A corrida do Liverpool na busca por um meio-campista segue cada vez mais desesperadora, intensa e desgastante, ao passo que o fechamento da janela de transferências se aproxima, uma condição que o clube de Merseyside poderia ter evitado se não tivesse cometido uma série de erros nas recentes negociações junto aos novos reforços do Chelsea, Moisés Caicedo e Romeo Lavia.
Pois é, o planejamento dos Reds seguia dentro dos conformes com as ótimas contratações de Alexis Mac Allister e Dominik Szoboszlai para fortalecer o debilitado meio de campo do time. Todavia, as inusitadas saídas de Jordan Henderson e Fabinho ao futebol saudita não só pegaram o Liverpool de surpresa, como também o obrigou a iniciar uma incessante busca por, ao menos, uma peça de reposição para a reconstrução do setor.
Vale ressaltar que o volante Romeo Lavia já estava na mira do Liverpool desde a abertura da atual janela de transferências, tanto é, que os Reds chegaram a oferecer propostas de 37, 41 e 46 milhões de libras ao Southampton neste período.
Em contrapartida, apesar do interesse do próprio Romeo Lavia em defender as cores do Liverpool, nenhuma das ofertas foi aceita pelo Southampton que, por sua vez, mantinha firme a decisão de vendê-lo por uma taxa superior a 50 milhões de libras, valor que os Reds consideravam elevado para um jovem atleta de 19 anos de idade e apenas 34 jogos na carreira profissional.
Por esta razão, o Liverpool adotou a estratégia de esperar o tempo passar a fim de gerar maior pressão no clube recém-rebaixado e, consequentemente, fechar o negócio pelas cifras desejadas, ou seja, uma tática totalmente errada já que o Chelsea apareceu no meio do caminho e, sem titubear, pagou os 53 milhões de libras pedidos pelo Southampton e, desta forma, anunciou a contratação do novo reforço.
Se no mercado da bola o Chelsea segue superior ao Liverpool, dentro de campo ambos empataram em 1 a 1 pela rodada inicial da Premier League.
No entanto, é importante destacar que assim que o Chelsea entrou na negociação, o Liverpool se mostrou disposto a igualar a oferta bem-sucedida dos londrinos de 53 milhões de libras por Romeo Lavia, ainda propondo mais 5 milhões de libras em bônus de desempenho ao Southampton, porém o jogador belga preferiu vestir a camisa dos Blues por ter se sentido desprezado pelos Reds.
Em contrapartida, Romeo Lavia não foi o único atleta que o Liverpool perdeu para o Chelsea nesta janela de transferência, a julgar que Moisés Caicedo também desconsiderou uma possível mudança à Anfield, optando pela ida ao Stamford Bridge.
Todavia, a situação envolvendo Moisés Caicedo era diferente, afinal, o Chelsea já planejava a contratação do meio-campista equatoriano desde o início do ano. Não à toa, recentemente o Brighton havia rejeitado uma proposta de 80 milhões de libras enviada pelo clube do oeste de Londres.
Por outro lado, com os cofres abastecidos pelos 52 milhões de libras recebidos pelas vendas de Jordan Henderson e Fabinho, o Liverpool foi extretamente agressivo em busca de Moisés Caicedo oferecendo ao Brighton uma oferta de 111 milhões de libras que, inclusive, quebraria o recorde de transferências da história do clube dezenove vezes campeão inglês.
Mas toda a empolgação gerada pela ambiciosa postura do Liverpool sucumbiu assim que o Chelsea apresentou uma contra-proposta de 115 milhões de libras por Moisés Caicedo, aprovada de imediato tanto pelo Brighton, quanto pelo atleta que há sete meses flertava com os Blues.
Moises Caicedo is a Blue! 🔵
— Chelsea FC (@ChelseaFC) August 14, 2023
À vista disso, essas duas “derrotas” para o Chelsea no mercado da bola geraram um clima de enorme frustração pelos lados de Anfield e, o pior, aumentaram demasiadamente a pressão sobre os Reds a duas semanas do encerramento da janela de transferências, o que dificultará ainda mais a contratação de um meio-campista pelo fato dos adversários saberem da extrema necessidade do Liverpool.
Ainda assim, Jurgen Klopp trabalha com a hipótese da chegada de um dos integrantes da extensa lista de possíveis reforços entregue à diretoria, onde constam os nomes de Wataru Endo, do Stuttgart, Ryan Gravenberch, do Bayern de Munique, Cheick Doucouré, do Crystal Palace, Boubacar Kamara, do Aston Villa, e André, do Fluminense.
Seja como for, essa dificuldade do Liverpool em reestruturar o meio de campo é fruto do atraso do próprio clube. Em 2021, por exemplo, os ingleses deixaram escapar a grande oportunidade de trazer Aurélien Tchouaméni, à medida que no ano seguinte desistiram facilmente da corrida por Jude Bellingham, ao contrário do Real Madrid, que não poupou esforços para adquirí-los. Deste modo, Jurgen Klopp teve de se contentar com o chegada de Arthur, que esteve em campo míseros 13 minutos na temporada anterior, contratado via empréstimo no último dia da janela do verão europeu.
Logo, faltou ao Liverpool compreender as novas diretrizes do mercado do futebol, onde investir tornou-se indispensável para a evolução do nível técnico e de competitividade dos clubes, acima de tudo os grandes, vide o seu rápido êxito nas negociações envolvendo Alexis Mac Allister e Dominik Szoboszlai pelo montante de 95 milhões de libras.
Portanto, se o sucesso dos Reds nos últimos anos foi construído através da estabilidade e do recrutamento astuto, daqui adiante eles ainda precisarão ser capazes de igualar o poder de compra de alguns de seus rivais, canalizando seus recursos com total sabedoria, quer dizer, algo pra lá de complexo em virtude do buraco em que o Liverpool se meteu na quinzena final do término da janela.