem direção. Jamais poderíamos atribuir aos treinadores, todos os problemas vividos pela seleção portenha, muito pelo contrário, não é surpresa para ninguém que a AFA administra pessimamente o futebol argentino, uma prova disso, são as constantes greves que acontecem durante a realização do campeonato nacional, sem contar também com os diversos esquemas de corrupção que envolvem dirigentes da entidade. Acontece, que desde a final da Copa de 2014, a crise extracampo se escancarou também dentro das quatro linhas, fazendo com que a vice-campeã mundial passasse por um dos piores momentos de sua história. Digo isso, pois a Argentina não ganha uma competição internacional desde 1993, quando na ocasião venceu a Copa América, ou seja, já são exatos 24 anos sem soltar o grito de campeão, algo que incomoda e muito os exigentes torcedores argentinos.

Nem Gerardo “Tata” Martino, muito menos Edgardo “Patón” Bauza foram capazes de resgatar a essência do futebol argentino, tanto é, que o selecionado ocupa somente a 5ª posição na tabela das Eliminatórias Sul-Americanas com 22 pontos ganhos, colecionando o total de 6 vitórias, 4 empates e 4 derrotas em 14 partidas realizadas pela competição, à frente apenas dos modestos times do Equador, Peru, Paraguai, Bolívia e Venezuela. Obtendo um baixo aproveitamento de 52,4%, caso o torneio terminasse hoje, a Argentina iria disputar a repescagem contra uma seleção da Oceania, portanto, seria um desastre para uma equipe que tem nada mais nada menos que Lionel Messi, eleito melhor jogador do mundo pela FIFA em cinco ocasiões. Diante deste cenário, seria normal nossos hermanos estarem extremamente preocupados, até porque restam somente quatro rodadas para o encerramento das Eliminatórias, mas o que vemos no momento, é que a grande maioria dos argentinos encontram-se bastante confiantes e tranquilos. Você deve estar estranhando, porém toda essa confiança e tranquilidade tem uma explicação, Jorge Sampaoli.

As razões pelas quais nossos vizinhos depositam toda essa confiança em Jorge Sampaoli são os ótimos trabalhos que o treinador de 57 anos realizou até aqui. Sampaoli iniciou sua trajetória como técnico em 1992, mas explodiu mesmo somente em 2011, época em que comandava a Universidad do Chile, com a qual foi bicampeão do Campeonato Apertura (2011 e 2012), campeão do Campeonato Clausura (2011) e também da Copa Sul-Americana 2011. Todo esse sucesso culminou na ida do treinador argentino para a seleção chilena de futebol, aonde ele permaneceu durante quatro anos e conseguiu a incrível façanha de vencer a Copa América 2015 disputada no próprio país. Vislumbrando alçar vôos mais altos, Jorge Sampaoli aceitou o convite para treinar o Sevilla no início desta temporada. No clube andaluz, o técnico também teve um bom desempenho, classificando a equipe para a fase pré-eliminatória da próxima edição da Champions League, devido ao 4º posto conquistado na liga espanhola, além de ter chegado nas oitavas de finais do torneio continental. No final do mês passado, veio a confirmação do acerto de Jorge Sampaoli com a seleção da Argentina, esse com certeza, o maior desafio da carreira dele até então.

A primeira convocação de Jorge Sampaoli já deu mostras de que a Argentina começava ali uma nova era, pois nomes como os de Nicolas Tagliafico, Manuel Lanzini, Joaquín Correa, Guido Rodríguez e José Luiz Gomes surgiram entre os 23 selecionados. Para aumentar a dificuldade do treinador, seu primeiro compromisso à frente da seleção argentina foi contra o velho conhecido Brasil, do invicto Tite, ou seja, uma enorme pedreira logo de cara. Mesmo sem tempo suficiente para treinar, o conjunto argentino apresentou um futebol bastante convincente, tendo a garra e a intensidade como principais virtudes no duelo. Para a alegria de nossos hermanos, o gol do zagueiro Gabriel Mercado aos 45 minutos da primeira etapa, determinou a estreia vitoriosa de Jorge Sampaoli pela Argentina, pondo fim a invencibilidade de nove jogos de Tite na seleção tupiniquim. Agora a Argentina volta à campo no amistoso da próxima terça-feira (13/06/2017) frente a Cingapura. Já pelas Eliminatórias, os argentinos jogarão somente dia 30 de agosto, quando medirão forças com o Uruguai, e em seguida no dia 04 de setembro mediante a Venezuela, na sequência da competição. Ainda é muito cedo para fazermos qualquer tipo de analise, visto que foram apenas os primeiros noventa minutos de Jorge Sampaoli dirigindo a seleção argentina, no entanto, não podemos duvidar de que o novo comandante tem capacidades suficientes para transformar a Argentina em uma das fortes candidatas ao título da Copa do Mundo da Rússia em 2018.