O copo transbordou

Para a tristeza de todos a nação valenciana, chegou ao fim a trajetória de Marcelino García Toral no Mestalla. Através do seu site oficial, o Valência confirmou a demissão do treinador de 54 anos de idade, que terá Albert Celades como sucessor no cargo.

Após três primaveras, o ciclo de Marcelino García Toral no comando do Valência foi encerrado, uma notícia que não caiu como uma bomba pelos lados do Mestalla, afinal, o treinador estava em rota de colisão com a diretoria, especialmente com o gerente esportivo Mateu Alemany. Até por esta razão, ver Marcelino iniciando esta nova temporada à frente dos Morcegos, já havia sido algo surpreendente. No geral, o técnico dirigiu o conjunto valenciano em 110 oportunidades, acumulando a bagatela de 56 vitórias, 29 empates e 25 derrotas, obtendo 59,7% de aproveitamento através deste excelente retrospecto.

Vale ressaltar, que quando Marcelino García Toral chegou ao Valência em 2017, ele deu início a uma verdadeira revolução dentro do clube, dispensando dezenas de atleta, dentre eles o goleiro do Flamengo, Diego Alves, para trazer outro montante de reforços. Naquela ocasião, a equipe vivia um momento extremamente conturbado, tanto é, que nas duas temporadas anteriores (2015/16 e 2016/17), os Morcegos haviam ficado na 11ª e 12ª posições da La Liga, sob os comandos de Pako Ayestarán e Voro González, respectivamente. Por este motivo, Marcelino se viu obrigado a realizar uma grande reformulação no elenco valenciano.

O único caneco erguido por Marcelino García Toral, nestes três anos à frente do Valencia, foi a Copa do Rei, conquistado na temporada passada.
O único caneco erguido por Marcelino García Toral nestes três anos à frente do Valência, foi a Copa do Rei, conquistado na temporada passada, justamente no ano do centenário do clube.

Logo em seu primeiro ano no Mestalla, Marcelino García Toral já conseguiu a façanha de deixar o Valência na quarta posição da La Liga, e consequentemente, classificou o time à Champions League. Aliás, a ótima campanha realizada pelos Morcegos naquela temporada (2017/18) merece ser destacada, visto que eles encerraram a sua participação no campeonato somando 73 pontos (22 vitórias, 7 empates e 9 derrotas), registrando 64% de aproveitamento na competição.

Já na temporada seguinte (2018/19), a segunda de Marcelino à frente dos Morcegos, o Valência caiu precocemente na fase de grupos da Champions League, lembrando que ele tinha como oponentes os poderosos Manchester United e Juventus. Entretanto, os comandados de Marcelino García Toral terminaram a La Liga novamente na quarta posição da tabela, contabilizando 61 pontos ganhos (15 vitórias, 16 empates e 7 derrotas), atingindo 53,5% de aproveitamento no torneio. Mas o grande feito alcançado pelo time, foi a conquista da Copa do Rei, diante do Barcelona, por 2 a 1, em Sevilha.

Semifinalista da Europa League (2018/19), o Valência eliminou o eterno rival Villarreal, nas quartas de final do torneio, após vencê-lo tanto o jogo de ida (3 x 1) quanto o jogo de volta (2 x 0). Por sinal, vitórias em clássicos ficaram marcadas nessa passagem de Marcelino pelo Mestalla.
Semifinalista da Europa League 2018/19, o Valência eliminou o rival Villarreal, nas quartas de final do torneio, após vencê-lo tanto no jogo de ida (3 x 1) quanto no jogo de volta (2 x 0). A propósito, vitórias em clássicos tornaram-se comuns nessa passagem de Marcelino pelo Mestalla.

Além de todo este magistral histórico, a passagem de Marcelino García Toral pelo Valência ficou marcada também, pelo fato do treinador asturiano ter conseguido fazer com que o clube resgatasse o prestígio no futebol espanhol. Não à toa, os gigantes Real Madrid, Barcelona e Atlético Madrid, enfrentavam enormes dificuldades quando se deparavam com o Valência, ainda mais quando os jogos eram disputados no estádio Mestalla, o caldeirão dos valencianos. Confira abaixo, a performance do ex-técnico dos Morcegos diante do trio de ferro La Liga:

  • Barcelona – 7 jogos (1 vitória – 3 empates – 3 derrotas)
  • Real Madrid – 4 jogos (1 vitória – 1 empate – 2 derrotas)
  • Atlético Madrid – 4 jogos (2 empates – 2 derrotas)

Como não poderia deixar de ser, o anúncio da demissão de Marcelino García Toral revoltou os torcedores valencianos, que literalmente, não suportam o proprietário do clube, Peter Lim. Todavia, não é somente a torcida que está infeliz, uma vez que os jogadores também mostraram-se descontentes com a saída do treinador, sobretudo porque o elenco depositava enorme confiança no trabalho de Marcelino. Como citei anteriormente, o nome escolhido pela diretoria para assumir o comando da equipe, foi o de Albert Celades, ex-técnico da seleção sub-21 da Espanha, e ex-assistente de Julen Lopetegui em sua desastrosa passagem pelo Real Madrid.

O motivo que gerou a demissão de Marcelino García Toral, foram as divergências entre ele e o gerente esportivo Mateu Alemany, em relação as contratações realizadas pelo time. Apesar do Valência ter desembolsado 127 milhões de euros (aproximadamente R$ 569 milhões) nesta janela de meio de ano, o agora ex-treinador da equipe mostrava-se bastante insatisfeito, e exigia a chegada de pelo menos mais dois reforços, dando preferência ao brasileiro Rafinha, do Barcelona, e de Denis Suárez, ex-Villarreal e Barcelona. Além disso, Marcelino era contra a venda do atacante Rodrigo ao Atlético Madrid, ao passo que a diretoria era totalmente a favor de negociá-lo, obviamente, pensando nos 70 milhões de euros entrariam no caixa.

Desde que comprou o time espanhol há cinco anos, Peter Lim contratou 52 jogadores e mudou de treinador o total de oito vezes, já considerando a chegada de Albert Celades. Deste modo, fica claro que o mandatário transformou o clube em um verdadeiro balcão de negócios. A demissão de Marcelino García Toral, às vésperas da estreia do Valência na Champions League, diante do Chelsea, no Stamford Bridge, certamente não foi feita na hora mais adequada pela diretoria. Atualmente, os Morcegos ocupam apenas a décima posição na La Liga somando 4 pontos em três jogos. Resta saber agora, se o inexperiente Albert Celades, de 43 anos, conseguirá suportar a gigantesca pressão que toma conta do Mestalla, lembrando que o próximo compromisso dos valencianos será contra o Barcelona, sábado (14), na Catalunha. Aguardemos o desenrolar dessa história!

 

 

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